Capítulo 03: Entre Motores e Provocações.

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A madrugada ainda reinava quando Billie abriu os olhos. O silêncio da casa era quebrado apenas pelo som distante dos carros na cidade que começava a despertar. Sentou-se na cama por um momento, deixando o peso da noite escorrer por seu corpo enquanto o cansaço habitual se instalava em seus músculos. Shark, seu pitbull, estava deitado no tapete ao lado, levantando a cabeça ao perceber que sua dona já estava acordada.

Com um suspiro suave, Billie se levantou, os pés descalços tocando o chão frio do quarto enquanto caminhava até o corredor. Ela tinha uma rotina clara, quase rígida. Antes de qualquer coisa, antes de enfrentar o mundo e seus desafios, ela passava pelo quarto de Finneas. Não importava quão fria ou dura ela pudesse parecer para o mundo lá fora, para ele, ela era outra pessoa. Billie sabia que seu irmão era o único elo real que restara de sua vida passada — antes de se tornar uma líder, antes de seus pais morrerem, e antes do acidente que mudara tudo.

Ao abrir a porta, Finneas estava dormindo profundamente. A cadeira de rodas estava ao lado da cama, um lembrete constante da realidade que ambos enfrentavam. Billie se aproximou, seus passos leves, para não acordá-lo. Ela se inclinou sobre ele, observando seu rosto sereno por um momento, e então depositou um beijo delicado em sua testa. Era um gesto silencioso, uma promessa de que, apesar de tudo, ela sempre estaria ali.

Shark a seguiu em silêncio enquanto ela deixava o quarto e descia as escadas. O relógio na parede marcava pouco antes das sete, mas a mente de Billie já estava a mil, preparada para mais um dia à frente de sua empresa. Ao entrar na garagem, seus olhos brilharam ao ver seu Porsche. O carro era mais do que um meio de transporte para ela — era uma extensão de seu poder, de sua precisão. Ela entendia cada detalhe daquele carro, o motor rugindo como uma fera sob seu controle.

O caminho até a empresa foi rápido. Acelerando pelas ruas, Billie sentia a familiar sensação de controle que sempre a dominava ao volante. O mundo poderia estar fora de controle, mas ali, com o volante em suas mãos, tudo estava no lugar. Hoje, porém, não era um dia comum. Ela tinha uma reunião importante pela frente — o planejamento final para o evento de moda em Paris, que sua empresa estava organizando. Um evento que colocaria sua marca no centro das atenções internacionais.

Assim que entrou no prédio da empresa, o ambiente pareceu mudar ao seu redor. Todos sabiam quem ela era e o que ela representava. Seu olhar era frio, sua postura imponente. A frieza de Billie Eilish era algo que todos ali respeitavam e temiam. Mas havia algo mais esperando por ela hoje. Algo que, em um canto da mente, Billie sabia que teria que enfrentar.

Quando entrou na sala de reuniões, foi impossível não notar Charli. A estilista estava lá, já acomodada em sua cadeira, com uma postura relaxada e um sorriso malicioso nos lábios. Ela estava usando uma minissaia que beirava o indecente, o tecido revelando mais do que o necessário. Billie não pôde deixar de notar a ousadia nas roupas de Charli, o desafio implícito que aquela vestimenta trazia consigo. Charli estava brincando com o fogo, e ambas sabiam disso.

Billie lançou um olhar rápido, controlado, mas havia algo que a incomodava na maneira como Charli cruzava as pernas, fazendo questão de exibir o máximo possível. A tensão estava no ar, e ambas sabiam disso. Era um jogo de poder, e Charli estava jogando com cartas marcadas.

— Vamos começar. — A voz de Billie cortou o ar como uma lâmina afiada, sua autoridade inquestionável.

A reunião começou com as preparações para o desfile de Paris. Seria um evento de uma semana inteira, com as maiores modelos do mundo desfilando, usando os croquis que Charli havia desenhado. O evento seria a oportunidade de solidificar o nome da empresa de Billie no mercado internacional de moda, e cada detalhe precisava ser meticulosamente planejado.

Charli, porém, parecia mais interessada em jogar seu jogo provocativo do que em discutir os aspectos técnicos do evento. Suas respostas eram sempre acompanhadas por um sorriso sugestivo, e seus olhos encontravam os de Billie com uma frequência desconcertante. Era como se ela estivesse testando Billie, desafiando-a a perder o controle. Mas Billie nunca perdia o controle.

Ao fim da reunião, quando todos estavam se levantando, Billie sentiu os olhos de Charli a seguirem, mais uma vez. Ela sabia o que estava acontecendo ali, e sabia que Charli queria ver até onde podia ir. Mas Billie não cederia. Não naquele momento. Ainda assim, ela sabia que esse jogo perigoso estava apenas começando.

Billie deixou a sala, caminhando rapidamente até seu escritório. Ela se sentou em sua cadeira, deixando-se afundar por um momento. O evento de Paris seria um sucesso, ela sabia disso. Mas o que realmente a perturbava era a constante tensão entre ela e Charli. O jogo de provocações estava longe de acabar, e Billie sabia que, eventualmente, teria que enfrentá-lo de maneira mais direta.

Mas por agora, ela precisava focar no que importava. Paris estava chegando, e havia muito trabalho pela frente.

Enquanto ela se preparava mentalmente para o próximo desafio, um pensamento sobre Charli ainda pairava em sua mente. Havia algo nela — algo maliciosamente encantador, que fazia Billie querer jogar o jogo, mesmo sabendo dos riscos. Ela fechou os olhos por um momento, permitindo-se apenas um segundo de vulnerabilidade antes de voltar à postura de sempre. Afinal, no mundo em que vivia, fraqueza não era uma opção.

Com um último suspiro, Billie se levantou de sua cadeira, decidida. O evento de Paris seria grandioso, e ela faria tudo o que estivesse ao seu alcance para garantir que sua empresa brilhasse. Mas sabia que, em meio a todo o glamour e poder, o verdadeiro desafio não estava nos desfiles ou nas roupas. Estava em Charli e no jogo perigoso que ambas estavam dispostas a jogar.

E Billie Eilish nunca fugia de um desafio.

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