Prologo(01)

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(/Nota do autor: Se você está lendo isso, muito obrigado! Aviso que essa e a minha primeira fanfic, tentarei a atualizar em um ritmo mais ou menos regular. Já tenho mais alguns capítulos prontos, e estou aberto a críticas e sugestões. Caso encontre algum erro ortográfico, de continuidade, inconsistência na trama, ou algum outro defeito, porfavor, comente par que eu possa corrigí-los/)



Os últimos três dias foram um verdadeiro turbilhão, difíceis de processar. Victor tentava, sem sucesso, absorver tudo o que havia acontecido desde então. Ele se encontrava em um estado de confusão, onde nada fazia sentido, mas ao mesmo tempo, a realidade era impossível de negar. A pergunta martelava em sua mente: ele realmente havia reencarnado? Transmigado? Não importava qual era o termo correto, o fato é que estava vivendo em um novo corpo, em um novo mundo, completamente diferente de tudo o que conhecia.

Sentado em um ambiente tenuemente iluminado, ele sentia a textura suave dos pelos que agora cobriam suas mãos. Eram muitos, muito mais do que qualquer ser humano deveria ter. Quando olhava ao redor, o ambiente lhe parecia vagamente familiar, mas ao mesmo tempo tão alienígena. Cada vez que seus olhos se encontravam com outro ser, o pânico e a descrença só aumentavam. Não eram pessoas, pelo menos não como ele as conhecia; eram animais antropomórficos, criaturas que ele só tinha visto em desenhos animados ou em alguma subcultura da internet. Todos ao seu redor, sem exceção, eram furrys. Um pensamento ridículo, se não fosse tão real.

A gravidade da situação se intensificava ao perceber sua própria condição: ele era um bebê. O tamanho diminuto de seu corpo, o fato de estar deitado em um berço, as barras que o cercavam... Tudo indicava isso. Sentia-se preso em uma jaula, um prisioneiro em um corpo que não era seu. O cheiro de madeira antiga do berço e o suave farfalhar das cobertas ao seu redor só serviam para reforçar o sentimento de impotência. Era muita coisa para processar de uma só vez.

Três dias antes, Victor lembrava-se claramente da dor aguda que o atravessou. Uma dor cortante, insuportável, que o fez ver tudo em branco. Era apendicite, os médicos disseram, e o sedaram para a cirurgia. Mas ele nunca mais acordou naquele corpo. Agora, encontrava-se aqui, longe de tudo o que conhecia, distante do mundo humano. A única explicação que sua mente conseguia formar era que havia morrido durante a cirurgia.

A morte... Victor nunca pensou que viria tão cedo, e de uma forma tão banal. Não havia nem completado 30 anos e já estava morto. O pensamento o consumia, a injustiça de tudo aquilo. O mundo continuava, mas ele havia sido arrancado de sua vida sem aviso. Victor era um homem com planos, sonhos que ainda não havia realizado. As lágrimas começaram a escorrer enquanto ele pensava em tudo o que havia deixado para trás. Como estavam seus irmãos agora? Sua família, os poucos laços que lhe restavam? Seus pais já haviam falecido há anos, mas ele ainda era muito próximo dos irmãos. E agora, eles estavam sozinhos.

E o que dizer de sua carreira? Toda a dedicação aos estudos, às horas intermináveis em frente ao computador, cursos de TI, programação, marketing... Tudo parecia tão fútil agora. O arrependimento era uma sombra que pairava sobre ele, uma dor quase tão aguda quanto a que sentiu antes de morrer. Se ao menos ele tivesse vivido mais, aproveitado mais. Mas como poderia saber que o fim chegaria tão repentinamente? Todas aquelas noites solitárias de trabalho, as festas que recusou, as amizades que deixou de lado... Agora, tudo isso parecia tão sem sentido.

Os pensamentos o consumiam, levando-o a uma espiral de tristeza e frustração. Ele estava aceitando tudo aquilo com uma estranha facilidade, o que o preocupava ainda mais. Talvez fosse o choque, talvez o desespero, mas o fato é que ele mal conseguia chorar, pelo menos não mais. No primeiro dia, sim, ele chorou como nunca havia chorado antes. A dor da perda, o medo do desconhecido, tudo isso o levou a um colapso, a ponto de atrair a atenção das criaturas ao seu redor.

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