degustação parte 3

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3 Capítulo

Deixo o carro de papai estacionado em frente a uma de suas boates, o som abafado da música escapando pelas paredes, mas ignoro e sigo caminhando até o hotel onde Roxana está hospedada com Tatia. Bato na porta, que se abre rapidamente, revelando Tatia com um sorriso de canto.

— Alguém está passando por uma mudança drástica de estilo — ela comenta, o olhar dela examinando-me da cabeça aos pés.

Reviro os olhos e passo por ela, entrando no quarto. Meus olhos encontram os de Roxana, que me observa com um sorriso orgulhoso. Ela está sentada em um sofá branco, casual, porém imponente, como sempre. Dimitrius está no outro sofá, de camisa aberta, com uma postura relaxada, mas o olhar afiado como lâmina. Dou uma varredura pela sala: uma garrafa de vodka meio vazia sobre a mesa, três copos usados, cigarros esmagados no cinzeiro e, claro, algumas armas espalhadas pela mesa de centro. Uma cena tão comum para nós, mas que, de algum jeito, sempre parece mais pesada em certos momentos.

— Vim em má hora? — pergunto, olhando de relance para Dimitrius e depois para minha madrinha.

— Pelo contrário, piccola  — diz Tatia, colocando um braço ao redor da minha cintura, me puxando suavemente para dentro da sala. — Você chegou no momento perfeito.

Roxana assente com a cabeça, os olhos brilhando com um misto de orgulho e expectativa. — Sente-se, querida — ela indica o lugar vazio ao lado de Dimitrius. Caminho até lá e me sento, o estofado macio afundando sob o meu peso.

Tatia se acomoda ao lado de Roxana, e ambas voltam suas atenções para mim, seus olhares afiados como se esperassem que eu revelasse algum segredo.

— Resolveu aquele assunto? — pergunta Roxana, mantendo os olhos fixos nos meus, como se quisesse desvendar algo que eu ainda não disse.

— Sim — respondo de forma direta, sem entrar em detalhes, enquanto desvio o olhar, sentindo a tensão aumentar.

— Ótimo — ela diz, seu sorriso se alargando, satisfeito. — Então estamos prontas para partir? — Faço que sim com a cabeça, e vejo o brilho de determinação acender em seus olhos.

Eram cerca de cinco da manhã quando enviei uma mensagem para papai. Disse que estava saindo de férias, que precisava de um tempo sozinha para clarear a mente. Pedi que não me procurasse, alegando que iria para um retiro espiritual. A mensagem era cuidadosamente calculada, mas eu sabia que Samuel Genovese não respeitaria esse pedido. Ele não se importava com privacidade e, com certeza, faria de tudo para me encontrar. Por isso, antes de embarcar no jato, joguei meu celular em um beco qualquer, tentando ganhar algum tempo.

— Está segura disso? — indaga Dimitrius, sua voz carregada de uma preocupação genuína que raramente se ouvia. — Não precisa fazer isso se não tiver certeza. — Ele sempre foi assim comigo, diferente do homem duro e implacável que o mundo via. Comigo, ele era quase... gentil.

— Tenho certeza — afirmo, com convicção. — Ouvi a conversa do Salvatore com o papai. Sei o lugar e a hora exata. Tenho até o nome do fornecedor.

Ele assente, mas ainda mantém aquele olhar cuidadoso sobre mim. — Não duvido de você, querida, mas entenda... é uma operação de risco. Pode ser perigoso, muito perigoso. — Ele faz uma pausa, escolhendo bem as palavras. — Eu me importo com você, mais do que imagina. Não quero que nada aconteça com você.

— Tudo na vida tem risco, não é? — Dou de ombros, fingindo uma indiferença que não sinto, enquanto meus olhos se fixam na tela do notebook à minha frente.

— Tudo bem — ele cede, suspirando. — Mas estarei com você, não vou deixá-la sozinha nisso, entendeu?

— Entendido — murmuro, sem vontade de prolongar o assunto.

Hera venenosa, spin-off de Paixão proibida Onde histórias criam vida. Descubra agora