Abertura

644 52 40
                                    


Volteeeiii

Curtam e comentem!







É impressionante como quanto mais você precisa correr, mais tudo ao seu redor parece caminhar em marcha lenta. Henrique acordou atrasado naquela segunda-feira. Quando saiu da cama, encontrou a casa vazia: Sheilla e Ninna com certeza já haviam saído, e como a esposa não andava fazendo questão nenhuma de dividir o quarto com ele... Aquilo já vinha lhe irritando de uma maneira absurda. Queria poder encontrar com sua mulher e lhe exigir as explicações sobre a ida até a galeria de Gabriela e sobre aquela foto ridícula de Ninna com a artista na revista.

Sua raiva se tornava quase homicida quando pensava que Sheilla lhe negara sua companhia para poder estar no mesmo ambiente que a sua ex. E lhe deixava mais colérico ainda saber que era Gabriela sempre por perto, Gabriela sempre ali, rondando como um urubu.

Gabriela, Gabriela, Gabriela! A simples menção do nome da Guimarães lhe dava nos nervos. Sequer tomou café. Tomou uma ducha rápida, pegou a primeira camisa e o primeiro paletó que encontrou no guarda-roupas e rumou para seu primeiro compromisso do dia. Colégio Grupo.

Deu graças a Deus ao perceber logo de cara que Gabi não estava por ali. Seu dia já começara ruim, não queria piorá-lo. Encontrou foi com Ninna assim que passou pelo portão de entrada. Talvez, por pouco, não cruzou com Sheilla também.

- Papai! - a menina correu até ele, que se abaixou para recebê-la em um abraço - O que você está fazendo aqui? A mamãe veio me deixar.

- Ei, meu amor - afagou os cabelos da criança - Eu vim a trabalho. O papai vai encontrar com a tia Carol pra falar de coisa de advogado. Você está precisando de alguma coisa?

- Não. Estou esperando a tia chegar - ela se referia à professora.

- Certo - Henrique assentiu - Bom, então deixa o papai ir que tem gente esperando por ele. Fica bem, presta atenção na aula. Me dá um beijo aqui - foi envolvido pelos bracinhos de Ninna, que deixou um beijinho estalado na bochecha dele - Bom dia, filha.

- Bom dia, papai - Ninna se separou dele e correu Grupo a dentro. O sinal havia tocado indicando o começo da primeira aula do dia.

Suspirando, Henrique se dirigiu até a diretoria. Se anunciou e quando passou pela porta, encontrou com Carol sentada em sua mesa - graças a Deus ela ocupava seu lugar agora e não Gabriela - Paulo e a Célia do caixa. Nem sinal de Gabi. Menos mal.

- Bom dia - cumprimentou os presentes.

- Bom dia, Henrique - Carol estendeu a mão para ele - Você marcou logo cedo, algum problema?

- Nenhum, Carol. Na verdade, acho que trago soluções. É sobre as planilhas da escola - anunciou e mostrou a pasta que carregava debaixo do braço.

- Oi, oi, oi. Bom dia - a voz rouca de Gabriela fez Henrique se segurar para não revirar os olhos. Mais um pouco e não conseguiria esconder seu descontentamento na presença da artista - Ou nem tão bom assim - ela acrescentou baixinho quando viu o advogado parado no centro da sala.

- Bom dia, Gabi. O Henrique trouxe as planilhas de volta - Carol explicou, o que arrancou um arquear de sobrancelhas da irmã. Por aquele assunto, ela se interessava.

- Ótimo. E o que você tem a dizer pra gente? - Gabi emendou. Não queria rodeios. Não ali, não sobre aquele assunto.

- Eu tenho é que pedir desculpas, isso sim - ele falou como em um lamento, o que a Gabi não soou nem um pouco sincero - De fato havia erros nas planilhas, Carol, e a responsabilidade é de um membro da minha equipe de contabilistas.

Mil Acasos - SheibiOnde histórias criam vida. Descubra agora