11 | Narração.

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E lá estava eu, em frente a cafeteria que marquei com aquele garoto. Entrei no estabelecimento assim que vi pela janela que ele já estava lá, percebendo o local lotado assim que pisei os pés lá dentro, tendo que me espremer entre os clientes para chegar até a mesa vinte onde o loiro estava sentado.

— Oi. – Chamei sua atenção assim que me aproximei.

— Ah, oi! Bom dia, meu japa. – Deu um leve aceno e sorriu gentil.

— Para de me chamar assim. – Sem perceber, falei um pouco rude.

— Desculpe... – Ele coçou a nuca, desviando o olhar. — É que eu não sei o seu nome.

— Nishimura Riki, ou só Niki.

— Que nome bonito! Combina com você. O meu é Sunoo, Kim Sunoo.

— Valeu.

— Enfim, aqui está. – Me entregou o colar, que ainda estava do mesmo jeito.

O peguei e guardei no meu bolso, sentando-me na cadeira a frente dele, vendo um monte de papéis na mesa.

— Planejamento?

— Correção de provas. – Disse dando um gole no capuccino, logo voltando a passar a caneta nos papéis.

— Você gosta do seu trabalho?

— Eu amo! Trabalhar com jovens sempre foi meu sonho. – Dizia com um sorriso brilhante no rosto, o que me deu vontade de sorrir também.

— Infelizmente escolhi educação física por causa dos meus pais. – Falei.

— Eles te obrigaram?

— Basicamente.

— Isso é triste... Meus pais sempre me apoiaram no meu sonho de ser professor.

— Você ganhou na loteria, Kim Sunoo.

— Acho que sim... – Sorriu pequeno. — Quer me ajudar a corrigir?

— Pode ser.

— Aqui, esse é o gabarito! Você corrige as provas do segundo e eu as do terceiro.

Peguei tudo que ele me entregou para ajudá-lo, passando o resto da manhã daquele jeito. Enquanto corrigia, também pedi algo pra comer e nós conversamos um pouco sobre a vida dele, até porque eu percebi que Sunoo gostava de falar bastante, principalmente dos acontecimentos de sua adolescência.

Ele era o primeiro adulto que eu conversava que parecia ser uma criancinha falando do seu primeiro dia na escola, era muito adorável e eu sorria vez ou outra com sua agitação. Depois de três meses, eu finalmente consegui me ver alegre por conversar com alguém. E era bom.

Terminamos as correções quase as onze, só porque ficávamos parando para falar alguma coisa. Sunoo me contava as fofocas dos professores e as que seus alunos contavam, me lembrando da época em que eu ainda estava no ensino médio e acontecia várias coisas que nossos pais nunca iriam imaginar.

— Finalmente! – Falei soltando a caneta, olhando para a pilha de provas que corrigimos. — Pelo que eu vi, muita gente tirou nota boa. Só vi umas três notas baixas.

— Quando você ensina com calma e carinho, os alunos se interessam bastante. Todos os meus alunos falam que eu sou o preferido deles por fazer as aulas mais divertidas, o primeiro ano são os únicos que eu não ensino e eles sempre me pedem para ensiná-los.

— O que você faz nas aulas?

— Eu faço algumas dinâmicas, sabe? Na última aula que eu tive com o terceiro, eu fiz um quiz de pinturas famosas, quem acertasse a qual pintor pertencia, ganhava um doce. Eu também costumo passar filmes antigos, aqueles que eram em preto e branco e não tinha falas, ai passo uma série de perguntas sobre o filme. Tudo fica mais divertido porque eu permito que eles levem comida.

— Mas eles não dormem? – Negou. — Então eles te amam muito.

— Eu sou jovem ainda, entendo eles e tento fazê-los acreditar que estudar não é tão ruim quanto parece.

— Você deveria ter me ensinado, assim eu teria tido um motivo bom pra ir a escola todos os dias. – Falei na inocência, mas por algum motivo aquilo me deixou envergonhado, não só eu como Sunoo também ficou vermelho.

— Quem sabe um dia você não vai participar de alguma aula minha? – Disse com um sorriso tímido.

— Pode ser...

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