Capítulo XVII

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Juliette exitou antes de meter a chave na porta.  André colocou o braço sobre o ombro dela e incentivou-a e ir em frente.

Abriu a porta e assim que a fechou atrás de si, deixou cair algumas lágrimas.

A casa estava despojada de objectos.   Restaram os móveis que ela sempre viu desde que se conhece por gente.  A madrasta tinha levado apenas o que ela tinha comprado. 

Juliette percorreu cada cómodo e sorria ao ver uma cama, um banco, uma mesa ou um simples bibelot que a sua mãe comprara.

A casa não estava suja.  A cozinha despojada dos pequenos electrodomésticos mantinha no entanto um microondas e um frigorífico.

Juliette recordou o dia em que juntamente com a mãe tinha escolhido o frigorífico.
Lembro que eu sempre pedi para ter depósito para àgua fresca e apesar do preço ser bastante mais elevado a mãe fez-lhe a vontade.

- Quando vão liberar o meu dinheiro  André?  Preciso de comprar algumas coisas que faltam.

- A data certa não sei, mas nos próximos dias de certeza.  Eu posso ajudar se quiseres.

- Não.   Eu espero.  Não  estou na rua e o que são mais uma ou duas semanas?  Assim vou organizando aos poucos e ao meu gosto.

- Tu decides, mas fica à vontade.  A casa é legal.  Espaçosa, luminosa e o que eu gosto é da àrea externa.

- Era o local preferido da minha mãe.   O jardim era a sua paixão.   Ela cultivava rosas de várias cores.
A minha madrasta como não quis conviver com elas, mandou arrancá-las e pôs relva em toda a extensão.

- Está bonito, mas gostaria de vê-lo com as rosas.   Eu adoro flores.

- Também eu.  Vou plantá-las de volta.

Juliette fez uma anotação do que precisava comprar e fazer na casa e depois saíram.

- André, deixas-me pagar-te o almoço?  É o mínimo e quando receber o dinheiro vamos acertar os teus honorários.

- Depois falamos acerca disso.  Onde queres ir almoçar?

- Não sei. Não conheço assim tantos restaurantes.

- Então deixa comigo.

Entraram no carro e logo estavam no parque de estacionamento de um restaurante com esplanada.
Sentaram-se numa àrea menos movimentada e fizeram o pedido.

Rodolffo e Rosa por coincidência chegaram ao mesmo restaurante.
Rosa foi quem avistou Juliette que estava de frente.  Acenou-lhe e ela sentiu-se obrigada a retribuir.

Rodolffo fechou a cara quando Juliette convidou Rosa para que se juntassem a eles.

- Não avó.   Não queremos incomodar.

- Não incomodam disse André imediatamente.   Tenho muito gosto de almoçar com duas mulheres lindas.  O cavalheiro também.

Juliette riu e fez as devidas apresentações.   Rodolffo e Rosa sentaram-se e pediram também.

- André era muito perspicaz e observou Rodolffo e Juliette que não falavam directamente.

"Ele é patrão dela, que ela já me disse, então o que se passa aqui"?

Juliette e Rosa conversavam sobre a casa e André resolveu quebrar o gelo.

- O Rodolffo faz o quê?

- Sou arquitecto.  Por sinal sou um dos sócios da empresa onde Juliette trabalha.

- Sério?  Querida, não me disseste que trabalhavas com Rodolffo? - este estava a beber um gole de vinho e engasgou-se. - querida?

- Não?  Desculpa.  Não deve ter surgido o assunto. - tudo bem senhor Rodolffo?  Levante os dois braços para o ar que isso passa.

Rodolffo pediu licença e foi até o banheiro.  Tossia muito e o rosto estava vermelho.

Regressou pouco depois mais calmo e continuaram a refeição.

André recebeu uma chamada e disse:
Bom, terminámos a refeição e eu agora tenho um compromisso.   Juliette tudo bem se regressares com eles?

- Sim, se não for incómodo.  Obrigada por tudo.

- Claro que não é, disse Rosa.

André deu um beijo na bochecha de Juliette e de Rosa, despediu-se de Rodolffo e partiu.
Ele perguntou quem queria sobremesa e todos optaram por petit gateau com gelado de baunilha.





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