4. Pesadelo esquecido.

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A noite estava fria, um frio que parecia rastejar pela pele dela e se enraizar em seus pequenos ossos

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A noite estava fria, um frio que parecia rastejar pela pele dela e se enraizar em seus pequenos ossos. A escuridão se espalhava como uma mancha de tinta negra no céu, engolindo as estrelas, deixando apenas o som distante do vento que soprava pelas ruas de Townsville... Mas esse não era o vento comum que costumava acariciar seu rosto nas brisas noturnas, esse era gélido, cortante, como lâminas invisíveis que penetravam em sua alma.

A garota franziu o cenho, confusa. Tudo ao seu redor parecia estranho, mas, de alguma forma, também inquietantemente familiar. Ela tentou focar nos detalhes ao seu redor, mas era como se o mundo estivesse coberto por uma névoa densa e opressiva, distorcendo os contornos do que deveria ser conhecido. As sombras se alongavam de maneira grotesca, contorcendo-se em formas que pareciam ganhar vida própria. Cada som era abafado, como se o ar estivesse pesado demais para que qualquer ruído o atravessasse completamente.

Ela não sabia como havia parado ali. A última coisa de que se lembrava era de ter ido dormir em sua cama, sob o cobertor macio azul bebê, com seu ursinho polvi que sempre a acalmava. No entanto, agora estava ali, em um lugar onde o céu era de um vermelho escuro e ameaçador - Ela reconhecia os tons -, Como se estivesse prestes a chover sangue, e o ar parecia carregar um cheiro metálico, enjoativo, que impregnava suas narinas.

Tudo a lembrava vividamente a cor vermelha que corria em todos os seres viventes do planeta. - Exceto as plantas, é claro. -

Seu coração começou a bater mais rápido, um tamborilar frenético contra suas costelas. O medo começava a formar um nó apertado em seu estômago, subindo até sua garganta como uma mão invisível que tentava sufocá-la. O terror não era apenas o que via ou ouvia, mas uma presença palpável, algo que se enraizava em seu peito, apertando, apertando até que ela mal conseguisse respirar. E pelos céus, ela sentiu-se como se tivesse com cinco anos e esquecesse que era uma super-poderosa.

As árvores ao seu redor - se é que se podia chamar aquelas formas retorcidas e cadavéricas de árvores - pareciam observá-la. Cada galho, uma garra disforme, estendia-se em sua direção, como se quisesse agarrá-la, aprisioná-la naquele pesadelo sem fim. Ela sentia o chão sob seus pés lamaçento, cinza afundando, sugando-a para baixo, como se a terra estivesse viva e desejosa de devorar tudo o que encontrasse.

Ela estava sozinha. Sentia isso de forma tão intensa que parecia que o próprio mundo a havia abandonado. A lama sob seus pés estava gelada - Ela lembrava claramente que havia ido se deitar com meias em seus pés, entretanto estava descalça. - o ambiente ao redor estava esquisito como se a vida tivesse sido drenado dele, e a névoa densa que se espalhava a seus pés fazia com que cada passo fosse um desafio, como se ela estivesse andando em um pântano invisível. A angústia apertava seu peito com força, uma sensação que ia além do medo comum - era um terror primordial, visceral, que fazia com que cada batida de seu coração ecoasse como um tambor de guerra dentro de seu corpo.

Ela tentou controlar a respiração, a mente lutando para encontrar uma saída daquele pesadelo que parecia real demais. Mas cada inspiração só trazia mais frio, mais desespero, como se o ar estivesse impregnado de um veneno invisível que minava sua força de vontade. As sombras ao redor dela pareciam se mover, dançar de uma maneira que não fazia sentido, como se tivessem vida própria.

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