21| CONFISSÕES

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Lex.

Bem, talvez fosse melhor se eu resolvesse me impor e simplesmente sair dali. Ele não iria ficar sozinho por muito tempo, porque eu tinha certeza que não era a única opção de companhia para um homem lindo, rico e solteiro.

Na verdade, eu era a pior de todas as opções.

Então por que diabos ele havia me escolhido?

Não fazia sentido.

De repente, me peguei desejando que ele não tivesse feito aquilo. Era claro que sua companhia ainda surtia um efeito impressionante em mim, mas eu não queria morar de favor na casa dele. Ele não era responsável por mim, e seria extremamente desconfortável viver dia a dia com a pessoa que aparentemente havia resolvido começar a me ignorar.

E se o simples fato de ser ignorada por alguém não fosse o suficiente, talvez eu devesse considerar o fato de que ser ignorada pela pessoa que eu amava era. Mais que suficiente, era um pouco além do que eu poderia suportar.

Ele poderia me ignorar longe de mim, então por que escolheu me trancar perto dele para fazê-lo? O que infernos ele queria com isso? Me machucar ainda mais? Me fazer ter sua companhia e, ao mesmo tempo, me sentir sozinha e descartável?

Não fazia sentido, porque ele nunca havia sido cruel.

Mas, fosse como fosse, eu não poderia aguentar aquilo. Se tudo pelo que eu passei até aquele momento não tivesse sido o suficiente para me derrubar de vez, aquilo certamente seria.

O relógio do criado mudo marcava agora 21:30h, e me espantei por não ter visto as horas passarem. Reunindo toda a força de vontade e coragem que me restavam, me levantei da cama e rumei para seu quarto.

Todas as luzes da casa pareciam estar apagadas. Talvez ele já estivesse dormindo. Caminhei devagar pelo corredor, testando meu controle a cada passo. Fui silenciosa, porque não queria que ele pensasse que eu estava perambulando pela casa que não era minha. Cheguei em seu quarto e empurrei lentamente a porta encostada.

Vinnie estava outra vez de pé, em frente à grande parede de vidro, encarando os carros que passavam muito abaixo de nós. Ele trajava um pijama branco, e parecia pensativo. Ao constatar que eu estava agora dentro do seu quarto, ele virou-se para mim, me encarando com uma expressão satisfeita, e não acusatória por estar invadindo seu espaço como pensei que seria.

— Está com fome?

— Não. — respondi depois de testar minha respiração algumas vezes.

— Você precisa comer alguma coisa.

— Não preciso de nada.

Ele continuou me encarando, pronunciando cada palavra em um tom de voz tão calmo que chegava a ser invejável.

— Eu posso preparar alguma coisa pra você.

— Por que está me tratando como a sua boneca?

Ele me encarou surpreso.

— Eu não estou...

— Por que me trouxe pra cá?

— Não é óbvio?

— Não, não é.

Eu fazia força para que os tremores no meu corpo não afetasse minha voz, já que eu queria passar um mínimo de segurança.

— Eu quero que você fique aqui.

— Por quê? Para tornar a brincadeira de me ignorar mais divertida?

— Não.

— Então por quê?

— Porque você tem que ficar aqui.

Entrelaçados ᵛⁱⁿⁿⁱᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳOnde histórias criam vida. Descubra agora