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"Eu achei o baú dos tesouros da minha mãe.
Eu acho que ela não vai se importar se eu esvaziá-lo."
- trecho do diário de Jane Quinn, 1979.
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A escuridão estava começando a cair sobre as ruas vazias de Aberdeen, e a casa se tornava mais silenciosa e mais escura, por isso Jane deixava as janelas abertas, para que os cômodos não ficassem tão assustadoramente solitários e para que ela não se cegasse no breu.
Jane encarou a pilha de discos no canto da sala. Todos os discos já haviam sido tocados dezenas de vezes naquela mesma tarde, mas, mesmo assim, o tempo não passou. Jane caiu sobre o sofá e bufou em tédio enquanto as luzes dos postes ligavam de repente. Ela olhou para fora, através da janela, e bufou outra vez. Para ela, seria muito bom ter alguém para conversar enquanto a sua mãe não voltava do trabalho, mas ela não tinha ninguém. Ela não tinha irmãos, pelo menos não que ela soubesse, ela não tinha tios, tias ou primos próximos, e nem mesmo um pai.
A escuridão noturna se intensificou e as luzes dos postes brilharam mais fortes, como grandes estrelas intactas no céu, mas muito perto. Jane sentiu um aperto forte no coração, então mais outro e, subitamente, o coração dela estava tão grande quanto a escuridão que se estendia sobre si. E ela teve medo que tudo fosse explodir, mas o ambiente continuou silencioso, como se aquela sensação não fosse tão importante para o resto do mundo. E, mais uma vez, o coração dela cresceu.
A garganta de Jane foi fechada pelo coração e os olhos se encheram de lágrimas. Então, em fragmentos de memórias, cenas de um parto começaram a atingir a cabeça de Jane. Um bebê de olhos azuis chorava e se debatia nas mãos do obstetra, e uma forte luz brilhava sobre as pálpebras do recém-nascido. Era uma menina. A criança continuou a chorar mesmo no colo da própria mãe, depois, nos braços do próprio pai.
A menina, assim que foi retirada da placenta da mãe, sentiu o mundo atravessar o seu pequeno corpo, como um raio. E, então, todos os males mundanos caíram sobre si, e ela soube que aquilo seria eterno, por isso ela continuou a berrar. Talvez ela estivesse melhor no útero.
Como quando era um bebê, Jane começou a chorar, mas, dessa vez, as lágrimas eram lentas e o choro era silencioso. Jane não queria incomodar o resto do mundo, ou se destacar entre ele. Ela só queria parar o crescimento do coração e a sensação de estar viva e presente, de ter o coração pulsando nos ouvidos e a deixando sem fôlego.
Ela voltou para o sofá e se jogou sobre ele, com os pés para cima e a barriga para baixo. Ela olhou ao redor do cômodo: não havia fotos, nem decoração, só um tapete e um toca-discos em cima da mesinha de vidro. Jane inspirou fundo, mas nenhum ar foi capturado pelos seus pulmões, então ela deu socos no próprio peito, mas não adiantou. A visão dela estava escurecendo e, por causa disso, ela tentou focar em alguma coisa para além dos acontecimentos dentro de si. Ela olhou para a porta e pensou em fugir, mas que chance uma menina de doze anos teria nas ruas? Ela encarou a pilha de discos e se levantou para colocar um disco para tocar, logo a música Let It Be ressoava fraca em sua cabeça porque os batimentos do coração ainda eram mais barulhentos.
Jane olhou em volta outra vez, esperando encontrar alguma coisa que fizesse o coração parar de funcionar. Então ela avistou um pequeno armário do outro lado da sala. Como se aquilo fosse a sua última chance, ela correu até lá e o abriu rapidamente. Era o armário de bebidas da sua mãe. As garrafas estavam enfileiradas e fechadas, mas, depois de analisá-las, Jane encontrou uma aberta. Ela tomou o conteúdo em pequenos goles, até que sentisse a sua garganta arder.
Era a primeira vez que ela tomava vinho, por isso ela estranhou, mas então uma grande sensação de relaxamento a atingiu e as memórias daquele parto se perderam em sua mente. Tudo estava quieto e vazio, tão vazio que ela poderia inspirar e expirar livremente, como se ela não tivesse mais um coração impedindo o funcionamento do seu corpo. Ela estava no útero novamente.
A noite se fechava sobre a casa e os goles cresciam, logo ela estava na cama dormindo tranquilamente enquanto The Beatles tocava ao redor da casa, no andar de baixo.
Jane repetiu aquele ritual todas as noites.
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✩ oiiii!!! eu queria começar essa fanfic há muito tempo, mas só agora eu estou tendo coragem. enfim, eu espero muito que vocês gostem!!! eu escrevo de coração, e para que a gente se sinta mais perto desse divo do kurt Cobain. 🥰✨✨ um bjooo e até o próximo capítulo!!
✩ não esqueçam de comentar e votar!!
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Fade Into You ✩ Kurt Cobain
FanfictionKurt Cobain's Fanfic KurtXOCFemale Jane Quinn e Kurt Cobain se conheceram na adolescência, em um momento em que ambos buscavam um refúgio para suas almas inquietas. Desde então, a conexão entre eles foi inegável, como se fossem duas metades de um me...