Capítulo 3 - Body Language

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" I think I need something new

Something you got for me."

Annabeth tinha passado os últimos três dias inteiros num ciclo incansável. Ela desbloqueava a tela do celular, olhava a pequena e inconveniente notificação que pairava acima do aplicativo recentemente baixado, sentia cócegas em seu estômago e então bloqueava o aparelho novamente. Estava terminando de pôr a mesa para o jantar enquanto seu pai finalizava a macarronada, tinha o celular em uma das mãos e o prato em outra. Estava o posicionando sobre a mesa quando uma nova notificação a tirou a atenção, continuou descendo o objeto para a superfície, mas os olhos estavam na tela.

- Ei, ei! - O pai exclamou enquanto se aproximava. Frederick rapidamente segurou o copo de vidro na mão da filha, que estava prestes a colocá-lo na beirada da mesa. - O que você tanto olha nesse celular? Está desatenta desde que chegamos de viagem, quase quebrou o copo.

- Aí, pai. Desculpa. Eu estou só... lendo um arquivo.

- É mesmo? Sobre o quê?

- Prédios.

- Só... Prédios?

- Prédios no Egito.

- Ah sim, parece ser interessante. Vou pegar a macarronada. – O pai saiu da sala de jantar e Annabeth agradeceu mentalmente por ele não ser do tipo de perguntar demais. Sentou-se na mesa e olhou pôr fim a tela do pequeno aparelho, mas a notificação era só um alerta de pouco espaço de armazenamento. A loira suspirou e posicionou o celular ao lado do prato. Apoiou o queixo na mão, encarando um dos quadros na parede atrás da mesa, sentia-se frustrada e ansiosa, mas não conseguia descobrir exatamente o porquê. Talvez estivesse com medo do que significava interagir de fato com alguém naquele aplicativo. Tinha mantido uma fidelidade sem fundamento a Luke durante anos e apesar de ter se envolvido com alguns garotos aqui e ali, não era nada como isso.

Um dos garotos ela conhecera no aniversário de 14 de Silena, um menino ruivo, quase tão baixo quanto ela. Ele a pediu um beijo e como estava entediada, disse sim. Ele beijava um pouco estranho e tinha lábios muito gelados. Quando a loira fez 15, um garoto da escola disse estar apaixonado por ela, mas a garota o rejeitou. O deu um beijo de desculpas para deixá-lo mais feliz e apesar de ter sido melancólico, obteve a proeza de ser melhor que o que tivera com o garoto ruivo. O único casinho que se envolvera de fato foi Adrian. Ele era um garoto mais velho, alto e moreno. Annabeth o conhecera numa das festas que Thalia a arrastara quando tinha 16 anos, ele tinha 20. Óbvio, não era exatamente ideal se envolver com alguém daquela idade, mas Adrian tinha olhos castanhos lindos e Annabeth muitos hormônios. Eles passaram a ficar várias vezes considerando que por um período de tempo o garoto marcava presença em todas as festas que seus amigos organizavam, mas os dois não tinham nada em comum, não nada sério, nenhum dos dois demonstrava muitos sentimentos além da atração mútua e tampouco passavam dos beijos.

Aquilo não era a mesma coisa. Annabeth não podia negar que além dos pensamentos mórbidos das últimas semanas, ela conseguia esquecer de Luke por alguns míseros segundos quando se lembrava do garoto que discutira por poucos minutos e beijara por tempo insuficiente no dia da festa de formatura. Ainda conseguia lembrar dos lábios dele, do humor provocante que tinha conhecido tão brevemente. Ele a tinha deixado com um gosto de quero mais, como comer uma única unidade de bis de uma caixa.

Percy era intrigante, ele era algo novo. Algo que Annabeth precisava. Não podia passar o resto da vida se lamentando por perder algo que nunca fora seu, era ridículo. Nunca seria tão jovem e cheia de vida quanto naquele momento. A loira bateu a mão decididamente na mesa e agarrou o celular. O aplicativo brilhou na tela, a notificação vermelha parecia desafiá-la. Pressionou sobre a tela e ele se abriu. O moreno ainda estava na página principal, esperando uma resposta. A foto principal de Percy era impecável, ele estava sentado na areia de alguma praia linda, ensolarada e de água tão azul que parecia de mentira. Estava sem camisa e sorria enquanto fazia carinho num cachorro grande e de pelo negro. Annabeth deslizou a foto para a direita e uma mensagem surgiu na tela.

Checkpoint - Love Is a LaserquestOnde histórias criam vida. Descubra agora