O Eco da Tempestade

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O vento uivava através das torres de Pedra do Dragão, o mar revolto quebrando-se com fúria contra as rochas negras. Lucerys Velaryon, de pé junto à janela de uma sala, observava as ondas, seus pensamentos tão tempestuosos quanto o oceano. Havia algo no ar, um pressentimento sombrio que fazia o jovem príncipe sentir um arrepio percorrer sua espinha.

Ele não deveria estar ali, ele sabia. Pedra do Dragão sempre pareceu mais a casa de seu padrasto, Daemon, do que a sua. Mas desde a tragédia em Pouso da Gralha, Lucerys se refugiava ali, longe dos olhares julgadores e das intrigas da corte. Todos os sussurros, todos os olhares. Ele sentia o peso da culpa, mesmo que soubesse que não era o único a carregar esse fardo.

Lá fora, o céu escurecia, nuvens negras giravam como um prenúncio de tempestade. O cheiro de chuva estava no ar. Era um cheiro familiar, o mesmo que o acompanhou durante a fatídica noite em que tudo mudou.

Um bater suave na porta interrompeu seus pensamentos. Ele se virou, os olhos castanhos encontrando os de sua mãe, Rhaenyra. Ela parecia cansada, as linhas de preocupação marcando seu rosto de maneira mais profunda do que ele se lembrava.

— Lucerys — disse ela, sua voz suave, mas firme. — Há alguém aqui para te ver.

Seu coração saltou uma batida. Ele sabia, antes mesmo de ela terminar de falar, quem seria.

Aemond Targaryen.

O nome era uma ferida aberta, um eco de tudo que ele tentou esquecer. Mas como esquecer alguém que se tornou parte de suas noites mais escuras e de seus pesadelos mais profundos?

— Mãe, eu... — ele começou, mas ela apenas assentiu, um entendimento silencioso entre eles.

— Eu estarei aqui, esperando — prometeu ela, antes de sair da sala, deixando-o sozinho com seus pensamentos por mais um instante.

Lucerys respirou fundo, tentando acalmar o tumulto em seu peito. Quando a porta se abriu novamente, o silêncio era tão espesso que parecia que o próprio ar tinha sido congelado.

Aemond entrou, seu rosto inexpressivo, mas seu olho, aquele olho violeta que sempre o encararam com uma mistura de desprezo e algo mais profundo, o fixaram de imediato. Ele estava diferente, mais magro talvez, ou talvez fosse apenas o peso dos acontecimentos que o fazia parecer menor, mais humano.

— Lucerys — disse Aemond, sua voz baixa, mas firme. — Precisamos conversar.

Os dois ficaram em silêncio por um momento, o som da tempestade crescendo lá fora, como se o próprio mundo estivesse esperando pelo desfecho daquele encontro.

— Não há nada a dizer — Lucerys finalmente respondeu, sua voz tão fria quanto a sala que os cercava.

Aemond deu um passo à frente, sua expressão endurecendo. — Há muito a dizer. Nós dois sabemos disso.

— O que você quer de mim? — Lucerys se sentiu cansado, como se o peso do mundo estivesse sobre seus ombros.

Aemond não respondeu de imediato. Ele olhou para Lucerys como se estivesse vendo através dele, das mágoas, além das cicatrizes que ambos carregavam. Quando finalmente falou, sua voz era um sussurro, quase inaudível.

— Eu quero o que sempre quis, Lucerys. Quero o que foi tomado de mim.

Os olhos de Lucerys se arregalaram com a confissão, mas antes que ele pudesse reagir, Aemond deu mais um passo à frente, seu rosto agora tão perto que Lucerys podia sentir o calor de sua respiração.

— Quero que você me entenda, que veja que somos mais parecidos do que você pensa.

O silêncio que se seguiu era pesado, carregado de uma tensão que só crescia a cada segundo. A tempestade lá fora finalmente desabou, a chuva batendo contra as janelas como uma música fúnebre.

Lucerys não sabia o que dizer. Tudo o que ele queria era afastar aquele sentimento, aquela conexão indesejada com Aemond. Mas algo o impedia. Algo dentro de si o mantinha preso, incapaz de negar o que, no fundo, ele sempre soube.

— Eu te odeio, Aemond — sussurrou ele, sua voz trêmula, mas firme. — Eu te odeio pelo que você fez.

Aemond não recuou. Pelo contrário, ele se aproximou ainda mais, seu olho ardendo com uma intensidade que Lucerys nunca havia visto antes.

— E eu te odeio, Lucerys — respondeu ele, sua voz fria como o aço. — Mas também não consigo parar de pensar em você.

As palavras pairaram no ar entre eles, uma confissão mútua de ódio e algo mais, algo que eles nunca ousaram nomear.

Antes que qualquer um deles pudesse reagir, a porta se abriu abruptamente, revelando Daemon Targaryen, com os olhos estreitos de desconfiança.

— Está na hora de acabar com isso — disse Daemon, sua voz cortante. — Lucerys, saia. Aemond, é melhor você pensar bem no que pretende fazer.

O feitiço entre os dois foi quebrado, mas a tensão permaneceu. Lucerys olhou para Aemond uma última vez antes de sair, sem dizer mais uma palavra.

Mas enquanto ele se afastava, sentiu que algo havia mudado entre eles. Algo que não poderia ser desfeito. Algo que, como a tempestade lá fora, estava apenas começando.

 Algo que, como a tempestade lá fora, estava apenas começando

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É isso amores. Espero que tenham gostado!

Já tenho um cronograma de postagem e capítulos prontos.

XOXO 💋

Flames of the Glory- LucemondOnde histórias criam vida. Descubra agora