capítulo 04

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(Nota do autor: Considerem esse capítulo mais uma expansão de mundo, mostrando mais do funcionamento do orfanato. Nada de realmente significativo acontece para o roteiro da história. Próximo capítulo na quarta! Obrigado por lerem.)

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**21/04/111**

O dia começou de forma absolutamente normal para Yawara, com ele acordando mais tarde do que o habitual. Afinal, era domingo. Um dia de descanso, sem as obrigações da escola ou qualquer tarefa que o incomodasse. Ele, por um momento, pensou que seria um dia tranquilo, mas logo perceberia que não era bem assim.

Depois de se espreguiçar lentamente em sua cama, ele se levantou com o corpo ainda sonolento, seus pelos desgrenhados e olhos semicerrados. O dormitório do orfanato estava calmo naquele momento. A luz suave do sol da manhã filtrava-se pelas janelas, jogando sombras quentes sobre as camas bem organizadas. O cheiro de lençóis limpos misturado com o ar fresco de domingo fazia o ambiente parecer mais leve, quase acolhedor.

Yawara se dirigiu ao banheiro, desfrutando do privilégio de não ter ninguém batendo na porta para apressá-lo. O orfanato, embora modesto, tinha um banheiro surpreendentemente decente, uma sala média dividida em quatro cubículos de cada lado, cada um com uma pequena banheira, uma pia simples e um sanitário. A sala, revestida com azulejos de cor creme e branco, mantinha uma aparência organizada, embora carregasse aquele leve cheiro úmido característico de lugares constantemente usados por muitas crianças.

Normalmente, banhos não podiam demorar muito. Sempre havia uma fila de filhotes ansiosos para entrar, e o som constante de batidas na porta e vozes impacientes se fazia ouvir. Mas hoje era domingo. Domingo era diferente. Principalmente para aqueles que, como Yawara, se davam ao luxo de perder o café da manhã em troca de um longo e tranquilo banho. A água quente caía sobre seu corpo peludo, relaxando cada músculo. Ele aproveitava o momento de paz, a sensação da água lavando o cansaço da semana, sabendo que era um pequeno preço perder a primeira refeição do dia, e ganhara esse momento de tranquilidade.

Depois de sair do banho, Yawara secou-se rapidamente com a toalha macia fornecida pelo orfanato e vestiu um conjunto de roupas padrão.  O tecido, embora simples, era confortável e adequado para a rotina do orfanato. Ele guardou suas roupas sujas em um cesto no fim do corredor, onde os cuidadores iriam coletá-las para a lavagem.

Ao caminhar pelos corredores do orfanato, Yawara notou o movimento rotineiro de alguns filhotes mais novos, ainda agitados após o café da manhã. O som de risadas e conversas infantis ecoava pelos longos corredores. As paredes de madeira polida, adornadas com alguns quadros coloridos feitos pelas próprias crianças, refletiam a luz do sol, criando um ambiente que, apesar de modesto, tinha um certo charme acolhedor.

Seu destino era a biblioteca, um dos seus lugares favoritos no orfanato. Quando entrou, foi recebido pelo silêncio reconfortante do espaço. A biblioteca era pequena, porém acolhedora, com estantes altas de madeira cheias de livros antigos e modernos. O cheiro de papel envelhecido misturado com o leve odor de tinta das capas dos livros novos sempre trazia uma sensação de conforto a Yawara. As cortinas leves balançavam suavemente com a brisa que entrava pelas janelas semiabertas.

Ele caminhou calmamente até uma das estantes e, após um breve momento de indecisão, pegou um livro sobre pintura. Não era uma escolha muito entusiasmante, mas suas opções eram limitadas. De qualquer forma, qualquer leitura era melhor do que ficar entediado. Yawara se acomodou no familiar puff verde, que já havia se moldado ao formato de seu corpo por tanto tempo de uso, e começou a folhear as páginas do livro.

Os minutos passaram rapidamente enquanto ele se perdia nas imagens e nas explicações do livro. A tranquilidade do ambiente fazia com que o tempo fluísse de maneira quase imperceptível, até que, cerca de quarenta e cinco minutos depois, o som suave da porta se abrindo o tirou de seu devaneio. Ele levantou o olhar e viu a figura imponente, mas sempre sorridente, de Issa, a cuidadora jacaré.

²°Chance em um Mundo De Bestas (Beastars)Onde histórias criam vida. Descubra agora