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Draco se olhou no espelho que pegava no corpo inteiro enquanto vestia a camisa. Ele havia acabado de tomar banho, estava com aquela nova sensação de limpeza expressa por toda a sua pele. Mas o calor pulsante da água não fez nada pela rigidez de seu corpo, ou pela maneira como seus nervos estavam em frangalhos, apesar de ela sempre sugerir que isso ajudava a acalmar as pessoas.
Ele continuou encarando seus próprios olhos no reflexo, porque pensava que era realmente a única pessoa a compreender o que o dia de hoje significava para ele. A única pessoa quesignificava para ele. A única pessoa que poderia realmente entender o quão longe ele havia chegado ou o que havia feito. A única pessoa que teria vontade de rir do absurdo que ele estaria fazendo dentro de poucas horas.
Fazendo uma pequena piada interna consigo mesmo enquanto abotoava a camisa, observando o pequeno plástico do botão branco deslizar pelas fendas. Ele passou duas horas escolhendo uma camisa e duas semanas olhando-a no armário enquanto pensava se estava certo naquela compra. Ela riu dele, porque ele nunca avia parado de ser tão exigente desde muito tempo. Ela teria rido de si mesmo também, de quando ela era pequena, se não estivesse tão nervoso ele nunca perceberia que ela o olhava com admiração.
É como um conto de fadas, é o que sua mãe teria pensado?
O que ela sempre dizia para descrever algo inacreditável para ele, mesmo quando ele já havia passado dos dias em que ficava esperando que ela lesse um para ele antes que ele adormecesse. Porque ele costumava fazer isso. Ele faria qualquer coisa para se certificar de que ficaria acordado o tempo suficiente para ter os olhos abertos quando ela espiasse para dentro do quarto, só para poder ouvir a natureza calmante de sua voz enquanto contava uma história para ele.
Quando ele estava realmente cansado e com medo de adormecer no conforto de sua cama e na escuridão do quarto, ele se levantava e corriaem círculos. Pulava na cama dele e voava pelo quarto, como se estivesse voando em uma vassoura. Sua mãe o encontrava na cama com uma camada de suor e o coração acelerado, mas ela sempre fingia que não sabia o que ele estava fazendo.
Ele costumava ser obcecado pelos contos de fadas que ela lia para ele e os memorizava, para poder lê-los de memória e para si mesmo sempre que quisesse. Assim que pôde, ele mesmo as leu, trabalhando nas palavras repetidas vezes. Ele brincava com seus amigos, atribuía personagens e representava seus favoritos.
Eles costumavam ser uma grande parte de seu mundo, antes de seu pai declarar, durante um jantar, uma noite, que ele estava adolescente demais para essas coisas. E foi isso. Ele parou de brincar e parou de lê-las e de receber leituras.
