Capítulo 8

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S/N passou a noite inquieta, revirando-se na cama enquanto os eventos do dia anterior passavam repetidamente pela sua mente. A imagem de Ayla, sorridente, conversando com aquele homem, a deixava desconfortável. Algo não estava certo, e a desconfiança começou a crescer dentro dela. O pior foi quando, ao chegar em casa, ela viu Ayla esconder algo no bolso: comprimidos. A dúvida a corroía. Para que eram aqueles comprimidos? Será que Ayla tinha alguma intenção de fazer mal a ela e ao bebê?

Decidiu que precisava tomar uma decisão. A situação estava insuportável, e a única pessoa que parecia estar disposta a protegê-la, por mais contraditório que isso fosse, era Kento. Mesmo após tudo o que ele fez, ele demonstrava arrependimento. E agora, S/N não sabia em quem confiar.

Durante a madrugada, sentindo-se vulnerável e desesperada, pegou o telefone e, com mãos trêmulas, ligou para Kento. Ele atendeu no segundo toque, com a voz baixa e cansada.

Kento: (sua voz carregada de cansaço) S/N?

S/N: (tentando manter a voz firme, mas com um tremor evidente) Kento... eu... eu pensei melhor sobre tudo.

Kento estava sentado na beirada da cama, encarando a parede com um olhar vazio. Ele não conseguia dormir há dias. A culpa o devorava por dentro, e a única coisa que ele conseguia fazer era pensar em como consertar o estrago que havia causado.

Kento: (com a voz rouca) Eu não paro de pensar em você... em tudo o que eu fiz. Eu sou um monstro, S/N.

S/N: (engolindo em seco, tentando esconder a vulnerabilidade em sua voz) Eu vou casar com você, Kento.

Ele ficou em silêncio, processando as palavras. Era o que ele queria, mas de repente, a realidade do que isso significava o atingiu com força.

Kento: (quase em um sussurro) Você... você está falando sério?

S/N: (determinada, mas ainda assustada) Sim. Mas tem uma condição. Você pode fazer o que quiser... pode me dar essa tal de estabilidade que tanto fala, mas... (a voz dela falha) ...eu não quero que você me toque. Nunca mais.

Kento sentiu um aperto no peito. Ele sabia que suas ações tinham consequências, mas ouvir isso de S/N, ouvir que ela o via como um monstro ao ponto de não querer ser tocada por ele, era mais do que doloroso.

Kento: (com a voz quebrada) Eu... eu entendo. Eu prometo que nunca vou te tocar, S/N. E... (ele respira fundo) depois que eu garantir que você e o bebê estejam seguros, eu vou me entregar à polícia. Vou pagar pelo que fiz.

S/N sentiu uma pontada de alívio, mas o medo ainda a consumia. Ela sabia que Kento estava falando sério, mas parte dela ainda não conseguia confiar completamente nele. No entanto, era a única opção que lhe restava.

S/N: (tentando controlar a voz) Você pode fazer o que quiser, Kento. Só não me toque. Eu... eu nunca vou esquecer o que você fez.

Kento: (com a voz pesada de arrependimento) Eu sei, S/N. E eu não te culpo por isso. Eu nunca vou me perdoar também. Só quero garantir que você e o nosso filho estejam seguros. Depois disso, eu farei o que for preciso para pagar pelos meus erros.

S/N: (com a voz mais suave) O que você fez foi horrível, Kento... mas eu vejo que você está realmente arrependido. Isso não muda o que aconteceu, mas... (ela hesita) talvez seja o que precisamos fazer. Pelo bebê.

Kento: (mais determinado, mas com um tom amargo) Eu nunca pensei que me veria nessa posição. Sempre fui um homem de princípios, alguém que honrava os valores que meu pai me ensinou. Mas olha onde eu estou agora, S/N... Eu sou uma vergonha. Mas vou consertar isso, nem que seja a última coisa que eu faça.

S/N: (com uma mistura de sentimentos) Só... só não faça nada precipitado. Precisamos pensar no bebê agora. Eu vou me casar com você, mas... (ela engole em seco) eu ainda te vejo como alguém de quem preciso me proteger.

Kento sentiu um nó na garganta ao ouvir isso. Cada palavra dela era como uma facada, mas ele sabia que merecia. Ele nunca quis ser o homem que ela temesse, mas agora ele era.

Kento: (quase implorando) Eu sei que você me odeia agora, S/N. E com razão. Mas eu vou fazer tudo o que puder para te proteger, mesmo que você nunca consiga me perdoar.

S/N: (com a voz baixa) Eu não sei se um dia vou conseguir te perdoar, Kento. Eu... (ela hesita) ...só quero que tudo isso acabe.

Kento: (com um suspiro pesado) Vai acabar, S/N. Eu prometo que vai. Só me dá um tempo para arrumar tudo. Depois... depois eu vou embora. Você nunca mais vai precisar me ver.

S/N: (sentindo uma pontada de tristeza, apesar de tudo) Não sei o que vai acontecer daqui para frente, Kento. Mas uma coisa eu sei... nada será como antes.

Kento: (com a voz embargada) Eu não espero que seja, S/N. Só quero que você fique bem.

S/N desligou o telefone, sentindo-se emocionalmente exausta. Ela sabia que as próximas semanas seriam as mais difíceis de sua vida, mas tinha que se manter firme. Por ela e pelo bebê.

Kento, por outro lado, continuou sentado na cama, olhando para o vazio. Suas palavras ecoavam em sua mente, e ele sabia que o caminho à frente seria longo e doloroso. Mas ele estava decidido a fazer o que era certo, mesmo que isso significasse perder tudo.

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