Capítulo Sete

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O dia estava nublado e fresco, típico de uma tarde de outono, quando decidi visitar o apartamento de Baji pela primeira vez. A atmosfera do prédio, como sempre, estava tranquila, e o leve cheiro de terra úmida que entrava pela janela do corredor me lembrava das folhas caídas no chão. Baji morava no andar de baixo do meu, e, embora o prédio fosse um lugar comum para todos, o apartamento dele parecia ter uma aura especial de calor e acolhimento.

Cheguei à porta de Baji e toquei a campainha, sentindo um misto de nervosismo e curiosidade. Baji havia mencionado que sua mãe, Ryoko, estava em casa e que seria um prazer conhecê-la. Quando a porta se abriu, a visão de Baji em um roupão confortável e com um sorriso radiante foi a primeira coisa que notei.

— Ei, Chifuyu! — ele exclamou, seu tom alegre imediatamente dissipando qualquer apreensão que eu pudesse ter. — Entre, por favor!

Segui Baji para dentro do apartamento, e a primeira coisa que percebi foi o ambiente acolhedor e cuidadosamente decorado. A sala estava iluminada pela luz suave de uma lâmpada de mesa, que lançava um brilho quente sobre os móveis de madeira clara. As paredes eram adornadas com fotografias emolduradas e obras de arte que pareciam refletir a personalidade criativa de Baji. As cores eram quentes e convidativas, com tons de creme e terra que criavam um espaço calmo e relaxante.

A cozinha, visível a partir da sala, estava repleta de aromas deliciosos. O cheiro de comida caseira estava no ar, e eu pude ver Ryoko, a mãe de Baji, de pé em frente ao fogão. Ela era uma mulher de estatura média, com cabelos escuros e lisos que caíam suavemente até os ombros, e uma expressão gentil e serena. Usava um avental estampado, e o contraste entre o seu jeito cuidadoso e a simplicidade do avental criava uma sensação de familiaridade e conforto.

— Olá, Chifuyu! — Ryoko disse com um sorriso caloroso, enquanto se virava para nos cumprimentar. — É um prazer finalmente conhecê-lo. Baji falou muito bem de você.

— O prazer é todo meu, Sra. Ryoko — respondi, tentando transmitir a sinceridade da minha impressão. — O cheiro da comida está incrível.

— Ah, é apenas algo simples — Ryoko respondeu, com uma risada suave e uma leve cor de rosa em suas bochechas. — Estou preparando um jantar leve. Fique à vontade e faça como se estivesse em casa.

Enquanto Ryoko continuava a preparar o jantar, Baji me levou para um tour rápido pelo apartamento. A cozinha, apesar de pequena, era muito funcional, com armários de madeira clara e bancadas de mármore branco que davam um toque elegante. Havia uma mesa de jantar na cozinha, com cadeiras confortáveis e uma toalha colorida que contrastava com o ambiente.

— Vou te mostrar as fotos e as lembranças de família — Baji disse, conduzindo-me pela sala. Ele apontou para algumas fotos na parede, cada uma delas mostrando momentos felizes e memórias familiares. Havia fotos de viagens, festas e momentos simples, mas todos capturavam uma sensação de alegria e amor.

— Essas fotos são incríveis — eu comentei, observando as imagens com interesse. — É claro que você tem uma grande afeição por capturar a beleza das pequenas coisas.

— Sim, sempre gostei de registrar momentos especiais — Baji concordou, com um sorriso nostálgico. — Minha mãe sempre foi uma grande inspiração para mim.

A conversa foi interrompida quando Ryoko anunciou que o jantar estava pronto. Sentamos à mesa, e o aroma do prato de arroz com legumes salteados era irresistível. O jantar foi uma experiência simples, mas cheia de calor e carinho. Ryoko preparou o prato com tanto cuidado, e a refeição foi acompanhada de conversas descontraídas que me permitiram conhecer melhor a dinâmica familiar de Baji.

Enquanto comíamos, Ryoko compartilhou histórias sobre a infância de Baji, suas viagens em família e as pequenas tradições que eles mantinham. Havia um senso de conforto e familiaridade que eu não havia experimentado em muito tempo. O carinho e a dedicação de Ryoko para com Baji eram evidentes em cada palavra e gesto, e eu me senti verdadeiramente acolhido.

— Lembro-me de quando Baji era pequeno e adorava correr pela casa com uma câmera de brinquedo — Ryoko comentou com um sorriso afetuoso. — Ele sempre capturava os momentos mais engraçados e adoráveis.

— Parece que você sempre teve um talento para isso — eu disse, olhando para Baji com um sorriso. — E é ótimo ver como sua paixão por fotografia evoluiu ao longo dos anos.

Após o jantar, Ryoko se ofereceu para nos ajudar a limpar a mesa, e nós conversamos um pouco mais enquanto arrumávamos a cozinha. A sensação de estar em um ambiente tão acolhedor e familiar foi um alívio reconfortante. A presença de Ryoko criou um espaço onde eu me senti à vontade para relaxar e ser eu mesmo, algo que não era tão comum para mim.

Quando chegou a hora de me despedir, Ryoko me deu um abraço caloroso. — Foi um prazer conhecê-lo, Chifuyu. Espero que possamos nos ver mais vezes.

— O prazer foi meu, Sra. Ryoko. — Eu respondi com um sorriso sincero. — A noite foi realmente especial. Agradeço muito pela hospitalidade.

Enquanto eu me dirigia para a porta, Baji estava ao meu lado, seu olhar expressando um sentimento de satisfação. — Obrigado por vir — ele disse. — Estou feliz que você teve uma boa experiência.

— Eu também estou — eu respondi, sentindo uma sensação de gratidão. — Sua mãe é incrível, e a noite foi realmente agradável.

Quando deixei o apartamento de Baji e voltei para o meu próprio, eu me senti comovido pela experiência. A visita ao apartamento de Baji havia sido mais do que apenas um encontro social; havia sido uma oportunidade para me conectar com algo genuíno e significativo. A maneira como Ryoko cuidava de Baji e a forma como ela me fez sentir bem-vindo foram um lembrete poderoso da importância das relações humanas e do calor que pode ser encontrado em ambientes verdadeiramente acolhedores.

A noite foi tranquila, e eu deitei-me na cama pensando sobre a visita. A experiência havia me deixado com uma sensação de paz e um novo entendimento sobre a importância de se conectar com as pessoas ao nosso redor. O calor e o carinho que recebi de Ryoko foram um contraste reconfortante com minha própria experiência familiar, e eu senti que a amizade com Baji estava se aprofundando de maneiras que eu nunca havia imaginado.

O Garoto do Andar de BaixoOnde histórias criam vida. Descubra agora