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Kurt odiava cada vez que recebia chamadas e mensagens avisando que tinham um novo negócio sujo para que ele fosse o piloto de fuga

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Kurt odiava cada vez que recebia chamadas e mensagens avisando que tinham um novo negócio sujo para que ele fosse o piloto de fuga. O que não sabia era que poderia odiar ainda mais quando, na noite seguinte, a mensagem que chegou dizia para que se preparasse, pois iriam sair para correr.

Uma noite de racha.

Com os homens de P.J.

E ele, como parte do grupo.

Merda.

Foi a primeira vez pegando o Camaro depois da mudança. Ele não tinha feito as pazes com o próprio carro ainda, mas foi o que o forçaram a dirigir. Pelo menos o adesivo na porta tinha sumido depois de destruí-lo da última vez.

Eles foram parar num pedaço abandonado da interestadual, com uma multidão reunida numa parada desativada. Enquanto Monaco e Roman ficaram lá, apostando o dinheiro de P.J. em corridas falidas, sem se importar em torrar a grana que não era deles, Kurt tentou manter a cabeça baixa a todo custo. Ninguém disse nada sobre participar. Ele só precisava estar lá e sobreviver à noite, nem que fosse quieto. Então ele estacionou o mais distante que pode e assistiu em silêncio, encostado na lateral do Camaro escuro.

A corrida estava cheia de carros e rostos familiares. Contatos roubados que os homens de P.J. pegaram dos antigos registros no telefone que tomaram de Kurt. O sentimento de ver os contatos de Mac sendo usados por P.J. só fazia a culpa de Kurt arder mais forte.

Não foi surpresa alguma quando ele sondou a multidão e encontrou uma figura em particular. O único que despertava seu pulso cardíaco em diferentes cantos do corpo. Nash. Provavelmente, Mackenzie tinha o enviado para se infiltrar e fazer o trabalho de sempre: observar tudo e tomar notas para passar a ele na manhã seguinte, quando conversariam sozinhos na janela, compartilhando um cigarro.

Rondando por entre a confusão de pessoas, Nash tinha aquele jeito vigilante que adquiria quando decidia analisar o cenário. Usava o boné baixo sobre o rosto, formando sombras que ressaltavam o ângulo de sua mandíbula. Tinha a jaqueta fechada, a gola alta, as mãos escondidas dentro dos bolsos.

Enquanto uma corrida ruidosa acontecia na estrada do outro lado, Kurt improvisou um esconderijo na sombra da lateral do carro, se curvando abaixo da linha do teto, onde podia usar a visão por um pedaço do vidro para espiar. Se tivesse só a si mesmo para esconder, teria sido uma boa saída. Mas o carro por si só era uma coisa a ser vista, e isso ele não conseguia esconder.

Foi claro o momento em que Nash estava escaneando todo o pátio e viu algo que o fez parar, encarando o Camaro escuro como se houvesse algo familiar nele. Kurt amaldiçoou e se abaixou ainda mais, caindo sentado junto ao pneu da frente. Sua desesperada oração foi dedicada para que Nash pensasse que estava vendo coisas e fosse para qualquer outro lugar onde tivesse informações mais interessantes para colher.

Espremendo os olhos fechados, Kurt esperou. Até que se ergueu de novo sobre os joelhos e espiou sobre a linha do capô.

Nash tinha sumido. Não estava em nenhum lugar que pudesse ver. Kurt não sabia exatamente como se sentir. No fim, escolheu alívio.

Colisão [2ª edição 2024]Onde histórias criam vida. Descubra agora