Todo artista precisa de uma musa

407 35 11
                                    


Mais um capítulo!

Curtam e comentem para eu saber se vocês estão gostando.




Inspirar, expirar, inspirar, expirar. Era esse o exercício que Gabi mais vinha fazendo nos últimos tempos e naquela manhã não podia ser diferente. Sua cabeça latejava como se tivesse batendo um tambor dentro dela, seu corpo inteiro doía e seu estômago... esse talvez nem existisse mais. E lhe faltava ar. Lentamente, e com um esforço sobre humano, ela abriu os olhos, sentia como se tivesse a consistência de uma gelatina. Daquelas bem moles mesmo. Mas conseguiu se sentar. Ótimo, seu corpo ainda respondia aos comandos de seu cérebro.

Esfregou o rosto para tentar acordar, com um gemido arrastado, saiu da cama. No banheiro, ela colocou para fora tudo que vinha lhe causando mal-estar. A maior parte era álcool. Ainda gemendo, foi se arrastando para o box do chuveiro e quando a água gelada tocou sua pele, só não gritou porque nem forças tinha para isso. Nem sabe quanto tempo ficou lá embaixo, mas quando saiu de lá, ao menos já estava livre da tontura.

Colocou um moletom, uma camisa larga, seus chinelos e saiu se arrastando pela casa. Seu estômago deu uma cambalhota quando encontrou com Elaine sustentando uma expressão nada amigável, a postura impecável no sofá da sala. A mulher lhe analisou de cima a baixo e a cara que fez exprimiu puro desgosto. E cansaço.

- Pensei que ia ter que chamar os bombeiros pra ir te tirar daquele quarto. Ou a funerária.

Gabi deu mais três passos e se jogou no sofá, ainda gemendo. Leide passou pela porta da cozinha levando uma bandeija com salada de frutas para Elaine.

- Meu Deus, Gabi... Você está acabada, menina - comentou - Eu vou pegar um remédio.

E retirou-se da sala. Gabi murmurou um "Valeu, Leidoca" e cobriu os olhos com as mãos. A claridade não estava lhe fazendo bem.

- Eu sabia que tinha algo errado... Quando vi a Naiane e a Roberta saindo daqui ontem, eu senti que você tinha feito besteira. Aliás, o pressentimento começou bem antes, quando eu te liguei seis vezes e você não atendeu uma sequer - Elaine começou a ralhar - Gabi, minha filha, eu não acredito que vou ter que passar por tudo de novo. Assim não dá...

- Mãe, a senhora pode falar um pouquinho mais baixo? Minha cabeça está doendo.

- Eu falo da altura que eu quiser e você vai me ouvir! - Elaine alterou a voz de propósito. Gabi gemeu e se encolheu - Uma mulher de 25 anos, feita na vida, agindo como uma adolescente rebelde. Descontando na bebida, caindo pelos cantos... Eu me recuso a acreditar que você voltou pra isso.

- Eu não voltei pra isso e a senhora sabe muito bem - arranjou forças para rebater - Eu tive meus motivos.

- Ver sua ex com a família?

"Sua ex..." Gabi nem se deu ao trabalho de objetar. Elaine tinha razão. E Sheilla era sua ex por culpa dela mesma.

- Vai ser assim toda vez que encontrar a Sheilla? Vai beber até cair? Se acabar desse jeito? - Elaine continuou o sermão - Sete anos depois e as mesmas atitudes, eu realmente não consigo entender, Gabriela. As pessoas, elas evoluem, mas você parece que dá um passo pra frente e dois pra trás.

- A senhora está me chamando de imatura? - Gabi se empertigou. Leide entrou na sala trazendo o remédio e um copo de água.

- Madura que não é, né, Gabi - a mulher comentou. Gabi a mirou embasbacada.

- Até você, Leide? - sentou-se no sofá a muito custo.

- Eu vejo os fatos, Gabi, desculpa - a mulher se calou e ficou parada ali feito um dois de paus.

Mil Acasos - SheibiOnde histórias criam vida. Descubra agora