38| GRAVIDEZ

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Lex.

— Não vou trabalhar hoje. — falei com o rosto enfiado no travesseiro. Vinnie parou de beijar minhas costas instantaneamente.

— Por quê? — ele perguntou, e eu já identificava o tom de preocupação em sua voz.

— Não estou me sentindo bem.

Ele deitou ao meu lado.

— O que você tem?

— Cansaço. E enjoo, de novo.

Vinnie havia me visto vomitar duas vezes naquela semana, e vinha se mostrando a cada dia mais preocupado com a minha condição. Mas como realmente queria poupá-lo, preferi esconder dele a dor de cabeça e nas costas. Eu omitia alguns sintomas unicamente porque me pareciam pouco importantes, então não era como se eu estivesse o enganando ou algo assim.

— Ok. Eu não vou trabalhar também.

Tirei meu rosto do travesseiro, encarando-o com a cara amassada.

— Claro que você vai. — falei em um tom mandão.

— Não vou. Vou levar você ao médico.

— Não precisa me levar em médico nenhum. Tenho certeza que isso vai passar...

— Você diz isso há duas semanas!

— E além disso — continuei, fingindo não ouvi-lo. — eu tenho pernas. Posso ir sozinha se passar mal.

— Até parece que vou te deixar ir sozinha nessas condições.

— Um táxi faz exatamente a mesma coisa que o seu carro.

— Não adianta. Nada do que você fale vai me convencer...

— Certo. Não era hoje que você tinha aquela reunião pela qual está esperando há um mês?

Ele continuou me encarando, possivelmente processando minhas palavras.

— Merda!

Vinnie levantou, procurando em volta alguma coisa. Quando encontrou seu celular, automaticamente começou a discar um número decorado.

— Vou avisar à Avani pra cancelar...

Pulei da cama e tomei o celular das mãos dele antes que pudesse completar o número. Voltei a deitar no colchão de bruços, com o aparelho debaixo da minha barriga.

— Quero meu celular de volta. — ele falou, tentando empregar um tom de monotonia na voz.

— Você vai trabalhar.

— Já disse que não vou. Se você piorar...

— Eu não vou piorar! Pare de me tratar como uma criança!

— Então pare de agir como uma!

— Vai à merda, Vinnie! — respondi, jogando um dos travesseiros nele. — Ou melhor, vai trabalhar!

— Não vou!

Olhei-o de maneira furiosa, sabendo que aquele era o momento de usar minha carta curinga.

— Se você não for, eu faço greve.

Ele abriu a boca, incrédulo. Sua expressão mudou imediatamente de uma segurança plena para alguma coisa do tipo "como você pôde jogar tão baixo?". A ameaça de falta de sexo era sempre uma boa opção para qualquer espécime do sexo masculino, principalmente quando se tratava de Vinnie.

Suspirei, tentando fazer com que voltássemos a conversar como adultos.

— Eu não vou piorar. Se acontecer alguma coisa, eu te ligo. Se for preciso, você pode vir aqui e me levar a um médico. Podemos fazer desse jeito?

Entrelaçados ᵛⁱⁿⁿⁱᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳOnde histórias criam vida. Descubra agora