A mais entusiasmada com a chegada do bébé era Rosa. Começou logo a projectar casaquinhos e botinhas de lã.
- Avó! Já não tem idade para essas coisas. Agora compra-se tudo feito.
- Se há uma coisa que eu ainda tenho bom é a vista e as mãos. Pelo menos um conjuntinho eu quero deixar de recordação ao meu bisneto.
Bisneto! Nunca eu sonhei chegar a ter esta alegria. Que Deus me deixe conhdcê-lo, é só o que peço.- Vai conhecer este e os outros que hão-de vir. - disse Rodolffo ligeiro.
- Deves achar que sou eterna. Eu já vivi a minha parte. Depois desta alegria me ser concedida, estou pronta para o que vier.
Os meses foram passando e Juliette já tinha uma barriga bem visível.
Irene vaticinava que era menino e Rosa, menina tal como Rodolffo. Juliette não tinha opinião. Ia aguardar o próximo ultrassom porque no primeiro não deu para ver.
Rodolffo queria sempre participar nas compras do enxoval, mas Juliette ficava desesperada pois se ela deixasse ele comprava tudo.
- Amor, já tem pijamas que chegue. Não é preciso muita coisa porque os bébés crescem e logo a roupa deixa de servir.
- Olha, mas este ursinho pode? E este? Esta coisa aqui para coçar as gengivas, isto pode?
- Rodolffo, o teu filho ainda não nasceu e não vai ter dentes tão cedo.
- Tem este carro telecomandado para eu brincar com ele.
- O melhor é comprar já um computador, um telefone e os livros para a faculdade.
- Sério amor? Ah, Ju estás a mangar.
- Claro que estou. Para a próxima venho sózinha. Vais encher a casa de coisas que não vou usar e depois tenho que doar. Vamos ser racionais e comprar só o essencial, está bem?
- Está bem. - disse ele fazendo bico.
- Desfaz esse bico já!
- Só se deres beijinho.
Tudo isto se desenrolava no interior da loja de artigos de bébé e com a atendente do nosso lado que apenas ria.
- A menina desculpe, mas o meu marido não tem jeito.
- Vocês são o casal mais simpático e fofo que eu já atendi.
- E o mais chato também. Estamos aqui há horas.
- Não. Estejam à vontade. De certeza que esse bébé vai ser muito amado.
- Isso vai mesmo. Já é.
Por fim terminaram as compras e ainda receberam de oferta da loja uma mantinha para o berço.
Agradecidos, saíram cheios de sacolas e agora Juliette só queria comer.
- Estou faminta. Fazer compras deixa-me com fome.
- Ju, eu vou colocar as sacolas no carro e já venho ter contigo para irmos ao andar de cima comer.
- Vai lá que eu vou subindo e já vou escolhendo para mim.
- Podes escolher igual para os dois.
- Sério? Arriscas?
- Melhor não. Ultimamente só comes coisas esquisitas. Eu escolho depois.
Quando ele voltou ela já tinha pedido.
- Ele pediu esparguete à carbonara e ela sorriu porque também tinha pedido o mesmo.
- Só o esparguete mesmo?
- Sim. Com pickles, azeitonas e um filé de peixe barrado com manteiga de amendoim.
- Haja fome para comer essa mixórdia.
- Não me peças um bocadinho que eu não divido a mixórdia contigo.
- Nem quero. Fico bem só com o meu.
Os dois pratos chegaram perante o olhar desconfiado do garçon que estava até com receio de entregar tão estranho prato.
- É para a minha esposa. Desejos de grávida.
Ele sorriu, entregou o prato a Ju e foi embora.
Eu fiz um carinho no rosto dela enquanto a via devorar a comida e por fim regressámos a casa muito felizes.
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Coração Malvado
FanfictionNão te feches ao amor. Não resistas. Deixa que a natureza haja no tempo certo.