Capítulo 7 - Ride.

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"I am alone at midnight

Been trying hard not to get into trouble

But I've got a war in my mind"

A sala de jantar ela o lugar mais silencioso que Annabeth estivera nos últimos dias. Nenhuma palavra tinha sido dita nos últimos dezessete minutos desde que Silena saíra, desconfortável, pela porta principal da casa. A loira encarava a mãe desde então, enquanto o pai parecia bastante próximo de ter um aneurisma a qualquer momento. Atena dava pequenos e descontraídos goles no chá de camomila posicionado na sua frente, provavelmente já estava frio naquela altura.

- Então? Você não vai falar o que caralhos está fazendo aqui? - Annabeth disse, os braços cruzados e postura ameaçadora, o pai suspirou baixo ao seu lado. Atena sorriu levemente ao bebericar o chá pela última vez, a serenidade da mulher fez o sangue da loira ferver.

- Deuses, toda vez que você abre a boca sai algo grosseiro. Tenha educação, criança.

- Desculpa, é que acho que minha mãe nunca me ensinou como. - A garota respondeu com um sorriso. A voz carregada de cinismo fez com que a expressão da mais velha se fechasse.

- Não seja ridícula, Annabeth. O seu vitimismo não vai me afetar, então nem tente.

- Calma, VITIMISMO? - A loira bateu a mão com força na mesa, o que fez com que o pai se assustasse. Atena, por outro lado, não parecia muito impressionada. - Você ABANDONA sua família inteira, DUAS CRIANÇAS e simplesmente some completamente do mapa, nos deixando saber de você apenas por matérias em jornais. Me diga, se não somos as vítimas da história, quem é? Você? - A mulher suspirou calmamente, os olhos vazios analisando cada detalhe do rosto furioso da filha.

- Eu não posso dizer que estou muito surpresa que você se tornou exatamente igual ao seu pai, mas acho que ainda esperava que você fosse menos patética. - A loira travou o maxilar. A vontade que tinha era de desmanchar completamente aquele coque perfeitamente alinhado dela até que todos os fios estivessem completamente fora da cabeça.

- Atena, eu vou ter que interromper você - Frederick disse, por fim. - Se você veio até minha casa para me ofender e ofender nossa filha, por favor, vou pedir para que você saia. Mas caso tenha algo importante a falar, peço que seja direta. - A mulher revirou os olhos e respirou fundo.

- Bem, acho que não há por que fazer mais pretextos, não planejo ficar muito tempo. - A mulher cruzou as pernas, posicionando ambas as mãos em cima do joelho – Estou doente. - Anunciou como se esperasse uma reação. Quando percebeu que não a teria, continuou - Não doente resfriada ou pneumonia. - Ela suspirou mais uma vez, como se ainda estivesse tentando se acostumar como o que estava dizendo – Estou com Leucemia, LMA, para se mais exata. Medula óssea e... Enfim. Estou doente. - Annabeth arqueou uma das sobrancelhas, talvez se perguntando onde ela queria chegar com aquela conversa. Alguma coisa em sua consciência a causou um aperto no peito. Não sabia se inconscientemente o fato de que a mãe estava morrendo a deixava apreensiva, ou se sentia culpada por não sentir tristeza alguma. De qualquer forma, ela se manteu calada.

- Eu sinto muito, Atena. Qual... Qual o estágio? - O pai disse. Ao contrário da filha, Frederick parecia genuinamente abalado, como se tivesse ganhado 10 anos de vida no último segundo, os olhos já fundos pareciam mais cansados do que o normal. Annabeth pensava o quão puro o homem tinha que ser para ainda se compadecer tanto daquela criatura. Era algo que sempre se sobressaia sobre sua personalidade, Frederick era doce, incapaz de guardar rancor. Nunca em toda sua vida o ouvira falar algo ruim de sua mãe, apesar de tudo o que ela os tinha feito passar. A garota por outro lado sempre fora orgulhosa, não necessariamente tendo dificuldade para perdoar, mas sim para esquecer. Se questionava as vezes se havia herdado aquilo da mãe.

Checkpoint - Love Is a LaserquestOnde histórias criam vida. Descubra agora