À hora de almoço como todos os dias Juliette chegou do trabalho.
Encontrou Rosa sózinha e reparou nos olhos encarnados do choro- Que foi essa choradeira?
- O meu neto chegou. Ju, o meu filho e a minha nora faleceram. - ela falou e as lágrimas surgiram de novo.
Juliette não falou. Apenas a abraçou e afagou os seus cabelos. - Agora descansaram e não sofrem mais.
- Eu gostava de os ter visto uma última vez.
- Foi vontade de Deus que assim fosse. O seu neto está bem?
- Sim. Diz que veio para ficar comigo. Juliette, precisamos conversar sobre os quartos. Será que te importas de dormir no meu quarto e ceder o teu a ele?
- Não me importo nada e agora que já tem companhia eu posso arranjar outro sítio para morar e não incomodar.
- Sim. Eu vim para estar com a minha avó para sempre. - falou Rodolffo entrando na sala.
- Boa tarde para si também. Seja bem vindo.
Rodolffo olhou Juliette de alto a baixo e revirou os olhos.
- Boa tarde. Avó, podemos almoçar? Estou morto de fome e depois preciso dormir.
- Vamos sim. Juliette, senta-te.
- Não dona Rosa. Estou sem fome. Hoje teve festa lá no trabalho e tinha comida. Vou preparar as coisas para ir para as aulas.
Juliette subiu furiosa e começou a juntar as suas roupas e os artigos de higiene do banheiro. Colocou as roupas e o resto num canto do quarto de Rosa, desfez a cama e verificou se não deixava nada ali. Fez uma faxina ligeira e abriu as janelas para arejar tudo.
Tomou um duche rápido no banheiro de Rosa, vestiu uma calça jeans clara e blusa preta, soltou os cabelos, pegou nos livros e desceu.
- Estou indo, dona Rosa. Já libertei e limpei o quarto do doutor. Quando voltar arrumo as minhas coisas. Até logo.
- Até logo Ju. De certeza não queres comer nada?
- Não, obrigada. Pode fazer-me mal.
Assim que ela saiu, Rosa falou:
- Ela está aborrecida com alguma coisa. Nunca recusa comida.
- Parece ser uma patricinha mimada e de nariz empinado. Como veio parar aqui?
- É uma longa história. - Rosa contou como a Ju tinha surgido na sua vida e como a ajudou depois.
- Uma história comovente, mas será verdadeira?
- Meu neto! Eu vi o corpo dela marcado pelo cinto.
- Mas será que foi o pai? Pode bem ter sido um namorado, um parceiro, um relacionamento que deu errado.
- Eu acredito no que ela contou e pela vida que leva sei que não tem ninguém.
- Não falemos dela. Vamos lá acima para eu arrumar as minhas coisas.
Subiram os dois e constataram o que Juliette disse. Fizeram a cama com lençóis lavados e Rodolffo colocou a sua roupa no roupeiro. Levou os artigos de higiene para o banheiro que estava bem cheiroso.
Rosa observava o neto e estava num misto de alegria por tê-lo consigo, mas com muita dúvida. Ele parecia ser uma pessoa fria, indiferente a sentimentos. Não gostou que ele tivesse ignorado Juliette e não sabia a razão.
Em vez de perguntar a ele decidiu que primeiro ia falar com ela. Aquilo não era de hoje. Ela sabia que eles falaram algumas vezes por telefone e talvez fosse daí.
Ia esperar, mas ia descobrir o porquê.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Coração Malvado
FanfictionNão te feches ao amor. Não resistas. Deixa que a natureza haja no tempo certo.