O Rei das Trevas não era um homem piedoso, muito menos bondoso. Ele era a crueldade em sua mais pura forma, a personificação do terror e do horror; aquele capaz de controlar as trevas e a morte como se fossem simples peças sobre um tabuleiro de xadrez. Toda criatura, viva ou morta, instintivamente o temia.
O seu reinado se expandia cada vez mais, se alastrando como fogo em pólvora. O mundo inteiro sucumbia às suas sombras, o tornando mais forte, poderoso, indestrutível, ao ponto de nada — e nem ninguém — ser capaz de impedi-lo.
Ou pelo menos, era o que todos, e até ele mesmo, pensavam.
Tudo mudaria hoje, durante a batalha sangrenta que acontecia nas redondezas do Castelo do Sol, local onde estava exilado o último rei que resistia à sua ascensão.
Comandando uma ofensiva em direção ao castelo, o Rei das Trevas via os seus soldados impossibilitados de ultrapassar a estranha redoma de luz que guardava a fortaleza. Nunca havia visto algo como aquilo antes, não sabia o que a criava ou como burlá-la, mas ainda assim exigiu que os seus homens continuassem atacando sem parar, mesmo que a batalha durasse dias, semanas, meses ou até mesmo anos.
Não descansaria até derrotar o último rei.
Venceria essa guerra e se sentaria sobre o trono que um dia pertenceu ao rei do Sol. Todos os Solaris, os filhos da luz, se curvariam aos seus pés.
A batalha estava em seu ápice; o rei das trevas se movia com destreza entre os guerreiros da luz, usando as suas sombras à seu favor para atacá-los de forma sorrateira, se divertindo ao ver os corpos serem possuídos sem nem terem a chance de revidar. As sombras não passavam de figuras humanóides em busca de um hospedeiro para possuir, não tinham forma e sequer podiam ser tocadas, por isso não podiam ser detidas.
Se uma sombra aparecer em sua frente, não havia o que fazer.
Não havia nenhum registro na história sobre alguém que havia se salvado de uma sombra manipulada pelo rei das trevas, mas isso mudaria hoje.
Um fleche de luz cortou a escuridão que rodeava o rei, e um grito estridente ecoou por todo o campo de batalha, algo que nunca havia sido escutado antes.
Olhou horrorizado para uma das suas sombras caídas no chão, tão escura quanto um buraco recém aberto.
A viu ser pisoteada por uma soldado de armadura dourada, e bastou erguer o olhar para reconhecer o soldado pessoal do rei do Sol, a máquina mortífera que obedecia todas as suas ordens.
A armadura dourada brilhava em toda a sua glória, como se aquele soldado fosse um verdadeiro campeão saído de um conto fantasioso. Qualquer pessoa se sentiria intimidada com a sua presença, mas o rei não se sentia abalado, só se questionava em como ele havia conseguido matar algo que sequer podia ser tocado.
— Como fez isso?
— Está assustado, Rei das Trevas?
— Não. — foi sincero. — Curioso, eu diria.
O soldado não acreditou, soltando uma risada amarga.
— Hwang HyunJin — o nome soou amargo. — Vim derrotar você.
— O rei do Sol é tão fraco que precisa mandar o cachorrinho dele vir me morder...
— Nada do que disser vai me abalar. — garantiu, erguendo a espada em sua frente. — Esse é o seu fim, Hwang!
Dito isso, o soldado avançou em sua direção, mas ele foi mais rápido em bloquear a investida.
Normalmente faria alguma piadinha em momentos como esse, mas uma ânsia fora do normal o atingiu, seguido da sua cabeça girando sem parar. Não precisou pensar muito para se dar conta de que aquilo era causado pela espada do seu oponente, que estava relativamente próxima ao seu rosto e apenas a sua espada a bloqueava. Uma estranha luz emanava dela, era como se um poder fora do normal a rodeasse.

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O Traidor | Hyunin
Fiksi PenggemarO Rei das Trevas não era um homem piedoso, muito pelo contrário, ele era a crueldade em sua mais pura forma, a verdadeira personificação do terror e do horror; o único capaz de controlar as trevas e a morte como se fossem simples peças sobre um tabu...