Capítulo XV

61 12 6
                                    

André veio com a conversa de que a minha madrasta pediu mais uns dias para a mudança.

- A princípio veio com a história de que já ali vivia há muitos anos e que tinha os seus direitos.  Disse-lhe o que podia contar a partir dali se insistisse.

- O direito de cair fora.  No máximo mais dois dias André.  No sábado já quero ir lá ver o estado da casa.

- Certo. Vou comunicar e sobre o seguro já agilizei para que recebas o dinheiro o mais rapidamente possível.

Continuámos o almoço e a conversa.  André era muito conversador e às tantas já estava a par  da sua vida privada.

- E por conta disso,  hoje só tenho contacto com o meu irmão.   De  resto fui banido da família.

- E como lida com isso?

- Trata-me por tu se faz favor.   Lido bem.  Sou autosuficiente, tenho a minha casa, carro, boa vida conseguida com o meu trabalho, vou ligar para um bando de idiotas?

- É isso mesmo.
André,  eu preciso ir.

- Vamos.  Eu levo-te à faculdade.

- Preciso passar em casa primeiro.

- Pois, passemos em casa.

Juliette entrou em casa a correr.  Rosa estava a descansar no quarto e Rodolffo que tinha vindo almoçar em casa, estava no sofá da sala.

Entrou no quarto sem fazer barulho, pegou nos livros e voltou a descer.

Foi à cozinha beber um copo de àgua e quando lavava o copo ouviu alguém atrás de si.

- Se quiseres eu levo-te à Universidade.

- Obrigada senhor Rodolffo,  mas o André está à minha espera lá fora.

- Juliette,  custa tratar-me só por Rodolffo?

- Prefiro assim.

- O André é o homem que te foi buscar hoje de manhã?  Estiveste com ele até agora?

- Sim às duas perguntas e vai levar-me à faculdade.

- É o teu namorado?

- Interrogatório a esta hora?  Que eu saiba aqui nesta casa eu não lhe sou nada.  Não se preocupe com quem eu me dou porque logo a nossa convivência vai resumir-se a trabalho.  No máximo na próxima semana eu mudo de casa.

- A avó cai sentir a tua falta.

- E eu a dela, mas pretendo vir sempre que puder para estar com ela.  Vou telefonar antes para não ter que olhar para a minha cara.

- Desde quando me tornei esse monstro para ti?

- Diga-me o senhor.

- Antes da mudança precisamos esclarecer isso.

Juliette ouviu a buzina do carro do André e saiu de casa sem dizer mais nada.

Rodolffo saiu a seguir ainda a tempo de a ver entrar no BMW.  Esperou a sua condução e foi para a empresa.

Ainda não tinha ali ninguém que pudesse confidenciar certas coisas.  Alice era a única que o deixava um pouco mais à vontade, mas não tão à vontade.  

Entrou no seu gabinete e mergulhou no trabalho.  O corpo estava ali, mas a mente estava numa certa morena arretada.

Coração MalvadoOnde histórias criam vida. Descubra agora