16 | Narração.

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E lá estava eu de novo na escola em que Sunoo ensinava, na sala de artes junto dele e seus alunos. Todo mundo, até mesmo eu, estavam em frente a uma tela branca, com uma palheta e pincel na mão, ouvindo atentamente o que o Kim tinha para falar.

— Bom pessoal, na aula de hoje eu quero que vocês pintem algo que fazem vocês esbanjarem um lindo sorriso, que deixa vocês felizes. Seja família, amigos, um famoso que você goste, seu animal de estimação, qualquer coisa! Eu quero que vocês expressem essa arte como se a vida de vocês dependessem dela. Podem começar.

Fiquei alguns minutos pensando no que pintar, não tendo certeza do que me fazia sorrir. Poderia desenhar Nako, mas ultimamente ela só me fazia derramar lágrimas, então dispenso essa ideia. Sem ter mais ideia alguma, deixei me levar pela imaginação e desenhar qualquer coisa. Deslizava o pincel com delicadeza pela tela, antes branca, que começava a ganhar vida a cada segundo que passava.

Eu mergulhava a ponta do pincel na tinta, começando a distribuir pela tela. Eu realmente estava dando a minha vida naquela pintura, sem ter ideia alguma do que estava desenhando, só sei que a cada traço feito ela ficava mais bonita e eu sorria ainda mais com a minha capacidade de pintar algo que nem sei o que é. Optei por colocar algumas borboletas ao redor do desenho, também fiz algumas flores e brilhos.

Com a tinta vermelha, desenhei os lábios da pessoa que tinha no quadro, fazendo-os bem carnudos. Passei um pouco de tinta branca para dar uma impressão de que a pessoa estivesse usando algum produto labial. A mesma tinta vermelha usei para fazer as maçãs do rosto coradas, misturando um pouco com a tinta rosa para que não ficasse nem muito marcada e nem muito apagada.

— Uau, esse desenho tá ficando lindo. – Uma das garotas que estava ao meu lado elogiou, me fazendo sair um instante do transe que mesmo criei durante minha criação.

— Obrigado, o seu também.

A garota havia desenhado um cachorrinho em cima das nuvens com um auréola na cabeça.

— É seu cachorro? – Perguntei mudando a atenção da pintura para ela.

— Sim! Ele acabou falecendo de uma doença.

— E o que tem de feliz nisso?

— Eu me sinto feliz porque agora ele está em um lugar melhor, sem sofrimento algum. – Dizia meio a um sorriso, mas eu vi as lágrimas em seus olhos.

Sua frase me impactou bastante, e ela logo virou de volta para a tela, terminando de pintar. Eu fiz a mesma coisa, mas ainda com o pensamento longe. Mas quando terminei minha pintura, parecia que eu tinha tirado um peso das costas. Assim que levei meu olhar para minha criação, fiquei assustado ao perceber o que eu havia feito. Ou melhor, quem eu desenhei.

— Eita, o professor Kim tem um admirador! – Ouvi um garoto dizer, e no mesmo instante eu desejei morrer.

Olhei na direção de quem tinha dito aquilo, dando de cara com Sunoo a poucos metros de mim, olhando fixamente para a sua pintura.

Todo mundo estava olhando para nós dois, e a única reação que eu tive foi retirar meu avental e sair às pressas da sala.

Eu estava envergonhado por aquilo ter acontecido, e ainda por cima, confuso. O que deu em mim para desenhar Sunoo? Tudo bem que ele era muito sorridente e seu sorriso me contagia, mas... Por que? O que ele tinha de tão interessante para me deixar balançado dessa forma?

Não fazia muito tempo que nos conhecíamos, eu não poderia gostar ou considerar ele alguém tão importante ao ponto de pintá-lo.

E pra piorar, mesmo depois de ter chegado em casa com vergonha daquela situação, ainda esperei que ele me mandasse alguma mensagem...

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