Quando as notícias chegaram a Ichiro de que seu suposto irmão estava vivo, ele não acreditou. Era impressionante que seu irmão tivesse sobrevivido a um tiro na cabeça. Sentiu que deveria ter atirado mais naquele idiota, mas a piedade em seu coração o impediu. Seu irmão merecia coisas bem piores, mas ele não desejava isso; queria que fosse uma morte rápida e fatal. Não queria causar dor a um irmão que ele só conhecera aos vinte anos. Mas, aparentemente, seu irmão gostava de surpreender, e agora Ichiro precisava encontrá-lo. Sendo chefe da máfia, ordenou que rastreassem a localização de Riko. Ele tinha contatos na investigação do suposto desaparecimento de Riko, e logo começaram a espalhar cartazes sobre o desaparecimento dele e a noticiar isso na TV.
Ichiro não sabia o que faria quando visse seu irmão novamente. Deveria matá-lo de novo? Poderia cuidar de Riko? Ele tinha várias opções: podia usar Riko para ganhar mais dinheiro, mas sempre acabava imaginando uma forma de cuidar dele. Não deveria sentir nada pelo irmão, já que não se conheciam, mas ainda assim queria encontrá-lo e eliminar quem quer que o tivesse sequestrado.
Lembrou-se de que, um dia antes, pedira a Neil, também conhecido como Nathaniel, que encontrasse Riko e o trouxesse vivo e inteiro. Não sabia o que passava pela cabeça do Júnior, além de exy e Andrew. Neil ainda tinha o sangue de Nathan e, às vezes, podia perder o controle, mas confiava que ele cumpriria a tarefa.
Mal sabiam que um senhor de idade, de certa forma, seria a salvação e o fim de Riko. Esse senhor, de nome Estácio, foi até a delegacia mais próxima após ver o noticiário sobre o desaparecimento de Riko Moriyama.
— Eu o vi passando em frente à minha casa e depois voltando para uma casa amarela. — Estácio relatou. Ele disse ter visto Riko voltando para casa com roupas um tanto indecentes para se andar na rua. Quando pediu-se que descrevesse as roupas, ele confirmou serem as mesmas que Kevin relatara ter visto Riko usando.
O senhor explicou que demorou para vir porque estava em dúvida e porque o bairro onde morava não tinha uma delegacia próxima. No entanto, ele se lembrava claramente do rosto abalado de Riko, que parecia perdido. Descreveu o homem que morava na casa como alguém muito bonito, com um charme único. Disse não saber onde ele trabalhava, mas o via frequentemente usando um jaleco branco.
Os policiais ouviram tudo e, sem divulgar o andamento da investigação à imprensa, foram até a casa indicada e bateram à porta. Após várias batidas, finalmente foram atendidos por um homem sorridente chamado Lúcifer.
— Olá, senhores policiais. Em que posso ajudar?
— Temos um mandado para revistar a sua casa. O senhor possui algo ilegal aqui? — perguntaram os policiais. Lúcifer pareceu pensar por um instante e então negou com a cabeça, o que causou suspeita. Pediram que ele fosse à frente e ficasse em seu campo de visão, e ele concordou.
Os policiais começaram a revistar a casa, procurando por Riko, mas não o encontraram. Passaram então a procurar por porões ou sótãos. Primeiro, encontraram o porão, um lugar suspeito, mas Lúcifer explicou que guardava algumas "coisas particulares" ali. Nada ainda de Riko. Finalmente, acharam um sótão. Um dos policiais subiu primeiro e, em seguida, pediram que Lúcifer subisse também. Enquanto ele subia, "tropeçou" acidentalmente em um dos policiais, mas logo se recompôs e pediu desculpas pelo descuido.
Enquanto um dos policiais observava seu parceiro subir, Lúcifer olhava para um canto da sala, onde algo estava escondido sob um lençol branco. Ele nunca imaginara que chegariam tão perto. Fizera tudo certo para ocultar Riko... ele sempre estaria ao seu lado, sua aparência imutável, vivendo para sempre com ele.
Os policiais começaram a inspecionar o sótão, mas Lúcifer pulou para fora, levantou as escadas e os trancou lá em cima. Eles chamaram reforços, e um deles comentou que Lúcifer não poderia ir longe. Ouviram então o som de um carro sendo ligado e perceberam que as chaves haviam sido roubadas. Mesmo assim, continuaram vasculhando o sótão e finalmente se depararam com algo assustador escondido sob o lençol.
Debaixo do pano, havia uma estátua perfeita de Riko, como se fosse ele ali, diante deles. A estátua estava dentro de uma caixa de vidro, como se fosse uma relíquia a ser preservada. Os policiais suspeitaram do pior, mas preferiam que não fosse o que estavam pensando. Procuraram por um martelo ou qualquer coisa para quebrar o vidro.
Quando quebraram o vidro, não havia cheiro de cadáver. Sabiam que, com o produto certo, cães de busca jamais conseguiriam rastrear Riko. Ao tocarem nas roupas esportivas, perceberam que eram de um tecido caro, igual ao que Riko usava para jogar exy. Se aquilo não fosse o corpo de Riko Moriyama, então Lúcifer seria apenas um fã obsessivo. Contudo, ao tocarem a pele dura da estátua, souberam que estavam diante de algo bem pior: o corpo de Riko havia sido preservado com todos os produtos certos para não perder a aparência. Agora restava se perguntar... o que Lúcifer fizera com os órgãos de Riko?
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A memória, a história, o esquecimento.
RomanceTodos pensam que riko está morto, que tinha se matado por não aceitar a derrota. Mas ele sobreviveu, sem suas memórias. Ele diz ser seu marido, riko não sabe em quem confiar ou chamar. Ele luta, mas está fraco de mais.