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Em uma tarde nublada e melancólica, o som de risos e conversas se misturava com o som de malas sendo arrastadas e o burburinho da despedida. Buenos Aires parecia mais silenciosa do que nunca, como se estivesse lamentando a partida de uma de suas filhas mais queridas.

Enna morgan com o olhar fixo no horizonte, se despedia de seus amigos com um sorriso forçado e um coração pesado. A mudança não era apenas uma mudança de endereço, mas uma fuga necessária após o assassinato brutal de seu pai.

- Sentiremos muito a sua falta, amiga. - Disse yris. Sua amiga desde os 4 anos.

Entre os amigos, havia um rapaz que observava a cena com um misto de dor e raiva. Agustin bernasconi sempre foi uma presença constante na vida de Enna,  uma amizade que havia se transformado em algo mais complicado e intenso, mas que também teve o fim muito rápido.

Agora, ao vê-la partir, ele sentia uma angústia difícil de decifrar. O amor que sentia por Enna estava entrelaçado com uma frustração que parecia crescer a cada dia. Sua partida não significava apenas a perda de uma amiga, mas a perda de algo que ele nunca teve coragem de reconhecer completamente.

À medida que a separação se concretizava, ele se perguntava se algum dia conseguiria entender os sentimentos contraditórios que lutavam dentro dele.

- Não vai se aproximar? - Enna pergunta olhando pro mesmo que observava de longe.

- Não. Eu nem deveria estar aqui. - diz seco.

- Então por que está?

- Não sei.

- Qual é! Eu estou indo pra longe e nem sei sequer se um dia voltarei! Éramos amigos, Agustin, apesar de tudo.

- Foi você quem quis assim, Enna! você quem escolheu ficar com o Maybank.

- Você quem escolheu namorar com outro.

- Eu sei que é difícil de entender, mas eu preciso seguir em frente.

- Seguir em frente? E eu, Enna? Aquele filho da puta é melhor do que eu?

-  Não é sobre isso, Agus.. você sabe que as coisas entre nós sempre foram complicadas. Não tente dificultar mais as coisas.

- Ah claro!  Você sempre teve essa habilidade de fazer com que tudo pareça fácil para você, enquanto eu fico aqui destruído.

- Isso não é justo.. porra, eu estou sofrendo muito também! Se você não se lembra, o meu pai foi assassinado! Eu só estou tentando arranjar uma forma de lidar com isso, e, isso envolve ele..

- Envolve ele? Você estava comigo o tempo todo, e agora parece que ele é quem estava?

- Nós somos do mesmo grupo de amigos e você sabe que a regra é que isso não pode acontecer. E sim, ele esteve comigo o tempo todo.

- Eu entendo a sua raiva, e eu sinto muito por isso. Mas, às vezes, as pessoas precisam de coisas diferentes para curar, e eu estou tentando encontrar minha própria forma de lidar com a dor. - Diz Enna com seus olhos marejados.

- Talvez eu só não consiga aceitar o fato de que você está indo em uma direção completamente diferente, e eu estou aqui, preso com todas essas emoções que você deixou para trás.

-  Eu não queria ir embora sem me despedir de você. - Ela diz.

- Pois você já pode ir. E por favor, não volte. Eu nunca mais quero te ver.

Com essas palavras, Enna deu um último olhar para agus, os olhos brilhando com lágrimas que não foram derramadas. Ela se virou lentamente, começando a caminhar em direção ao carro que a esperava. Cada passo parecia mais pesado do que o anterior, e o peso da despedida a envolvia como uma sombra.

Enquanto ela se afastava, Agus ficou parado, o olhar fixo no chão. Ele sentiu um aperto no peito e lágrimas começaram a escorregar pelo seu rosto. Não havia nada que pudesse dizer ou fazer que apagasse a dor que sentia. A perda e o desespero se misturavam em um choro silencioso, enquanto ele assistia Enna desaparecer na distância.

DESTINO TRAÇADO// Agus Bernasconi Onde histórias criam vida. Descubra agora