Um amor sem lei- Choni

Capítulo Quatorze - Temos um acordo?

Toni POV

—Não tem nenhum outro capitão aqui nessa delegacia? Algum outro tenente, sargento ou sei lá, alguém que não seja você.

—Achei que você gostava de mim, foi até na minha casa, cozinhou pra mim, prometeu até massagem. - Ela senta na ponta da mesa. —Então era tudo uma farsa, Tônia?

—Meu nome não é... esquece, me chame como quiser. - Não me dou o trabalho de corrigir ela, não importa o que eu fale, ela faz questão de errar meu nome. —E não, não sou uma farsa, apenas não quero ficar apanhando como foi das outras vezes.

—Tem medo de apanhar de mulher, Toni? Achei que voce tinha mais postura, era praticante do prazer proporcionado por um pouco de dor. - Ela da risada e joga o cabelo para o lado, filha da puta.

—Você sabe que eu não quis dizer, tipo, não foi nesse sentido, eu não gosto, quer dizer gosto... - Sinto minhas mãos suando pelo nervosismo, ela dá risada da situação. —Ah, você sabe exatamente o que eu quis dizer, e melhor ainda, já experimentou bem como eu posso te proporcionar prazer através da dor. - Vejo ela ficar nervosa e cruzar as pernas, atingi exatamente o ponto que eu queria.

—Chega dessa assunto, já deixei claro que não vai mais acontecer nada entre a gente. - Ela desce da mesa e pega uma pasta. —Vamos ao que realmente interessa, você não consegue ficar longe de problemas, não é?

—Não mesmo, não consigo ficar longe de você que tem sido o maior problema da minha vida.

—Que cantadinha barata, Antonieta. Quer me conquistar e fica aí usando essas cantadas baratas de internet.

—Eu não quero te conquistar, eu já conquistei. - Ela gargalha em ironia.

—Indo por esse caminho de piadinhas é mais fácil, do que fazendo cantadas. - Ela senta na cadeira que está bem na minha frente, a luz da sala faz com que ela tenha um ar misterioso e eu só consigo reparar em como a boca dela fica ainda mais atrativa com esse batom vermelho. —Enfim, vamos lá. Aqui eu tenho a foto e todas as informações relacionadas a sua gangue, eu sei tudo sobre todos os membros dessa quadrilha criminosa, mas você não estava na companhia deles, e nem na companhia das Venenosas.

—Tá com ciúmes, Cherryzinha? - Provoco ela.

—Ah claro, com certeza, desde que eu te conheci eu passo todos os meus dias morrendo de ciúmes de uma bandida, criminosa, que não tem nenhum futuro, não sabe fazer nada da vida a não ser roubar, não sabe o que é poder passear por aí sem ter medo de ser presa, não tem liberdade e fica se metendo em qualquer confusão a troca de preencher o vazio enorme aí no seu peito por nunca ter tido a oportunidade de conhecer um amor verdadeiro, seja de um namoro, da família, dos amigos, ou você acha que esses outros criminosos que fazem parte da sua gangue são seus amigos de verdade? Porque olha, amigo de verdade jamais te arrastaria para esse caminho que eles tem te levado a anos.

—Por que você não cala a porra dessa sua boca, sua maldita. Você acha o quê? Que é melhor do que eu porque tem um bom carro, uma boa casa, tem um excelente emprego e vive uma vida extremamente confortável? Se enxerga, a sua vida inteira você teve tudo em sua mão, você é herdeira, não teve que passar por nenhuma dificuldade, conquistou tudo o que tem sem derramar nenhuma gota de suor, e acha que pode chegar aqui e ficar me dando sermão? - Ela tenta se pronunciar. —Nem adianta vir com esse papinho chato que teve que batalhar pra chegar na posição de capitão por que adivinha, Cheryl? Essa sua batalha aí não chega nem perto da batalha que a gente que é pobre, abandonado pela sociedade, condenado pela porra desse sistema maldito, tem que enfrentar por dia pra se manter vivo e viver com o mínimo de dignidade.

Ela parece ficar impactada com tudo o que eu disse, e talvez eu até tenha aumentado a voz, mas e daí? Eu estou cansada de ter que ficar ouvindo sermão de gente que nunca sofreu 1% do que eu já sofri e acha que tem o direito de pisar em mim como se eu não fosse ninguém só porque faço o que eu faço. Eu sei que tô errada, não me vitimizo, mas tem muito engravatado por aí que é muito pior do que eu e nem por isso é tão humilhado.