Nobody's son, nobody's daughter

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"Às vezes, sinto que sou uma espécie de órfã, mas não daquelas que perderam seus pais. É mais como se eu nunca tivesse pertencido a ninguém, como se eu fosse uma folha solta, levada pelo vento, sem raiz, sem lar. É estranho, Nina, essa sensação de não ser filha de ninguém. É como se eu estivesse flutuando, sempre à procura de um lugar onde eu pudesse me ancorar, mas sem nunca encontrar. E isso... isso me faz sentir tão sozinha. Como se o mundo inteiro fosse um grande e vazio silêncio. Talvez seja por isso que eu me perco tanto, porque não sei onde me encontrei pela primeira vez."

- trecho de carta enviada por Jane Quinn para Nina Turner, 1992.

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 A cabeça de Jane estava girando, mas isso não impediu ela de escutar alguém abrindo as gavetas de modo agitado. Ela abriu os olhos com dificuldade, já que a luz acesa estava brilhando fortemente. Jane observou a sua mãe fechando e abrindo as gavetas por um momento, até que ela se levantou um pouco grogue.

 - Mãe, o que você está fazendo? - Era a primeira vez que Jane estava vendo a sua mãe em mais de uma semana. Ela pensava que o trabalho de enfermeira a fazia passar o dia todo fora, e ela, por causa do cansaço, preferia dormir no dormitório do hospital do que voltar para casa.

 - Volte a dormir, Jane. - A mulher continuou a revirar as gavetas, e Jane percebeu a mala aberta sobre a cama.

 - Para onde você está indo? - A cabeça de Jane voltou a girar, ainda mais confusa.

 - Eu disse para voltar a dormir. - Vivian jogou algumas peças de roupa na mala.

 Jane tentou recuperar a consciência, mas os seus pensamentos estavam barulhentos e a dor de cabeça era quase insuportável. Apesar disso, ela conseguiu se aproximar da mãe.

 - Você vai me deixar sozinha? - Jane não conseguia acreditar naquilo.

 Primeiro, o seu pai foi embora. Ela só tinha dois anos, então ela não tinha muitas memórias dele, mas havia um vazio dentro dela que parecia nunca ser preenchido, e talvez esse vazio era onde o pai dela deveria estar. Naquele momento, a mãe dela estava a deixando, e ela não podia fazer nada além de implorar para que aquilo não acontecesse. Ela não podia ser deixada sozinha, mesmo que ela sempre estivesse só. Ela não podia ter a confirmação de que ela tinha ninguém.

 Ela sentiu que qualquer laço de conexão estava sendo rompido naquele instante, como se o cordão umbilical estivesse sendo cortado e ela estivesse em contato direto com um mundo gélido.

 - Eu nunca te deixei sozinha. - Vivian apontou o dedo para Jane, demonstrando o quanto ela tinha ficado brava com aquela pergunta. - Eu sempre paguei a porra das suas contas e eu nunca tive ajuda. - Os olhos dela estavam agitados e, pela primeira vez, Jane sentiu medo de sua mãe.

Fade Into You ✩ Kurt CobainOnde histórias criam vida. Descubra agora