13 | Narração.

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A segunda-feira chegou mais rápido do que eu esperava, e eu já estava no portão da escola em que Sunoo trabalhava, esperando que ele chegasse para me receber. Olhei a hora no meu relógio e faltava pouco para o horário em que ele marcou de aparecer. Aquele colégio era o rival do meu no ano passado, não sei se esse ano eles ainda tem rivalidade mas é provável que sim.

Minha atenção foi tomada por vozes se aproximando, me fazendo olhar para dentro da escola de onde saía Sunoo e um homem que deduzi ser o porteiro. Fui permitido entrar quando o portão foi tirado do cadeado, sendo recebido por um sorriso gentil do Kim.

— Vamos? – Assenti, logo começamos a andar lado a lado para dentro da escola. — Você já comeu?

— Já.

— Então vamos logo pra sala, você vai me ajudar a montar as coisas pro filme.

— Vai passar filme?

— Sim! – Seguimos até uma porta com o número 15, a qual Sunoo destrancou e me deu espaço para entrar primeiro. — Já assistiu Um Amor Para Recordar?

— Nunca. – Me aproximei da mesa do professor, vendo o projetor lá em cima. — Fala sobre o que?

— Segredo. – Disse meio a um sorriso travesso, me fazendo rir nasal.

— Vai arrancar pedaço se você me contar? – Assentiu. — Fala sério!

— A única coisa que posso dizer é que o filme é triste.

— Típico de filme de romance. – Abri a caixa do projetor, colocando-o pra fora. — Deixa eu adivinhar. Um dos personagens principais morre?

— Nem todo filme de romance tem morte. – Abriu um pote grande de pipoca, começando a encher alguns sacos com a ajuda de um pote pequeno.

— Filmes de romance sempre tem morte, se não tem morte os personagens não ficam juntos. Sempre tem uma situação trágica, seja no começo, meio ou fim, que faz a vida dos personagens mudar completamente.

— E o que você acha que esse filme fala?

— É bem provável que os personagens se apaixonem, vivem um bom tempo felizes juntos e no final um deles morre tragicamente. – Liguei todos os fios precisos para ligar o aparelho, encaixando a tela na lousa. — Ou morrem de doença ou acidente. Se não tem tragédia, não é filme de romance.

— Uau. – Riu levemente, me encarando com um sorriso de canto. — Talvez você esteja certo.

— Talvez? Eu estou certo. Filmes românticos só retratam um pouco sobre como é a vida real. – Peguei um dos sacos de pipoca. — Você nunca é cem por cento feliz em um relacionamento, todos os dias vão aparecer obstáculos para derrubar você e seu parceiro. Seja familiares problemáticos, traumas do passado, ex que não te supera, doenças tratáveis mas não curáveis. Essa é a vida.

— Mas podemos vencer esses desafios pensando positivo. – Tirou o saco das minhas mãos, colocando de volta onde estava. — Familiares problemáticos? Cortamos laços. Traumas do passado? Terapia. Ex que não te supera? Finge que não existe, denuncie se estiver te importunando. Doenças tratáveis mas não curáveis? Trate! Pra tudo tem solução, basta pensarmos bem e não deixar sermos levados pela emoção e sim pela razão.

Nós ficamos em silêncio após sua fala, apenas encarando um ao outro sem dizer uma palavra sequer.

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