XXXI - A ausência de um navegador estelar

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Ele navegava à deriva nas águas da loucura, 
Pois foi exilado de sua própria terra, 
Agora era um viajante estelar perdido, sem mapa, sem destino.

Mas, em parte, a culpa lhe pertencia, o pobre sempre foi uma presença ausente. 
Não por desdém ou decisão própria, mas porque a normalidade 
escorria por entre seus dedos como grãos de areia. 
Jamais soube tecer vínculos, surgia e desaparecia, 
como um fantasma que desliza pelas paredes, 
nunca deixando um rastro, nunca se enraizando. 

Justificativa: cresceu em solidão, 
preso em uma caixa sufocante,
Coberta por espinhos, 
onde o único som permitido 
era o da sua própria respiração. 
Ouvir? Ele dominou com perfeição. 
Mas falar? Jamais.

E, mesmo velho, carregando o peso 
de anos que não foram vividos, 
ele sonha. 
Sonha com um universo 
onde suas ausências não ferem, 
onde ele pode ser quem quiser ser. 
Um lugar onde sua ansiedade seja apenas um sussurro esquecido, um eco distante.

Porque, no fundo,
Ele sabia:
É melhor ser ausente 
do que sofrer pela ausência. 
Melhor ser um alien, 
invisível em seu próprio planeta, 
do que tentar, em vão, 
encaixar-se em um molde que jamais será seu.

🦋

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