AMOR E SONHOS - LOVE AND DREAMS

O nosso primeiro date - parte 2

      Rebeca desceu do carro um pouco confusa, "o Café" onde Lorrane tinha marcado com ela era, no mínimo, muito chique, ela se questionou se estava no local certo, mas o número e a fachada correspondiam a foto que ela salvou, pois pesquisara durante o percurso no carro. Enviou uma mensagem para Lorrane, mas, sem retorno, resolveu entrar, na porta tinha um banco de madeira com silicone azul no meio, como se fosse um rio, um senhor com um sobretudo bege e roupas predominantemente pretas, lendo o jornal, ele esboçou um sorriso ao ver Rebeca.

     Sempre gentil, ela o cumprimentou e foi até a porta, onde outro senhor alto, com sobretudo cinza e roupas predominantemente pretas estava, ele abriu a porta para Rebeca e ela passou por Tom, que a anunciou para Simone, ao ouvir o nome da sua algoz, ela estremeceu, sentiu um formigamento nas mãos, porém, procurou compostura para o que vinha a seguir, continuou andando, passando pela clareira do primeiro espaço, Simone estava centralizada no salão, ao lado de uma mesa redonda de tamanho médio, estava impecável e sorrindo.

      Andrade olhou ao redor captando cada detalhe, as mesas bem posicionadas, o palco vazio com apenas um piano em cima e algo parecido com uma junkebox, havia apenas um garçom no bar e ele parecia não as ver ali, as persianas estavam fechadas, o ambiente era bem iluminado, uma luz âmbar e intimista. Rebeca se deu conta de quem realmente estava convidando-a para um café, sua amiga foi somente uma ponte, com certo receio agradeceu internamente, pois o que acontecia ali, parecia mágico. Ficou parada por um momento e Simone começou a caminhar se aproximando, aquela mulher linda, forte, naquele vestido deslumbrante. A mesa central estava repleta de flores brancas ao redor perfumando o ambiente, todavia o cheiro que mais se destacava para além das rosas era o perfume de Simone, Rebeca já tinha tatuado em suas memórias olfativas, lhe trazia a sensação de estar em paz, não fazia ideia do que estava acontecendo, somente optou por viver aquele momento com a intensidade que ele lhe pedia.

     Quando ficaram frente a frente, os olhares se amarraram, era palpável a sinergia entre as duas, o silêncio era preenchido por uma leve melodia que ecoava no ambiente, tudo desaparecerá, só existia Simone para Rebeca e Rebeca para Simone e ambas adoravam essa perspectiva, de poder experimentar a singularidade uma da outra, ter como "tudo" uma à outra, as mentes fervilhavam, olhares intensos amarrados por muito não dito, Simone tocou a mão de Rebeca e rompeu com os devaneios mútuos.
— Andrade, fico feliz que tenha vindo!

Rebeca ainda a encarando com uma expressão que era de fascinação, mas tomou um tom mais sério com uma ponta de suavidade, tentava não se desmontar ao ouvir seu sobrenome falado com o sotaque carregado de Simone.

— Simone, o que está acontecendo? Onde está a Lorrane? Eu deveria sair com a Lorrane.

A americana se aproximou mais e se sentiu inebriada pelo aroma de Rebeca, olhou para Rebeca com profundidade e com uma voz carregada de sinceridade.
—Eu sinto que temos que conversar, as coisas não saíram da forma certa da última vez que nos vimos e eu necessito deixar as coisas esclarecidas.

Rebeca desviou o olhar e deixou a mão de Simone que a tocava.

— Biles, você não me deve explicações de nada, lhe disse que eu cometi um erro.

Simone não queria iniciar uma discussão, ela queria ser ouvida, queria falar sobre seus sentimentos, a resposta foi quase em cima da última palavra de Rebeca.

— Andrade, por favor, me ouça, você não confundiu nada, se sentir o mesmo que sinto, você acertou em cheio.

E assim caminhou por trás de Rebeca e a convidou para sentar, caminhando até a mesa, puxou uma das cadeiras e Rebeca se acomodou ali, depositando a bolsa em cima da mesa. As palavras de Simone fizeram borboletas voarem no estômago de Rebeca e ela sentiu que se não sentasse, iria cair no chão e para alguém com tanta autonomia sobre seu corpo e a gravidade sendo uma amiga nesses anos de carreira, não poderia se deixar cair assim.