Diego estava uma fera, Amaury o observava pelo canto do olho enquanto o ruivo esbravejava o absurdo que tinha acontecido com seu garotinho e no quanto Larissa era irresponsável, no quanto Livia iria falar e em trezentas outras coisas. O mais novo falava tão rápido que suas narinas inflavam de tanta raiva, estava até começando a ficar vermelho cada nota que sua voz alcançava. Amaury segurou um sorriso que lutava para escapar do canto do lábio.
— Hey! - Exclamou o ator colocando a mão no joelho do outro, Diego se calou imediatamente encarando a mão subir em sua coxa. — Calma! Nós já estamos chegando. Larissa disse que Julinho está bem, foi um acidente, poderia ter acontecido com qualquer um.
— Sim, mas eu disse especificamente para não irem lá e ela não me ouviu e olha só o que aconteceu.
— Eu sei, mas não tem como proteger o Julinho de todas as coisas. Não dá pra colocar ele numa bolha, você sabe disso.
— E se alguma coisa pior tivesse acontecido.
— Mas não aconteceu.
— Mas e se tivesse?
— Mas não aconteceu!
— Amaury, você não entende.
— Eu entendo que você está preocupado, mas não adianta ficar pensando no “e se”, vamos lidar com uma coisa de cada vez e com a realidade que temos, o Julinho se machucou, quebrou o braço, verdade, foi um acidente e nada mais grave aconteceu, ponto, então respira um pouco. Ele está bem, quando eu era criança eu também quebrei meu braço e estou ótimo. - Diego ficou em silêncio. — Chegamos.
Após a identificação e muitos olhares curiosos para cima do ator, Diego o segurou pela mão sem nem perceber, estava aflito, tão ansioso que roía as unhas da mão. Amaury sentiu seu estômago dar um salto com aquela proximidade e se sentia bobo por se sentir assim. Nunca, em toda sua vida, tinha se sentido tão bobo com um simples gesto.
Antes de entrarem no quarto, conseguiram ouvir a risada de Julinho ecoar pelos corredores e pala janela lateral, conseguiram ver Larissa com o lençol em sua cabeça, estavam brincando. Diego amoleceu imediatamente e era óbvio, pela forma como colocou a mão no peito e soltou o ar, que estava aliviado por ver seu filho bem e rindo.
— Viu? - Amaury disse baixinho. — Tá tudo bem.
— Eu sei que sou desesperado, mas é meu bebê, sabe? - Amaury se segurou muito para não se aproximar ainda mais e o abraçar ali, sua mão no ombro dele foi o máximo que se permitiu, Diego colocou a sua por cima da dele e a apertou levemente. — Vamos entrar. - Disse ele já abrindo a porta. — Hey meu amor.
— Papai! - O garoto falou se sentando na cama e parando a bagunça. Larissa deu um passo para trás escondendo o travesseiro atrás de seu corpo. Diego não percebeu, mas Amaury sim e sorriu para a moça que apenas acenou timidamente em direção e ele. — Papai, tu não vai acreditar em como eu fui radical.
— Eu imagino que você foi muito radical. - Ele se sentou na beirada da cama. — Deixa eu ver esse dodói ai. - Ele esticou o braço.
— Di… eu… - A mulher começou, mas foi logo cortada.
— Depois a gente conversa.— Ok… - Amaury assistiu a mulher murchando completamente e seus olhos ficaram rasos, sentiu pena. — Eu vou chamar o médico.
— E aí mosquitinho, tudo bem? - Diz Amaury se aproximando, o menino semicerrou os olhos e disse trincando os dentes.
— Não sou um mosquito, sou um menino!
— É mosquito sim, fica zunindo no meu ouvido a aula inteira, igual um pernilongo.
— Se eu sou um pernilongo então você é uma mosca varejeira, daquelas verdonas e imensas. - Amaury riu chiado sendo acompanhado por Diego.— Dengue! - Amaury seguiu.
— Que horror! - Diego murmurou.
— Papai que outra doença se pega de mosquito? - Diego pensou.
— Hm… Chikungunya?
— Seu Chico cegonha! - Diego riu batendo palmas e Amaury o acompanhou nas risadas altas, Julinho ria também.
— Olha só como está o senhor risadinhas. - Disse o médico entrando, Larissa ficou mais na porta apenas observando, estava se sentindo péssima e culpada. — Com licença papais, vamos falar sobre o bracinho desse mocinho arteiro? Como vai Diego?
— Oh! Nós não… - Diego falou se levantando e encarando o médico. Amaury o assistiu mudar de tom e sorriu enfiando as mãos nos bolsos.
— A responsável que o trouxe disse que os pais já estavam chegando, eu imaginei que…
— Sim, quer dizer eu sou o pai dele mesmo, err… oi Pedro, como está?
— E você seria? - Ele apontou com a prancheta em direção ao ator.
— Ele é o namorado do meu papai. - Julinho respondeu antes.
— Não… - Diego falou rindo em constrangimento, Amaury ficou se perguntando porque ele estava tão constrangido com aquela interação toda. O pediatra também era um homem muito bonito, será que era algum ex? — Nós não… - Ele olhou para Amaury que permaneceu calado estudando as feições do homem de jaleco branco.
— Bom, enfim, não é da minha conta.
O pediatra seguiu falando sobre os cuidados com o gesso, mostrou o raio x e quanto tempo seria necessário ficar com o braço imobilizado e mais nada. Amaury estava incomodado, não conseguia disfarçar o quão incomodado ficou com aquela interação toda, chamando por nomes e tudo.
— A gente se vê, se cuida hein menino. - Ele bagunçou o cabelo de Julinho que tinha a maior carranca do mundo e saiu.
— Eu não gosto dele. - Julinho falou ajeitando seu cabelo com a mão boa, Amaury sorriu, ele também não gostava do médico. — Ele tem um cheiro estranho.
— Também reparei, parece azedo. - Amaury falou fazendo uma careta de nojo e ajeitando o cabelo do menino que riu cúmplice.
— Vômito de bebê.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Ridículo
Fanfictionaquela au do falecido twitter ~ Na parte menos rica da cidade é onde vamos encontrar Diego, que numa noite de muita bebedeira e irresponsabilidades, acabou engravidando sua melhor amiga da época. Agora, pai em tempo integral de uma criança de 7 anos...