Guess

Capítulo 06: A Jogada Final.

O dia mal havia começado, mas Billie já tinha o jogo traçado em sua mente. Charli, com todas as suas provocações, acreditava estar no controle, mas o poder estava nas mãos de Billie. Sempre esteve. Agora, ela iria virar o tabuleiro.

A atmosfera na empresa parecia mais pesada do que o normal. Billie, ao invés de se deixar envolver por isso, mantinha sua postura fria e calculista. Ela sabia que o próximo movimento seria crucial. Havia uma reunião importante em Tóquio, e Charli, agora a estilista oficial — pelo menos por enquanto —, era parte vital desse próximo passo.

Com o olhar fixo em Charli, que revisava alguns croquis em sua mesa, Billie decidiu: a estilista iria com ela para Tóquio. Charli, que normalmente jogava de forma provocativa, parecia não estar preparada para o convite inesperado de Billie. Era um movimento audacioso, como um jogador de xadrez pegando a rainha adversária de surpresa.

Billie se aproximou devagar, os passos ecoando pelo chão da sala. Quando parou ao lado de Charli, cruzou os braços, deixando seu olhar desafiador cair sobre a estilista, que não pôde evitar erguer os olhos, surpresa.

— Prepare suas coisas, vamos para Tóquio amanhã. — A voz de Billie era firme, sem espaço para questionamentos.

Charli piscou, claramente confusa. — Tóquio? Eu... Quer dizer, nós duas?

— Sim. Você é minha estilista oficial, não é? — Billie arqueou uma sobrancelha, como se estivesse testando o quanto Charli acreditava nisso.

— Claro, mas... Por que agora?

Billie deu um meio sorriso, um tanto enigmático, deixando Charli ainda mais intrigada. — Você vai ver.

O voo para Tóquio foi repleto de silêncio. O jogo entre elas havia mudado, e Charli sentia isso. Ela, que costumava ser a provocadora, agora sentia que estava sendo manobrada por Billie, que parecia ter assumido o papel de jogadora principal. Billie, por sua vez, estava mais fria do que o habitual, o que só aumentava o desconforto de Charli.

Enquanto Charli tentava decifrar os pensamentos da CEO, Billie estava imersa em seus próprios planos. O jogo tinha virado, e agora era ela quem ditava as regras. A frieza que exalava não era uma fraqueza, mas sim uma estratégia. Ela sabia que Charli estava acostumada a provocar, a desconcertar, mas agora seria diferente. Ela era quem provocaria, de maneira silenciosa, letal.

Quando aterrissaram em Tóquio, a recepção foi calorosa por parte da equipe local. O CEO da empresa japonesa esperava por elas para uma reunião que poderia mudar os rumos da marca de Billie. O objetivo era claro: fechar um contrato para a criação de uma linha mais ousada e vibrante, uma coleção de verão que envolvia biquínis e lingeries.

Billie, sempre no controle, apresentou Charli como sua estilista oficial. A surpresa nos olhos de Charli era palpável, mas ela não demonstrou fraqueza. Ao contrário, entrou no jogo de Billie. Durante a reunião, Billie apresentou os croquis de Charli, e a reação do CEO foi imediata. Ele estava impressionado.

— Isso é incrível, senhorita Eilish. O trabalho de sua estilista é realmente excepcional. — O CEO sorriu, e Charli sentiu o reconhecimento aquecer seu ego.

Billie permaneceu impassível, seus olhos nunca deixando os de Charli. — Foi exatamente o que eu pensei, por isso estou trazendo-a para essa nova fase da empresa.

O CEO continuou analisando os croquis, enquanto Billie explicava em detalhes o sucesso que a empresa teve em Paris e como esperavam replicar isso em Tóquio. O contrato foi fechado, e Charli se viu envolvida em um projeto de grande magnitude. O jogo estava longe de acabar, e Billie sabia exatamente o que fazer para mantê-lo interessante.
Depois da reunião, enquanto caminhavam pelas ruas movimentadas de Tóquio, Billie parou em frente a uma loja de lingerie luxuosa. Charli a observou com curiosidade, até que Billie, sem dar muitas explicações, entrou na loja.

— O que estamos fazendo aqui? — Charli perguntou, cruzando os braços.

— Procurando inspirações, é claro. — Billie respondeu de forma indiferente, seus olhos varrendo as prateleiras cheias de rendas e tecidos finos.

Charli riu, percebendo a intenção por trás da resposta vaga. — Sei... Billie Eilish procurando inspiração em uma loja de lingerie. Quem diria.

Billie não se deixou abalar pelo tom provocador de Charli. Ela estava, mais uma vez, no controle. Caminhou até uma prateleira, onde pegou uma calcinha preta rendada, com delicados lacinhos de cetim nas laterais. Segurando a peça entre os dedos, ela a ergueu para Charli ver.

— Perfeita, não acha? — A pergunta era retórica, mas o olhar intenso de Billie deixava claro que havia mais por trás de suas palavras.

— Depende. — Charli respondeu, provocativa, sem desviar o olhar. — Você quer como inspiração ou como modelo?

Billie deu um passo à frente, ainda segurando a peça de lingerie. — Você pode me mostrar como modelo, se quiser.

O ar entre elas parecia ficar mais denso, carregado de uma tensão que vinha sendo acumulada desde o início. Billie, mesmo sendo provocativa, mantinha sua fachada fria e inabalável. Charli, por outro lado, começava a perceber que estava perdendo a vantagem. Mas ela não desistiria tão facilmente. Esse jogo tinha dois jogadores, e nenhum deles estava disposto a se render.Com a lingerie nas mãos, Billie caminhou até o balcão para pagar a peça, sem dizer mais uma palavra. Charli observou, intrigada, sem saber qual seria o próximo movimento da CEO. O que ela sabia, no entanto, era que estava cada vez mais envolvida naquele jogo perigoso. Billie estava jogando duro, e Charli sentia a necessidade de estar à altura.

De volta ao hotel, Billie permaneceu reservada. Ela parecia sempre dois passos à frente, calculando cada detalhe. Charli, por sua vez, sabia que teria que jogar com inteligência para não ser completamente consumida pela presença dominante de Billie. A viagem a Tóquio estava longe de terminar, mas as regras do jogo haviam mudado drasticamente. Agora, Charli não era mais apenas a provocadora, mas também a peça que Billie manipulava com destreza.

No fundo, Charli sabia que sua maior arma era o que sempre foi: sua capacidade de desafiar e provocar. Mas seria isso o suficiente contra alguém como Billie Eilish?

Enquanto as luzes da cidade brilhavam do lado de fora, Billie, sentada na poltrona de seu quarto de hotel, observava a vista de Tóquio com olhos frios e calculistas. O jogo estava apenas começando.

E, dessa vez, Billie iria até o fim.