2 capítuloVoltei ao salão, ainda sentindo a intensidade do encontro com o mascarado. Troquei de roupa antes de entrar; agora vestia um longo vestido preto, elegante e sofisticado, que moldava meu corpo perfeitamente e escondia minha identidade do misterioso homem que havia acabado de beijar. Minhas mãos tremiam levemente enquanto ajeitava o cabelo, tentando me recompor.
Assim que entrei no salão, a música suave da valsa encheu o ambiente. Casais dançavam graciosamente, e meus olhos logo encontraram Ricardo em um canto, rindo e conversando com uma mulher. Meu estômago se revirou ao me lembrar da cena que testemunhei mais cedo. Raiva e mágoa se misturavam dentro de mim, como uma tempestade prestes a romper.
Endireitei os ombros, ergui o queixo e caminhei até ele com determinação. Quando Ricardo me viu se aproximando, sorriu, seus olhos brilhando ao me reconhecer, mesmo com o novo vestido.
— Sweet Child, você está deslumbrante — disse ele, estendendo a mão. — Está pronta para nossa valsa?
Meu olhar frio se fixou em suas mãos, e um sentimento de repulsa tomou conta de mim.
— Posso dançar com papai — respondi com um tom ríspido, incapaz de controlar minha voz.
Ricardo franziu a testa, confuso com minha atitude.
— Combinamos que seria eu a dançar com você, não é? — Concordei com a cabeça, então ele continuou, agora com um tom mais áspero: — Então assim será.
Olhei para sua mão estendida com nojo. Essas mesmas mãos estavam na maledetta há poucos minutos. Ele percebeu meu olhar e arqueou as sobrancelhas.
— Espero que tenha lavado as mãos — segurei sua mão com desdém. — Ficaria ofendida se me tocasse após tocar naquela puttana.
O rosto dele se contraiu, levando alguns instantes para entender do que eu estava falando.
— Che cazzo! — amaldiçoou baixinho.
Caminhamos até o centro do salão, onde ele colocou sua mão na minha cintura e começamos a valsa. Meus movimentos eram precisos, quase automáticos, enquanto minha mente vagava pelas imagens do que presenciei mais cedo.
— Você parece distraída — Ricardo comentou, tentando encontrar meus olhos. — Está tudo bem?
— Tudo ótimo — respondi, com a voz carregada de sarcasmo. — Tive uma noite... reveladora.
Ricardo franziu o cenho, ainda sem entender.
— O que quer dizer com isso?
Encarei seus olhos diretamente, sentindo a dor e a raiva borbulhando dentro de mim.
— Eu vi você, Ricardo. Entre todas as mulheres da Itália, você escolheu minha psicóloga? Você já fodeu minhas amigas, conhecidas, quase todas as mulheres da famiglia, mas minha psicóloga? Sério?
Ele vacilou no passo, quase tropeçando. Sua expressão mudou para uma mistura de surpresa e ceticismo.
— Tatiana, não é o...
— Não é o que eu penso? — sibilei, meus olhos faiscando de raiva. — E o que exatamente eu vi, então?
Ricardo tentou me puxar para mais perto, mas eu mantive a distância.
— Tatiana, eu posso explicar...
— Não, tio Ricardo. Não precisa. Não é da minha conta. — Minhas palavras eram afiadas, mas eu mantive minha compostura, recusando-me a desmoronar diante dele.
— Você tem razão — ele murmurou, limpando a garganta. — mi dispiace. É o seu aniversário, e eu não deveria ter...
— Posso te contar um segredo? — perguntei, com falsa doçura.
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Hera venenosa, spin-off de Paixão proibida
FanfictionNão tema a escuridão; tema o que se esconde dentro dela." Há muito tempo, uma batalha devastadora no céu levou o anjo mais belo e poderoso à queda. Expulso do paraíso junto com seus seguidores, ele foi condenado ao exílio e à dor eterna, abrindo cam...