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Julia's point of view

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Julia's point of view

O ginásio estava em silêncio, exceto pelo som dos nossos movimentos, o atrito das sapatilhas contra o chão. Eu estava distante, mal conseguindo me concentrar nas minhas séries, e as meninas logo notaram que algo estava errado. O olhar preocupado de Flávia e Jade fez com que me afastasse da trava e caminhássemos até minha bolsa, como se eu pudesse encontrar respostas ali.

— Julia, o que está acontecendo? — Flávia perguntou, a voz suave, mas cheia de preocupação.

— Não é nada — eu disse, tentando esconder o nervosismo enquanto pegava minha bolsa. Eu queria afastar a conversa, sair dali, mas elas não me deixaram ir.

— Não adianta mentir, Julia. Você está claramente perturbada — Jade insistiu, caminhando até mim com um olhar firme.

Senti uma onda de frustração. Eles estavam me forçando a enfrentar algo que eu ainda não estava pronta para encarar. Finalmente, com um suspiro derrotado, comecei a falar, minhas palavras saindo em um turbilhão de confusão e raiva.

— Sempre fui da igreja, e a minha religião condena o homossexualismo — eu disse, tentando manter a calma, mas o ódio escorria nas minhas palavras. — Eu... eu cometi um pecado. Eu me odeio por ter beijado outra mulher. Sinto nojo de mim mesma. A mídia... se eles soubessem, iriam cair matando em cima de mim. É tudo errado, é repulsivo!

Minhas amigas estavam atônitas. Eu podia ver a confusão e a preocupação em seus rostos. Rebeca foi a primeira a reagir, seu tom era de compreensão e empatia.

— Julia, calma. Eu também cresci na igreja e sei como essas coisas podem ser difíceis de lidar — ela disse, dando um passo na minha direção. — Mas nunca foi e nunca será errado ser quem você é. Deus nos aceita como somos. Ele nos ama do jeito que somos, não importa o que a sociedade diga.

Eu ri, uma risada amarga.

— Você não entende, Rebeca. Eles falam que é um pecado, que é imoral. Eu estou me sentindo envergonhada e... enojada. É como se eu tivesse feito algo imperdoável. Eu sinto repulsa por mim mesma!

Jade se aproximou, tentando oferecer uma perspectiva mais moderna.

— Ju, olha ao seu redor — ela falou com calma. — Muitos casais gays têm até fã-clubes nas redes sociais. A sociedade está mudando, e o que você está passando é mais comum do que imagina. Hoje em dia, a aceitação está crescendo, e ser quem você é não deveria ser motivo de vergonha.

Eu balancei a cabeça, ainda lutando contra a sensação de que estava completamente errada. Flávia e Lorrane estavam observando atentamente, e eu sabia que elas queriam entender mais sobre o que tinha acontecido entre eu e Luiza.

— Então, o que realmente aconteceu entre você e a Luiza? — Flávia perguntou, sua curiosidade evidente. — Rolou alguma coisa além do beijo?

Eu me senti corar instantaneamente, o calor subindo pelo meu rosto.

— A gente se beijou — admiti, com um tom constrangido. — Mas eu ainda sou virgem.

Lorrane levantou uma sobrancelha, surpresa.

— Com 19 anos? Isso é um pouco raro, Julia.

— Eu sei, eu sei — respondi, a vergonha estampada no rosto. — E não, não rolou sexo. Eu estava bêbada e confusa. Não sei se gostei realmente do beijo. Foi tudo tão rápido, e eu não estava em mim mesma.

As meninas trocaram olhares de surpresa, a reação delas misturando choque e empatia.

— E quanto ao beijo, você gostou? — Flávia perguntou, com uma curiosidade sincera.

Eu fechei os olhos, tentando lembrar o beijo com clareza. A sensação de calor e intensidade era inconfundível, mas estava misturada com a confusão da noite.

— Eu... não sei — falei, com dificuldade. — Foi intenso, mas eu estava tão desorientada. Não sei se é algo que eu gostaria de continuar ou se foi apenas uma consequência do estado em que eu estava na noite passada.

Eu via as expressões de compreensão e preocupação em seus rostos, e isso me dava um pouco de alívio. A luta interna que eu enfrentava era imensa, e as palavras de apoio das minhas amigas me ajudavam a enfrentar meus sentimentos. O confronto com elas foi um passo crucial para lidar com o que eu sentia, mas a jornada para aceitar a mim mesma ainda estava apenas começando.

 O confronto com elas foi um passo crucial para lidar com o que eu sentia, mas a jornada para aceitar a mim mesma ainda estava apenas começando

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𝙴𝚗𝚝𝚛𝚎 𝙱𝚊𝚛𝚛𝚊𝚜 𝚎 𝚋𝚊𝚛𝚎𝚜 | Júlia Soares.Onde histórias criam vida. Descubra agora