VINNIE HACKER
Mais uma vez, o dia se arrastava para mim.
Ultimamente, todos os dias pareciam arrastar-se sem que eu tivesse nenhum objetivo particular em mente. Minha rotina resumia-se a acordar, ir para a monotonia do trabalho, aguentar um ou dois puxa-sacos e, finalmente, voltar para casa, esperando que um bom filme passasse na TV a cabo.
Eu já tinha 24 anos. Era diretor de uma das empresas de meu pai espalhadas pelo mundo. Publicidade, acho eu. Tudo que me limitava a fazer era assinar alguns papéis após perguntar pra alguém que entendia do assunto, do que se tratavam. Tinha uma reunião ou outra com representantes de quem quer que fosse, não entendia do que se tratava todo aquele papo, mas fazia minha melhor pose de chefe. Ao final, tudo ficava como tinha que ficar. Bastava uma ordem como "resolva isso imediatamente" a qualquer subordinado, e não haviam mais problemas em meu caminho.
Eu temia estar entrando em uma forte depressão, onde não via mais motivos para me esforçar a fazer nada. Eu poderia abandonar completamente o trabalho e não haveriam consequências. Bastava uma palavra minha e as decisões eram tomadas. Presente ou ausente na empresa, eu continuava sendo o chefe direto. Tinha dinheiro de sobra, vivia com muito luxo, sempre rodeado de pessoas ricas, esnobes e com a péssima mania de serem falsas e mesquinhas.
Eu era, portanto, um homem rico, poderoso e infeliz.
Minha vida amorosa era inexistente. Eu podia ter as mulheres que quisesse, pelo preço que quisesse, o que, normalmente, eu fazia. Mas ninguém me dava a emoção de um sentimento forte e real. Algo que me desestabilizasse completamente, que me fizesse parecer muito menos do que eu sou. As mulheres as quais eu pagava não despertavam em mim nada além de uma ereção. Podia ser o suficiente durante uma noite, durante algum tempo. Mas o fato era que eu estava cansado disso.
Eu via em volta pessoas com muito menos que eu, e, ao mesmo tempo, muito mais felizes. Via o que uma relação sólida fazia com as pessoas. Os sorrisos, o brilho nos olhares. E cada vez que eu constatava que não havia nada disso para mim, eu sucumbia ao fracasso pessoal. Poderia ir à busca de mulheres certas e decentes, mas todas que achei eram interesseiras.
Não que eu fosse um daqueles empresários idosos, ricos e com uma tara esquisita por colegiais. Eu, de fato, era atraente. Conseguia notar que chamava a atenção de um número grande de mulheres. Mas a verdade é que, mesmo com o mínimo de beleza, ficava claro que todas elas se aproximavam de mim por causa do dinheiro que eu possuía.
Eu cometi o erro da inocência quando me apaixonei pela primeira e última vez.
Fiz planos de casamento, família, vida.
E ela me abandonou com as jóias, carro, casa e conta bancária que eu havia, de bom grado, oferecido a ela. Foi fácil arranjar um bom dinheiro com isso. A próxima notícia que tive foi que ela havia fugido pra algum lugar do mundo. Com o meu melhor amigo.
Eu, até hoje, estou aqui.
Por esse motivo, decidi levar uma vida leviana, já que uma vida séria não havia me dado resultados positivos.
Com toda a esperança de uma relação amorosa real perdida, não demorou até eu me render ao álcool e a mulheres fáceis. Com pouco dinheiro, conseguia mulheres todos os dias. Era fácil, era prático.
E era indolor.
ALEX
Mais um dia. Mais um pesadelo.
Com 20 anos, eu sou, atualmente, a mulher mais jovem da Casa de Yonta. Sou também a novata. Todas lá já se conheciam de longa data, eram amigas e compartilhavam da idéia de que lá era o melhor lugar do mundo, pois se sentiam protegidas e desejadas.
Todas eram, de fato, desejadas. Algo comum em casas de prostituição. Havia me mudado para lá há 2 semanas, fazendo com que aquela casa grande e parecendo até aconchegante, fosse tanto meu novo ambiente de trabalho, como minha nova casa. Eu acordava, trabalhava e dormia dentro daquelas paredes. Minha vida se resumia a isso.
Quando Yonta me encontrou na rua, trabalhando independentemente, disse que poderia me oferecer uma grande oportunidade. Havia uma vaga em sua mansão, lugar que apenas homens ricos e poderosos frequentavam. Aparentemente, para ela, era um desperdício vender meu corpo por tão pouco. Eu não era exatamente feia, tinha alguns traços delicados e uma pele, segundo alguns clientes, de seda. Era tão frágil que poderia ser facilmente confundia com uma boneca de porcelana, com a única diferença de que eu não era tão facilmente quebrável.
Não por fora, pelo menos.
Minha vida vem sendo um inferno durante muitos, muitos anos.
Aos 10, meu pai Gabriel foi uma vítima fatal de um assalto. Levou dois tiros no peito, embora não houvesse demonstrado resistência. Isso foi a gota d'água para minha mãe Priscila, viciada em fortes remédios anti-depressivos, se entregar completamente à depressão.
Com o pouco dinheiro que tínhamos, fui obrigada a abandonar a escola e me virar para tomar conta da casa, enquanto minha mãe teve que sustentar a nós duas, arranjando um emprego de garçonete em algum restaurante de beira de estrada. Cinco anos depois, conheceu um sujeito que acabou com sua vida, apresentando-a ao mundo do álcool e das drogas. Além de ir morar conosco, gastava todo o dinheiro que minha mãe conseguia com bebidas e mulheres. Tudo isso trouxe a morte precoce de minha mãe, e minha fuga para o mundo, com 17 anos.
Embora tentasse de todas as maneiras levar uma vida digna e estável, não me era possível tornar qualquer sonho real. Descobri que minhas tentativas para arranjar emprego nunca davam certo, e só então entendi que minhas virtudes como pessoa não importavam, mas sim minha aparência e meu corpo. Sem bons estudos e com poucas opções, já estava cansada de viver uma vida vazia. Embora a vida que estivesse prestes a agarrar agora apagasse totalmente minha dignidade, ao menos eu poderia alugar uma casa, saindo dos abrigos em que ficava durante as semanas.
Passei então a cobrar por "favores sexuais". Sim, é algo extremamente humilhante e asqueroso. Depois de todo esse tempo, minha visão desse quadro ainda não mudou. Me sentia suja e digna de pena em cada pequeno e vazio dia de minha vida. Mesmo assim, consegui encontrar e manter um apartamento pequeno, com um colchão, uma TV e uma geladeira velha. Não era muito, mas eu tinha um lugar pra morar.
Até que Yonta me encontrou em uma certa noite, me propondo mudanças. Então, aqui estou.
Trabalhando para Yonta, cada uma de nós fica com 65% dos lucros provenientes de nossos clientes, enquanto ela fica com os 35% restantes de cada uma, para manter a casa. Acabou se tornando um bom negócio para mim, já que estava acostumada a cobrar bem menos pelos programas que oferecia. Mesmo abrindo mão de 3/10 do meu salário, eu mantinha condições de vida melhores. Era bem tratada, atendia clientes sempre muito elegantes e morava em um lugar confortável.
Era algo que eu conseguia manter.
Ainda assim, era algo que me matava aos poucos. A cada maldito dia da minha vida.
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infos.
NESTE LIVRO você encontrará temas como prostituição, violência contra a mulher, sexo e outros conflitos humanos. tudo abordado de maneira bem explícita, então caso não se identifique com esse tipo de leitura, sinta-se à vontade para buscar um tipo de leitura que lhe agrade.
MAS NÃO SE ENGANE, este livro também fala de AMOR. não me refiro ao amor à primeira vista, mas de um sentimento construído a partir de vivencias. um sentimento que cresce sem aviso prévio, sem se prender a "momento certo" ou "território favorável". porque assim é o amor, dispensa explicação e quebra qualquer regra imposta. espero que vocês se apaixonem por eles assim como me apaixonei e desde então eles habitam meu coração.
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Entrelaçados ᵛⁱⁿⁿⁱᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳ
Fanfiction【 adp. vinnie hacker. + 🪢 】 Vinnie Hacker é um jovem homem de negócios, embora não saiba nem do que se tratam os contratos que assina. Alex é uma prostituta de luxo, que apesar de se sentir extremamente mal por isso, não encontra uma saída para mu...