UNIDOS PELO ACASO

12

Estávamos na cozinha, onde o aroma reconfortante do lamen estava no ar. Sentado à mesa, observava Taehyung concentrado enquanto preparava nosso jantar. As luzes da cozinha criavam um ambiente acolhedor, apesar da chuva e trovoadas lá fora.

A crise de medo me deixou tão agitado, que degustar um bom lamen será um alívio para os meus nervos. Taehyung se aproximou com a panela quente e colocou-a na mesa; o cheiro era simplesmente incrível, despertando meu apetite. Assim que me serviu, ele se sentou à minha frente com um sorriso tranquilo.

— Obrigado pelo jantar! — agradeci sinceramente, cheio de gratidão.

— Não precisa agradecer, é só um simples jantar. — ele respondeu com um gesto despreocupado.

Enquanto saboreava o lamen quente e saboroso, mil pensamentos ecoavam em minha mente sobre as perguntas que eu queria fazer a Taehyung. O receio de não obter respostas me consumia. Quantas vezes já tentei puxar assunto sobre seu passado sem sucesso? Será que dessa vez conseguiríamos ter uma conversa decente? Decidi arriscar.

— Taehyung — chamei, e ele me olhou com atenção — Será que podemos conversar?

— Sobre o que quer conversar? — Ele continuou a comer, mas sua expressão mudou ligeiramente.

— Sobre nós! — Ele voltou a me olhar, seus olhos expressando curiosidade e também preocupação.

— Diga. — Desviei o olhar, nervoso. Preciso saber o que aconteceu naquela biblioteca hoje depois que eu saí.

— Eu ouvi você e Jang Mi na biblioteca hoje — Eu disse firme enquanto Taehyung me observava fixamente — Quando você voltou para o quarto, eu imaginei que você me contaria o que aconteceu, mas não, você não contou e decidiu sair. Por que não me contou o que aconteceu?

— E o que você acha que aconteceu? — Ele rebateu. Desviei o olhar para o prato, tentando esconder minha inquietação.

— Ela estava flertando com você…

— Sim, você tem razão, mas eu não dei confiança para aquela ômega — ele afirmou, seu olhar penetrante nos meus olhos, como se quisesse ler minha alma. Analisei cada palavra dele em busca da verdade — Eu ia te contar, mas você estava estranho, não quis a massagem e eu resolvi te deixar em paz.

— Por que você sempre some? Você não se importa comigo? Conhecendo a sua família, você não deveria me deixar sozinho com eles. Lidar com eles não é fácil, você deveria estar comigo.

— Eu não gosto de incomodar ninguém, Hoseok — Taehyung respondeu baixo, desconfiado. Sua resposta soou como se estivesse sempre carregando um peso nas costas.

— Por que viver assim, Taehyung? Esquece o que prometeu à sua família! Eles mesmos não estão fazendo nada para mudar o comportamento deles. Por que só você precisa fazer isso? —   Perguntei frustrado, enquanto observava seu silêncio.

Taehyung ficou calado por vários minutos, seu olhar perdido no vazio. Parecia estar recordando algo distante, seu semblante carregando uma mistura de dor e nostalgia.

— Esse tempo que eu estive fora dessa cidade… — Ele finalmente falou, a voz baixa, quase um sussurro — Eu estava fazendo algo muito importante, procurando minha verdadeira família.

Meus olhos se arregalaram de surpresa.

— Verdadeira família? — Perguntei, tentando processar suas palavras enquanto ele me olhava intensamente e assentiu lentamente.

— Eu não sou filho legítimo da família Kim. O verdadeiro filho deles nasceu morto. —  Eu estava incrédulo com cada revelação que Taehyung soltava  — Kim SeokJin teve uma gravidez complicada, resultando na morte do bebê ainda em seu ventre. Quando o parto aconteceu e o bebê estava morto, Namjoon em um ato de desespero, decidiu colocar outro bebê no lugar, para SeokJin não desconfiar, pois ele vinha de quadro depressivo. Esse bebê era eu.