21 | Narração.

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Depois de tomarmos sorvete, resolvemos ir dar uma volta pela cidade, mas nossos planos foram interrompidos por uma chuva forte. Por sua casa ser mais perto dali, Sunoo e eu corremos até lá para não nos molharmos e chegamos a tempo. Ele abriu a porta e deu espaço para que eu entrasse, e assim que fiz, tirei meus sapatos e os deixei no canto da parede, ficando apenas com as meias pretas.

Assim que Sunoo entrou e trancou a porta, tirou seus sapatos e eu não segurei o sorriso bobo ao ver suas meias de morangos. Ele tirou o suéter e o colocou no suporte onde tinha vários outros casacos.

— Está com fome? – Neguei. — Quer assistir?

— Pode ser!

Nos sentamos no sofá e ele ligou a televisão, olhemos um desenho animado para assistirmos e ficamos ali por bastante tempo. Até que minha atenção mudou da tv para o garoto loirinho ao meu lado; Sunoo estava com os olhos vidrados no desenho, consequentemente fazendo um biquinho por estar tão concentrado.

Suas bochechas estavam levemente rosadas, coisa que acontecia quando ele sentia frio. Ele estava abraçado as próprias pernas e o queixo apoiado nos joelhos. Incrivelmente adorável.

Eu senti meu rosto queimar aos poucos e uma sensação estranha no meu estômago. Talvez fosse o sorvete me fazendo mal...

Tentei desviar o olhar do mais velho diversas vezes, mas ele sempre fazia algo que me tirava a atenção da tv. Agora ele estava com o rosto deitado sobre os joelhos e o bico aumentou ainda mais, suas bochechas ficavam cada vez mais vermelhas.

— Tá com frio? – Perguntei de uma vez, quebrando o silêncio entre a gente.

— Só um pouquinho.

— Vem cá. – Abri meus braços, indicando que ele devesse se aproximar. — Eu te esquento.

— Não precisa...

— Tsc. Vem logo. – O puxei devagar para ficar mais perto, rodeando meus braços por seu corpo frio.

Ele ainda tentou se afastar, mas eu continuei o abraçando sem querer distância, então Sunoo aceitou ficar daquele jeito comigo por bastante tempo. Não sei o motivo certo de ter feito aquilo, mas não me arrependia. Seu cheiro era gostoso e poder tê-lo não perto me deixava com um sentimento bom no peito.

Vez ou outra resolvemos mudar a posição para uma menos desconfortável, mas eu sempre sendo a concha maior. Não estávamos de conchinha de verdade por não estarmos deitados, mas ele parecia menor e mais indefeso em meus braços. Um pouco receoso, eu comecei a fazer um cafuné nos fios douradinhos dele, ouvindo um murmúrio seu, parecido com um ronronar.

— Você vai me fazer dormir... – Resmungou enquanto se encolhia ainda mais.

— Não tem problema. – Falei com a voz suave.

— Não quero te deixar sozinho.

Sunoo levantou o rosto, olhando diretamente para os meus olhos. Ele ainda tinha um biquinho nos lábios e suas bochechas um pouco coradas.

— Você é tão lindo. – Pensei alto, ficando envergonhado depois de perceber o que havia dito.

— Você também é muito lindo, Niki. – Um sorriso brotou em seu rosto, me fazendo sorrir também.

Não sei ao certo o que era, mas Sunoo me fazia sentir coisas que Nako nunca me fez sentir antes.

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