Capítulo 5

105 9 2
                                    

Assim que Kento entrou no escritório, o ambiente ficou tenso. Todos os funcionários sentiram a mudança de humor no ar, como se uma nuvem negra tivesse se instalado sobre o local. Seus olhos estavam sombrios, e a raiva emanava de seu corpo como uma aura que afastava qualquer um que se aproximasse. Ele não se importava com os olhares curiosos ou com o sussurro abafado dos colegas. Nada mais importava além da fúria que o consumia.

Ao entrar na sala, Kento encontrou Geto, sentado à sua mesa, com um sorriso satisfeito. Isso só serviu para inflamar ainda mais sua ira. Ele avançou sobre Geto, batendo com força na mesa e fazendo todos os objetos sobre ela tremerem.

Kento: (gritando) Por que diabos você ameaçou S/N? Por que você tirou o emprego dela? Por que está destruindo a vida dela, seu desgraçado?

Geto: (calmamente, sem perder o sorriso) É simples, Kento. É o melhor para você. Com medo, ela não vai tentar nada contra você. Estava só... protegendo seus interesses.

Kento: (rosto contorcido de raiva) Ela está grávida, Geto! Grávida de mim! O que ela carrega é o fruto de algo terrível, algo que nunca deveria ter acontecido! E agora... é provável que ela nunca ame essa criança!

Geto: (com desdém) Então vamos pagar para ela abortar. Resolva logo isso antes que piore.

Kento: (gritando) NÃO! Ninguém vai tirar essa criança! Eu não vou deixar!

Geto: (arqueando uma sobrancelha, desdenhoso) E o que você pretende fazer, Kento? Criar essa criança? Adotá-la? Você enlouqueceu?

Kento: (com os olhos ardendo de raiva e culpa) Talvez eu tenha enlouquecido! Estou ficando louco de remorso, de culpa! Eu não consigo dormir, eu não consigo pensar em mais nada! Tudo o que eu quero é uma maneira de apagar o que fiz... Sinto vontade até de morrer, de tão imundo que me sinto!

Geto: (rindo, desprezível) Isso é natural do homem, Kento. Nós cometemos erros, e seguimos em frente. Você está exagerando, é só uma mulher...

Kento: (esbravejando, quase fora de si) Cale a boca! Como ousa falar assim? Eu arruinei a vida dela! Como vou me perdoar por isso? Como vou olhar no espelho e não ver um monstro?

Geto: (ainda rindo, mas com um tom mais cruel) Ah, por favor, Kento. Pare de ser tão melodramático. Você acha que se seu pai estivesse vivo, ele ficaria desse jeito? Ele lidaria com isso de forma prática. E você, com essa sua culpa patética, está apenas desonrando o nome da família.

Kento: (com a voz rouca, cheia de ódio) Meu pai... jamais me perdoaria pelo que fiz. Ele me odiaria... E com razão. Eu mereço isso. Mas você... Você é ainda pior, Geto. Você só quer me destruir, não é? Eu sei disso!

Geto: (cruzando os braços, frio) Destruir você? Não precisa. Você já está se destruindo sozinho. Eu só estou aqui para garantir que não vá fazer nada estúpido.

Kento: (gritando, descontrolado) Vai se foder, Geto! Você não passa de um verme nojento! Eu não preciso de você para me destruir, como você disse! Eu estou fazendo isso sozinho, mas não vou deixar você decidir o destino dessa criança. Nem que eu tenha que suportar todo o inferno que criei, vou fazer isso sem sua interferência!

Geto: (levantando-se, olhando-o com desprezo) Você está fora de si, Kento. Não vê que está se afundando em um abismo? Se continuar assim, não haverá mais nada de você para salvar.

Kento: (respirando pesadamente, com os punhos cerrados) Não me importa! Eu não estou mais tentando me salvar, Geto. Estou tentando encontrar um mínimo de redenção para aquilo que destruí.

Geto: (com um sorriso cínico) Redenção? Não seja tolo. Não existe redenção para o que você fez. Você já perdeu.

Kento: (com os olhos cheios de ódio) Eu sei que perdi, mas não vou permitir que você tome decisões sobre o que resta da minha vida! Eu vou enfrentar isso, de um jeito ou de outro, e você não vai me impedir. Se tentar alguma coisa contra S/N ou contra essa criança, eu mesmo vou acabar com você, entendeu?

Geto: (rindo, sem se abalar) Você está delirando, Kento. Mas eu não tenho medo de você. Nunca tive. Então, boa sorte com essa sua jornada patética de redenção. Vamos ver até onde isso vai te levar.

Kento: (com a voz sombria, repleta de determinação) Longe de você, Geto. Longe de tudo o que você representa.

Geto: (com um olhar de desprezo) Vou esperar para ver. E quem sabe, quando você falhar, eu ainda estarei aqui para te assistir cair de vez.

Kento não respondeu. Com um olhar de puro desdém, ele se virou e saiu do escritório, batendo a porta com força.

A Escolhida Onde histórias criam vida. Descubra agora