"I'm not in love
It's just a game we do
I tell myself I'm not that into you"
Annabeth estava sentada num balanço no meio de um parquinho. Os pés descalços não tocavam o chão e o joelho machucado latejava, a visão do sangue a deixava enjoada. Estava com calor e empestada de grãos de areia. Sentia o rosto molhado do suor, mas só percebeu que estava chorando quando viu a figura de sua mãe se aproximando. É um fenômeno comum entre crianças, só chorar ao ter a visão de uma pessoa de segurança. Não lembrava da última vez que sentira aquilo em relação a mulher. Na verdade, não tinha a memória de alguma vez ter sentido. Quanto mais perto ela chegava, mais Annabeth percebia o quanto estava diferente. Atena tinha pelo menos 10 anos a menos e o semblante geralmente rígido, estava infinitamente mais leve, apesar de contido por preocupação. A mulher se ajoelhou na frente da garota.
- Shh, está tudo bem. Estou aqui, está vendo? - A mulher levantou as mãos e Annabeth percebeu que ela trazia consigo uma um antisséptico, gazes e uma caixa de curativos da Hello Kitty. - A mamãe só precisa passar um pouco desse remédio e logo você vai ficar bem, okay? - Annabeth soluçou um pouco antes de conseguir se acalmar.
- Mamãe, vai doer? - Quase se assustou com o quão jovem soava. A mãe franziu as sobrancelhas, um sorriso doce em seus lábios.
- Sim, docinho, vai arder. Mas só por um momento, vai arder só por um momento e então eu vou te dar um abraço tão apertado que você nem vai conseguir lembrar da dor, okay?
- Só um momento, jura? - Perguntou baixinho. A mãe assentiu.
- Isso, girassol. Só um momento. - Annabeth assentiu, dando permissão para que a mãe prosseguisse. Ela rapidamente limpou o excesso de sangue, o que doeu, mas não tanto quanto quando ela aplicou o remédio. A substância ardia muito, mas a garota contraiu os lábios, segurando as lágrimas. Por fim, a mãe colocou o curativo e sorriu calorosamente a envolvendo em seus braços em seguida. - Pode chorar, meu amor. Você foi muito corajosa. - Na segurança daquele abraço a garota não pode mais segurar o choro. A mulher afagou seus cabelos, a tranquilizando.
Annabeth abriu os olhos sem alardes, como se tivesse se programado para despertar. Deu de cara com o brilho estonteante do sol, iluminando seus arredores e aquecendo sua pele. Estava no carro de Thalia, a cabeça apoiada numa pequena pelúcia em formato de tartaruga. Piscou os olhos algumas vezes antes de arrumar a postura.
- Bom dia, bela adormecida. - A voz de Thalia soou a sua esquerda. Ela e Luke estavam retirando as bagagens do carro. Mas o veículo já estava praticamente vazio.
- Eu dormi muito?
- Desde a parada na conveniência. Dormiu que nem um bebê. - Annabeth correu as mãos pelos cabelos, temendo os ter bagunçado muito.
- Vocês deviam ter me acordado, eu teria ajudado com as malas.
- Ah, eu até tentei. Mas essa pecinha aqui ficou com pena – Ela apontou na direção de Luke com o queixo. - Disse que você fica bonitinha dormindo. - Annabeth olhou na direção do garoto com uma sobrancelha arqueada. Ele a deu um sorrisinho.
- É, você se encolhe que nem um tatu bola. - O garoto disse por fim e então saiu carregando algumas bolsas. Annabeth o encarou se afastar, boquiaberta. Thalia sorria.
- Ele me chamou de tatu bola? - A morena riu brevemente.
- Aparentemente sim, loirinha. - Thalia a deu um sorriso solidário e se afastou carregando algumas bagagens. Annabeth riu desacreditada e se encostou novamente na cadeira, o olhar focado na praia alguns metros de distância dali. Se forçou a lembrar do sonho do qual acabara de acordar. Foi um cenário extremamente familiar, mas ao mesmo tempo tão distante. Se lembrava daquele dia e sabia exatamente como ele tinha acontecido.
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Checkpoint - Love Is a Laserquest
RomantiekAnnabeth tem 18 anos e acabou de ser rejeitada pelo seu primeiro amor. Além disso, ela se depara com o início do fim da adolescência, tendo que lidar com o doce e amargo sabor da liberdade. Recém saída do ensino médio, ela recebe a notícia de que te...