A memória, a história, o esquecimento.

07- consolo(R)

Kevin ainda guardava a caixa que Tetsuji havia deixado para ele após a primeira "morte" de Riko. Lá dentro estavam as poucas roupas de Riko e outras coisas que, no Ninho, seriam consideradas desnecessárias, mas que ele havia dado ao amigo quando eram crianças. Kevin deitou-se na cama e continuou bebendo, percebendo que precisava urgentemente de terapia.

Neil deu um chute certeiro na virilha de Lúcifer. Ele não estava só bravo, estava furioso. Esse cara havia destruído completamente a noite perfeita que ele teria com Drew.

— Sua maldita vadia, valeu a pena tudo o que você fez com ele?! Você não tinha o direito! Eu tinha! Muitas pessoas tinham! Mas você seria o último a ter esse poder em mãos.

Sua raiva aumentou quando viu Lúcifer sorrir.

— Valeu cada segundo. Você deveria ter visto ele chorando; foi lindo.

Neil já o tinha visto chorar e, no fundo, achava irônico, pois nunca acreditou que Riko fosse capaz de chorar. Jean já tinha visto, Kevin já tinha visto, e muitos fãs de Riko também testemunharam. Alguns ficaram irritados com suas ações nos jogos, enquanto outros tentaram justificar aquilo como algo normal ou provocativo. Mas foi um choro merecido. Neil acreditava que talvez não estaria vivo se não fosse por seu herói favorito, o querido Drew. Só pensar em Andrew fazia Neil sorrir, como um bobo apaixonado. Essa lembrança o enraiveceu ainda mais, e ele chutou o rosto de Lúcifer.

— Você estragou minha lua de mel! Eu poderia estar agora com meu namorado, com meu gato, escolhendo nossa casa própria! Mas não, você tinha que estragar tudo! SIM, EU JÁ VI ELE CHORANDO! E farei você chorar também. Vou te fazer implorar por misericórdia e, quando isso acabar, vou cortar o que você tem entre as pernas. Você não é digno de ser um homem!

Ao ouvir essas palavras, os olhos de Lúcifer se arregalaram. Nathaniel possuía o temperamento de seu pai, e sua fúria transbordava. Ele imaginou como Riko Moriyama estaria chorando durante o abuso de Lúcifer, e a lembrança fez ressurgir seu ódio acumulado. Pensou em Draken e nos abusadores de Jean. Precisava se acalmar.

Nathaniel pegou rapidamente um cutelo e cortou o tornozelo de Lúcifer, que imediatamente começou a gritar de dor, tentando estancar o sangue com a mão. Nathaniel então pisoteou a ferida e desferiu mais um chute no rosto de Lúcifer.

Dos dois homens que Ichiro havia designado para a missão, um estava do lado de fora, fazendo guarda, enquanto o outro assistia tudo pela porta, preparado para agir caso Lúcifer tentasse fugir — o que ele duvidava. Conhecia o temperamento de Nathaniel e sentia-se honrado por testemunhar aquela cena ao vivo.

Nesses momentos, Nathaniel desejava contar com Aaron, a "cópia malfeita" de seu namorado. Ele sabia que Andrew nunca permitiria, mas suspeitava que Aaron aceitaria a proposta certa, por uma boa quantia em dinheiro. Lúcifer poderia se considerar sortudo; Nathaniel queria resolver tudo até o amanhecer para voltar aos braços musculosos de seu namorado.

O segurança que estava na porta estava tão entusiasmado assistindo à cena que se surpreendeu quando Nathaniel o chamou.

— Preciso de sua ajuda. Vamos colocá-lo na mesa e amarrá-lo.

Nathaniel ergueu uma sobrancelha ao ver o homem ao seu lado em um segundo. Geralmente, os capangas de Ichiro mantinham uma expressão séria, mas este parecia conter um sorriso, mordendo os lábios para não sorrir abertamente. Estava realmente animado, como um cachorro pronto para brincar.

Demorou um pouco para amarrarem Lúcifer na mesa, não por causa de seu tamanho, mas porque ele não parava quieto, como se tivesse fogo no corpo. Irritado, Nathaniel acabou quebrando a perna direita dele. Nathaniel não se importava em torturar pessoas, mas Neil sim. Ele odiava ter que fazer aquilo. Poderia estar em casa, nos braços de Andrew, seu verdadeiro lar, mas não, estava ali, torturando um idiota.