Capítulo 18 - Chemtrails Over The Country Club

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"It's beautiful how this deep
Normality settles down over me
I'm not bored or unhappy
I'm still so strange and wild"

Annabeth levantou da cama quase que roboticamente, sentindo a cabeça latejar. Olhou-se no espelho ao lado, se deparando com sua figura sonolenta. Não dormia direito já fazia dias e seu rosto deixava bem claro. As olheiras estavam mais profundas do que de costume e os fios loiros pareciam sem vida. Os dias que havia passado na praia pareciam ter sido um devaneio. Ali, duas semanas depois, quase não conseguia se lembrar do cheiro de maresia ou do calor reconfortante do sol. A garota andou até a janela, abrindo a cortina de leve. O dia amanhecia devagar, quase parando. A luz que entrava pela recente abertura iluminava o lugar tanto quanto um pequeno abajur faria, conseguia sentir o frio que fazia do lado de fora só de olhar. Uma senhora passeava com um poodle, ambos agasalhados. Annabeth concluiu que a mulher deveria amar muito aquele cachorro pequeno e peludo para ter a coragem de sair de casa naquela temperatura.

-Lugar maldito. - Annabeth murmurou, fechando a cortina com raiva. Estava contando os segundos para voltar para casa. Quando soube que teria que fazer exames de compatibilidade com sua mãe, não fazia ideia de que teria de viajar mais de quatro horas de avião para fazer isso. Mas claro, deveria ter imaginado que os caprichos de Atena atrapalhariam sua vida. Nenhum dos mais de 60 hospitais em Manhattan serviriam para simples exames, ela PRECISAVA que fossem feitos no Minnesota, de todos os lugares.

E Annabeth absolutamente odiava o Minnesota.

Havia visitado apenas uma vez quando era mais nova, antes da separação dos pais. Ela, Atena, Malcolm e Frederick tinham ido visitar algum amigo da família que a loira já não lembrava mais o nome. Também era verão, a estação do ano preferida de Annabeth. Então imagine o desgosto da garota quando, ao colocar o pé para fora do avião usando sandálias rasteiras e uma regatinha, ela se deparou com nada mais nada menos do que neve. Neve! No verão! Foi a maior insanidade que ela já vira. Não havia sol, praias ou vendedores de sorvete. Apenas tabuleiros empoeirados de xadrez, senhoras agasalhadas que ficavam observando a neve cair pela janela de suas casas e eventualmente uma xícara de chocolate quente. A temperatura não aumentou mais de três graus no tempo que passaram lá, o que acabou com a garota tendo que passar uma semana inteira agasalhada, sem poder brincar de nada do lado de fora, exceto por fazer bonecos de neve que o cachorro da casa eventualmente destruía. Um verdadeiro inferno. Annabeth odiava o lugar desde então.

Fechou a cortina com vontade, como se não ver o lado de fora fosse mudar o cenário. Ela andou até o banheiro e tomou um banho demorado na água quente, estava com o queixo tremendo quando se enrolou na toalha. O quarto do hotel não tinha sequer um secador, então apesar de não lavar o cabelo em mais de três dias, resolveu simplesmente prendê-lo num rabo de cavalo. Colocou uma blusa azul, seguida por um suéter e então um casaco mais pesado de couro. Não estava tão frio assim comparado aos outros dias, mas Annabeth era terrivelmente friorenta, sairia enrolada no lençol da cama, se pudesse. As malas já estavam arrumadas desde a noite passada, empilhadas na ponta da cama. Ela deu uma volta geral no quarto para garantir que não havia esquecido nada e então as pegou e saiu. O peso doeu sobre os ombros e pulsos, mas pelo menos o quarto ficava na frente do elevador.

Não se surpreendeu ao ver que a mãe já estava na recepção a espera dela. O cabelo curto e castanho estava perfeitamente alinhado, apesar de ser apenas 06:00 da manhã. Ela usava calças retas escuras, uma blusa de gola alta e um sobretudo pesado com pelos de algum animal morto na gola. Tudo caia perfeitamente nela. A pele parecia saudável demais para uma mulher com mais de quarenta aos, as unhas estavam muito recentemente feitas e o perfume doce dela contaminava todo o corredor. Estava linda, como era de costume, praticamente impecável. Ninguém acreditaria se ela dissesse ter uma filha de 18 anos, muito menos que estava morrendo de câncer. Annabeth tinha raiva disso. Atena levantou o celular por apenas um segundo quando a filha se aproximou e então voltou sua atenção para o aparelho.

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⏰ Última atualização: Sep 05 ⏰

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