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17 capítulo

Um gemido de prazer escapa dos meus lábios enquanto fecho os olhos, mergulhando na sensação arrebatadora. Meu corpo vibra, os batimentos cardíacos acelerados se misturam à sensação de mil borboletas agitadas no estômago. Um frenesi explode em mim quando o chocolate derrete na língua, misturando-se ao sabor doce e levemente ácido do morango. Gemo de prazer, saboreando cada segundo dessa experiência sublime.

— Está gostando, não é? — ressoa a voz rouca de Diego, carregada de uma confiança sedutora.

Abro os olhos lentamente, encontrando seu olhar penetrante. Sinto um estremecimento diante da intensidade com que ele me observa, como se quisesse decifrar cada reação minha.

— Está uma delícia — confesso, mal conseguindo conter um novo gemido de prazer.

— Tinha certeza de que você iria gostar — ele diz com segurança. — Agora, abre a boca — pede, levantando a colher. Obedeço instantaneamente, quase desabando para trás quando o sabor do creme de avelã se combina com a acidez do maracujá. Inicialmente amargo, logo o alívio doce chega, equilibrando o paladar.

— Isso é perfeito, meu Deus — exclamo, exasperada. O sorriso cativante de Diego se amplia, alcançando seus olhos, e, sem perceber, eu também sorrio, esquecendo por um momento o motivo sombrio que me trouxe até aqui.

— Sabe — ele começa, com um tom nostálgico —, quando eu era pequeno, minha mãe me trazia aqui. Todas as vezes, ela pedia exatamente essas mousses — seu sorriso se alarga ao relembrar. — Ela se sentava neste mesmo lugar e tinha a mesma reação de alegria que você está mostrando agora ao devorar essas maravilhas.

Mordo o lábio, contendo um sorriso, enquanto seus olhos me fitam com uma ternura inesperada.

— Então, obrigado por isso — digo, me referindo não só aos doces, mas também por não ter me forçado a falar sobre o motivo do meu choro e por ter ficado ao meu lado, em silêncio, apenas segurando minha mão. Aquele gesto simples, mas cheio de compreensão, tocou algo profundo em mim.

— Faz anos que não venho aqui — sua voz ganha um tom mais sombrio, atraindo minha atenção. — Minha mãe foi assassinada aqui — ele faz uma pausa, fitando a entrada da porta de vidro que passamos há pouco, seus olhos marejados.

— Ai, meu Deus — sem perceber, minha mão toca a sua, um reflexo de empatia que não consigo controlar. — Podemos ir embora…

Entrelaçando sua mão na minha, ele continua, sua voz trêmula, mas determinada:

— Minha mãe era uma mulher forte, alegre e sonhadora — seu olhar se volta para mim, cheio de memórias e dor. — Ela amava livros, música e dança. Assim como você, Rosa. Assisti enquanto você dançava; foi lindo. Minha mãe teria adorado você se tivesse a conhecido…

Engulo em seco, sentindo-me mal por estar aqui ouvindo coisas íntimas da vida do homem que tenho a missão de roubar e deixá-lo para ser morto. Sinto uma pontada de culpa perfurando meu coração, cada palavra dele tornando meu disfarce mais pesado.

Sinto-me uma canalha. Estou fazendo com ele o mesmo que a psicóloga desgraçada fez comigo. Quando Draco me pediu para fazer isso, jurei que estaria pronta, que seria fácil. Contudo, agora começo a duvidar da minha capacidade. Não sou um monstro, não por completo. Não sou como papai, Luke, Ricardo, Domenico. Não consigo desligar meus sentimentos dessa forma e, sinceramente, não sei se quero ser como eles. Isso significaria perder totalmente minha humanidade, me tornar um demônio vazio, sem sentimentos, um corpo sem alma.

Ainda tenho uma parte humana dentro de mim, aquela parte que tem consciência de que estou destruindo a vida de uma pessoa que mal conheço, uma pessoa que deve ter tido um passado fodido e uma coleção de traumas. Assim como eu. Me sinto pior que um lixo, pois sei que os monstros não nascem, eles são feitos. E me pego pensando: o que fizeram com esse homem?

Hera venenosa, spin-off de Paixão proibida Onde histórias criam vida. Descubra agora