Capítulo 11

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Sem fazer movimentos bruscos eu me levanto e vou até a antiga sala de música do meu pai. Começou a chover,pego a garrafa de whisky e um copo,sento em uma poltrona ficando de frente a grande janela de vidro,a única coisa que ilumina a sala é um abajur. Encho o copo e tomo uns goles.

Antes que eu acenda um cigarro começa a trovejar me fazendo voltar a ser um garoto assutado. No dia que meu pai foi morto eu estava chegando a cidade,meu tio recebeu uma ligação da governanta dizendo que a casa havia sido invadida e meu pai estava morto,eu ouvi tudo e na mesma hora um trovão ecoou do lado de fora do carro

Eu jurei me vingar,mas agora me vejo perdido em um labirinto de emoções,parte de mim quer vingar meu pai e a outra parte me tortura e me faz perder o sono

Dou uma risada nazalada incrédulo com o buraco onde fui me enfiar. Cada vez que eu a beijo e a toco sinto que estou caminhando pra mais perto da beira de um penhasco e uma hora eu terei que pular. Fico imerso em meus pensamentos segurando o copo na mão enquanto a chuva cai insistentemente lá fora

Aurora

Abro meus olhos lentamente e não o vejo,pego meu celular e são 23:18. Caminho pelos corredores vazios e há uma porta entre aberta abro lentamente e meus olhos passeiam por todo o espaço da sala,mas devido a pouca luz do ambiente não consigo ver muita coisa

— Um piano? — murmurei curiosa. Tô vendo que realmente ele tem muitos segredos. — Suga tá aí?

— Estou — o mesmo responde baixo

Entro e ele está olhando a chuva cair segurando um copo de whisky. Me aproximo de vagar e paro ao lado dele observando as gotas de chuva que caem formando desenhos no vidro

— Porque saiu do quarto? Pensei que estivesse cansada

— E estou. Mas não consigo dormir em noites de tempestade — falo desviando o olhar

Falei demais, não quero parecer vulnerável na frente dele ainda não sei se posso confiar no meu marido. Ele se aproxima

— Você era só uma garotinha — o mesmo fala voltando sua atenção a mim

— Como sabe disso? — pergunto confusa ajeitando o roupão da minha camisola

— Seu pai comentou uma vez,mas não falou sobre você não conseguir dormir em dias de tempestade

— Ele não te contou por que não sabe,meu pai me criou pra ser "perfeita" não uma garotinha que se assusta com um trovão

Finalizo minha fala e um trovão ecoa por toda a sala me fazendo fechar os olhos e meu coração acelera, percebendo isso ele me abraça

— Tá tudo bem,você não tá sozinha. Vamos voltar pro quarto — o mesmo sussurrou me segurando contra seu corpo

Voltamos pro quarto e ele se deita me puxando pra deitar em seu peito. Aos poucos o único barulho que escuto são do coração e a respiração do mesmo. Eu adormeci em seus braços e foi a primeira vez que consegui dormir em uma noite chuvosa.

Agust D

A observo dormir tão serena,ela é tão linda que parece um anjo. Isso quando não tá tentando enfiar uma bala em mim,acaricio seu rosto e percebo que ela não é diferente de mim. Somos apenas duas almas quebradas só precisando de alguém que nos entenda

E no fundo me dói só de pensar que um dia eu pensei em fazer mal a ela, nem cheguei a pensar que ela passou pelas mesmas coisas que eu,fui egoísta e agora vou pagar o preço porque quando ela descobrir a verdade sei que não vai me perdoar

*No dia seguinte*

Daqui 4 dias o pai dela vai anunciar a aposentadoria. Meu dia foi cheio tive duas reuniões e o JK continua investigando sobre quem poderia ter saqueado minhas cargas mas sem sucesso.
Estou no meu escritório na empresa termino de assinar uns documentos e afrouxo a gravata suspirando pesadamente,JK entra e percebo o mesmo agitado

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