(Nota do autor: Muito obrigado por todos que estão lendo até aqui! Esse capítulo ficou um pouco curto, então, como compensação, irei lançar mais um na sexta feira!! Por favor, me digam oque acham da história até o momento!!!)**11/05/111**
Issa estava se perguntando, mais uma vez, se as decisões que a equipe havia tomado eram realmente as melhores. Ela queria, desesperadamente, acreditar que todos estavam preparados para lidar com situações adversas envolvendo os órfãos. Cada um dos cuidadores tinha experiência considerável, e ao longo dos anos, tinham visto e lidado com quase todos os tipos de comportamentos. Mas Yawara... Yawara era diferente. Ele era o tipo de desafio que ninguém poderia prever.
Ela estava sentada na sala de descanso da equipe, uma sala simples, porém acolhedora, com móveis de madeira escura e sofás confortáveis que permitiam a todos os cuidadores um momento de paz entre as tarefas diárias. Uma mesa retangular ocupava o centro do ambiente, onde Issa repousava os braços, pensativa. Ao seu redor, prateleiras com materiais administrativos e livros estavam cuidadosamente organizadas, e uma pequena janela deixava entrar a luz do meio-dia, iluminando o ambiente de forma suave. O som distante de pássaros e o leve burburinho do orfanato ao longe eram as únicas interrupções no silêncio confortável.
Ela soltou um longo suspiro, o tipo de suspiro que carregava semanas de preocupações acumuladas. A equipe era competente, ela sabia disso. William, Neji, ela mesma, e todos os outros, tinham anos de experiência lidando com filhotes, crianças e jovens. Eles tinham enfrentado crises de comportamento, temperamentos explosivos, e filhotes que eram extremamente tímidos. Mas Yawara... ele era algo que não estavam preparados para lidar.
Depois da conversa que Issa havia tido com William semanas atrás, ele decidiu trazer a questão para o restante da equipe. Todos os cuidadores se reuniram, e William, de maneira séria, expôs suas preocupações. Eles discutiram como proceder com o caso de Yawara. A conclusão era clara: o comportamento de Yawara não era o de um filhote normal. Mesmo entre os mais introspectivos, ele se destacava como alguém que simplesmente não se encaixava nos padrões. Não era apenas sua quietude que chamava a atenção, mas a maneira como ele se afastava emocionalmente de tudo ao seu redor, observando o mundo como se estivesse separado dele.
Issa rememorava a reunião em que todos concordaram com uma coisa: Yawara não era como os outros. Isso era um fato inegável, mas era uma coisa identificar o problema; outra completamente diferente era decidir como lidar com isso. O desafio maior era o próximo passo. Como ajudar alguém que parecia tão desconectado?
O pensamento lógico seria simples: levá-lo a um profissional. Consultá-lo com um médico ou um psicólogo especializado. Era a solução mais óbvia e responsável, e também a primeira que surgiu na cabeça de Issa. Mas então, Juan, o diretor, foi bem claro em relação a um problema maior. Recursos. A pequena cidade onde viviam, embora organizada e bem estruturada, simplesmente não tinha especialistas na área de psicologia infantil. Médicos gerais estavam presentes, mas nenhum deles tinha a formação necessária para lidar com questões psicológicas ou neurológicas mais complexas.
Issa esfregou as têmporas, enquanto seu olhar vagava pela sala. A luz que entrava pela janela agora era mais forte, iluminando o chão de madeira de uma maneira quase reconfortante. Mas ela não conseguia relaxar. A situação de Yawara era,complicada. Se ele realmente tivesse algum problema psicológico ou neurológico, não seria tão simples como levá-lo a um médico local. Eles precisariam buscar ajuda em uma cidade maior. Geleobra, provavelmente, uma cidade de médio porte, mas com melhores recursos.
Esse pensamento trouxe mais frustração a Issa. Trazer um médico até o orfanato? Talvez fosse possível, mas caro e complicado. Ou então alguém teria que levar Yawara para a avaliação na cidade. E por mais que ele fosse um filhote tranquilo, o desconforto de uma viagem longa poderia ser complicado. Juan havia saído em viagem para tentar resolver essa questão, buscando informações e ajuda. Ele havia dado instruções claras à equipe:ntenham paciência. No entanto, essa paciência parecia cada vez mais difícil de manter.
Issa soltou outro suspiro profundo e olhou para o relógio de parede, cujos ponteiros giravam lentamente. O tempo parecia mais lento naquele dia. A maioria das crianças estava na escola, com exceção dos filhotes mais novos, que corriam de um lado para o outro pelo orfanato. A responsabilidade de cuidar deles naquele momento estava nas mãos de Lina, William, Dexter e Lariy. Eles sempre se revezavam, permitindo que os outros cuidadores pudessem ter pequenos momentos de descanso como esse, em que a pressão parecia diminuir um pouco.
O sistema de rodízio que o orfanato utilizava funcionava muito bem. Cada cuidador tinha seu dia de descanso, ou pelo menos algumas horas para relaxar e recarregar as energias. Mas, para Issa, o descanso parecia elusivo. Sua mente continuava agitada, incapaz de se desligar das preocupações.
Ela estava tão perdida em seus pensamentos que quase não ouviu quando Neji entrou na sala. O grande urso polar abriu a porta com um rangido suave, suas garras raspando levemente o chão de madeira enquanto se dirigia à cadeira que sempre usava. A cadeira de Neji era maior e mais reforçada do que as outras, feita sob medida para suportar seu tamanho imponente. Ele se sentou com um sorriso tranquilo no rosto, como se estivesse acostumado a trazer calma a qualquer ambiente.
"Bem, você parece que está com a cabeça cheia," disse Neji, com sua voz grave e suave ao mesmo tempo, enquanto observava Issa de sua cadeira.
Issa suspirou novamente, um pouco mais leve dessa vez, e virou-se para o urso polar. "Bem, sim, acho que você já sabe sobre quem é," ela respondeu, sua voz carregada de confusão e preocupação. Ela sabia que Neji entenderia imediatamente.
Neji riu suavemente, sua risada profunda ecoando pela sala, mas de uma forma que não quebrava o silêncio reconfortante. Ele se levantou da cadeira, caminhando até uma pequena geladeira que ficava no canto da sala. Com movimentos tranquilos, ele pegou duas garrafas de água gelada, serviu dois copos e voltou para a mesa. "Aqui, você precisa se hidratar um pouco," disse ele, estendendo um dos copos para Issa.
Ela pegou o copo com um sorriso agradecido, sentindo o frescor da água fria em suas mãos, e começou a beber lentamente. O gelo na água gelada parecia aliviar não apenas sua sede, mas também o cansaço mental que a acompanhava.
"Sim, Yawara," disse Neji, após dar um grande gole na sua água. Ele descansou o copo na mesa com um baque suave, olhando para Issa com um olhar mais sério. "Aquele filhote realmente está deixando toda a equipe desconcertada. E agora, com Juan fora, parece que tudo está parado."
"Ele está indo para Geleobra," comentou Issa, enquanto mexia o copo entre os dedos. "Lá ele vai conseguir informações sobre como devemos proceder. Mas, honestamente, eu me pergunto se será o suficiente. Não sabemos quase nada sobre o que está acontecendo com Yawara."
Neji assentiu. "Provavelmente ele conseguirá marcar a data para uma primeira avaliação. A dúvida agora é se o médico virá até aqui ou se vamos ter que levar Yawara até ele."
Issa olhou para o relógio novamente, observando os ponteiros que se moviam lentamente. "Provavelmente teremos que levá-lo até lá," disse ela, finalmente. "Mas, para ser sincera, não acho que ele vá dar muito trabalho para quem for. Talvez... preocupação, sim. Mas trabalho, não."
Neji riu levemente, levantando-se da cadeira. "Sim, ele não é difícil de lidar. Apenas... confuso. Há algo nele que simplesmente não conseguimos entender. Bem, eu preciso voltar para os meus afazeres. Nós vemos depois, Issa."
Issa assentiu, sorrindo para ele. "Sim, até depois, Neji."
Quando Neji saiu, fechando a porta atrás de si, o silêncio voltou a dominar a sala de descanso. Issa permaneceu sentada por mais alguns minutos, olhando para o copo de água agora meio vazio em suas mãos. Yawara continuava a ser um mistério, e por mais que tentassem, ninguém parecia ter uma resposta. Mas uma coisa era certa: eles não iriam desistir. Não enquanto houvesse uma chance de fazer o melhor pelo pequeno lobo-guará.
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²°Chance em um Mundo De Bestas (Beastars)
FanfictionBem, se adaptar a novas situações são sempre difíceis! Mas humanos possuem um dom de adaptação surpreendente. Mas, ele não era mais humano, e esse mundo não era mais o mesmo que ele viveu, esse mundo era para ser somente ficção! (Essa é minha primei...