Tdah?

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O hospital era um lugar que as três preferiam evitar, a menos que fosse estritamente necessário. Porém, naquela manhã, Nayeon estava com uma insônia e inquietação que não parecia nunca parar, o que as fez decidir que era hora de procurar ajuda médica.

Jeongyeon dirigia enquanto Jihyo, sentada no banco de trás com Nayeon, tentava distraí-la com conversas leves e carinhos na mão. Mas o olhar distraído de Nayeon e os suspiros constantes mostravam que algo mais a incomodava.

Ao chegarem no hospital, não demorou muito para serem atendidas, já que Nayeon parecia visivelmente desconfortável. A médica, uma senhora de cabelos grisalhos e óculos equilibrados na ponta do nariz, entrou na sala com um sorriso acolhedor.

— Bom dia, eu sou a Dra. Eun-Ji. Como estão? — perguntou gentilmente, olhando para as três mulheres.

— Olá, doutora. Viemos porque a Nayeon está nos últimos dias e dificuldade para dormir uma noite completa. Sempre acorda no meio da madrugada. — Jeongyeon explicou, tentando ser o mais clara possível.

— Entendo, vamos investigar isso. — A doutora se aproximou de Nayeon, pedindo que ela descrevesse seus sintomas.

Nayeon começou a falar, mas em um ponto se perdeu. — Ah, e também... hmmm... o que eu estava dizendo mesmo? Ah sim, eu também sinto uma dificuldade imensa de... sabe, focar. Minha cabeça parece estar em mil lugares ao mesmo tempo. Então eu acordo e penso em tudo que pode dar de errado no dia seguinte.

A doutora Eun-Ji franziu o cenho levemente, como se algo na explicação de Nayeon tivesse chamado sua atenção.

— Você já sentiu isso antes? Essa dificuldade em manter o foco?

— Bom, na verdade, sim... — Nayeon respondeu, um pouco surpresa com a pergunta. — Eu sempre fui assim, sabe? Meio distraída. Jihyo e Jeongyeon até brincam dizendo que eu sou "esquecida" ou "avoada". Não consigo terminar uma coisa sem começar outra.

A doutora sorriu de canto e olhou para Jeongyeon e Jihyo, como se estivesse montando uma imagem mais completa.

— E vocês já perceberam mais algum comportamento assim nela? — perguntou, dessa vez se dirigindo às outras duas.

Jeongyeon cruzou os braços, pensativa. — Sim, bastante. Ela costuma começar um projeto em casa e logo se distrai com outro. Tem vezes que temos que lembrá-la de comer porque, se for deixada sozinha, ela acaba esquecendo.

Jihyo riu baixinho, apoiando-se no ombro de Jeongyeon. — Às vezes parece que ela não ouve a gente. Fica totalmente absorta no que está fazendo, mas logo pula para outra coisa. Tipo, ontem, ela estava lendo um livro e de repente foi limpar a cozinha... no meio da leitura! Sem conta nos batuques de dedos e balançar de pernas.

Apontou para Nayeon que encarava um quadro no consultório enquanto batia os dedos na mesa e mexia com frequência os pés.

A doutora acenou lentamente com a cabeça. — Entendo. Bom, Nayeon, com base no que você me contou e no que suas esposas disseram, isso me lembra muito alguns sintomas de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, ou TDAH. Você já ouviu falar?

Nayeon piscou, visivelmente surpresa. — TDAH? Eu? Sempre achei que isso era mais comum em crianças...

— É um equívoco comum — explicou a doutora com um sorriso compreensivo. — O TDAH pode continuar na idade adulta, e em muitas pessoas não é diagnosticado até mais tarde. O que você está descrevendo, como a dificuldade de manter o foco, esquecer de fazer coisas, se distrair facilmente, tudo isso pode ser um sinal de TDAH.

Jeongyeon e Jihyo olharam para Nayeon, que parecia absorver a informação com um misto de surpresa e curiosidade.

— Eu nunca tinha pensado nisso... — Nayeon murmurou, passando a mão pelos cabelos.

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⏰ Última atualização: Sep 10, 2024 ⏰

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