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Era madrugada quando Julia abriu os olhos

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Era madrugada quando Julia abriu os olhos. A luz do sol ainda não tinha rompido pela janela, e a escuridão no quarto oferecia um breve alívio para o turbilhão de pensamentos em sua mente. Sentindo o corpo dolorido, ela virou-se para o lado, onde Luiza ainda dormia tranquilamente, o braço estendido sobre a cintura de Julia. Um arrepio percorreu sua pele ao lembrar da noite passada.

Haviam experimentado algo novo. Algo intenso. Julia, com sua curiosidade crescente e o desejo de explorar mais ao lado de Luiza, havia sugerido usar alguns brinquedos que nunca haviam experimentado antes. Luiza, um pouco relutante no início, logo se entregou à ideia. O resultado? Marcas pelo corpo, especialmente nos braços e no pescoço de Julia, e uma nova sensação de prazer misturada com dor que ainda ecoava pelo seu corpo.

Ela se levantou silenciosamente, tentando não acordar Luiza, e foi até o espelho do banheiro. Ali, sob a luz suave do amanhecer, pôde ver as marcas claras: os hematomas nos pulsos, os dedos que ainda estavam impressos ao redor de seu pescoço. Seu reflexo a encarava, e Julia não conseguiu conter um suspiro.

"Elas vão perceber...", pensou, pensando nas amigas que logo encontraria no treino.

Chegando ao ginásio para o treino, Julia estava visivelmente incomodada. A noite anterior, somada ao conflito não resolvido com as meninas durante a festa do pijama, deixava uma nuvem de raiva e frustração sobre ela. Ela evitou contato visual, focando apenas em seus movimentos de aquecimento.

No entanto, tudo desmoronou quando ela tirou a camisa para alongar os músculos dos braços. O ar no ginásio parecia ter parado quando Jade, sempre a mais observadora, viu os hematomas.

— Julia... o que é isso? — a voz de Jade soou com um tom preocupado e incrédulo.

Julia tentou ignorar, mas agora todas as meninas estavam olhando. Rebeca se aproximou, os olhos fixos nas marcas no pescoço da amiga.

— Julia, isso é sério. O que aconteceu? — Rebeca insistiu, tentando tocar o braço de Julia, mas ela se afastou rapidamente.

— Não é nada — Julia respondeu, sua voz fria enquanto ela se alongava.

Flávia, que estava ao lado, trocou olhares com as outras meninas antes de falar com cautela: — Jú, essas marcas... Isso não parece normal. Se alguém tá te machucando, você pode nos contar.

— Ninguém tá me machucando! — Julia explodiu, parando o que estava fazendo e virando-se bruscamente para as amigas. — Vocês não sabem de nada, tá? Não é o que vocês estão pensando!

As meninas ficaram em silêncio, mas a tensão no ar era palpável. Julia sentiu o olhar de cada uma delas, e a frustração que estava segurando há dias começou a transbordar.

— A gente só quer entender, Ju — disse Lorrane, com cuidado. — Isso parece sério, parece que... — ela hesitou. — Parece que você tá num relacionamento abusivo.

As palavras "relacionamento abusivo" foram o estopim. Julia sentiu o sangue ferver e, antes que pudesse se conter, as palavras jorraram de sua boca.

— Relacionamento abusivo? — ela riu, mas havia um amargor evidente. — Vocês acham que eu tô sendo abusada? Acham que alguém tá me forçando a alguma coisa? — Ela olhou para todas, sua respiração ofegante, os olhos marejados. — Isso aqui — ela apontou para os hematomas. — Isso é porque eu gosto de sexo, e gosto de sexo bruto, violento... mas consensual!

O choque foi visível no rosto de todas. Ninguém esperava essa resposta. Rebeca, Flávia, Jade e Lorrane se entreolharam, sem saber como reagir àquela confissão repentina. Julia, sempre a mais quieta e reservada, de repente revelava uma parte de si que nenhuma delas conhecia.

— Ju... — começou Jade, tentando formular as palavras certas, mas Julia continuou, a voz agora embargada pelas lágrimas que começavam a cair.

— Eu tenho 19 anos, eu sei o que eu tô fazendo! — ela gritou, a raiva e o medo transbordando. — Eu... eu tô namorando uma mulher mais velha, tá? E eu... eu tinha medo de falar pra vocês!

As meninas se entreolharam novamente, processando as palavras de Julia. Era muito para absorver, especialmente o fato de que ela estava envolvida com alguém mais velho e que havia mantido isso em segredo por medo de julgamento.

Rebeca, sempre a mais protetora, foi a primeira a se aproximar de Julia, sua expressão suave e acolhedora.

— Julia... — ela começou, sua voz calma e firme. — A gente já te falou antes, desde quando você nos contou que beijou a Luiza. Não importa com quem você está, a gente te aceita. Sempre aceitou.

Julia, ainda chorando, não conseguia encarar as amigas. Ela limpou as lágrimas com a palma das mãos, mas o peso da confissão ainda estava ali, sufocando-a.

Foi então que Flávia, juntando as peças, olhou para as outras e disse: — Espera... é com a Luiza que você tá ficando, não é?

Julia hesitou, mas finalmente confirmou com um aceno. As meninas trocaram olhares de surpresa, mas não de julgamento. Era como se tudo fizesse sentido agora.

— Por que você não nos contou antes? — perguntou Lorrane, sua voz carregada de preocupação.

— Porque... — Julia começou, a voz fraca. — Porque eu sabia que vocês iam reagir assim. Eu sabia que iam querer me proteger, pensar que algo estava errado...

Rebeca, sem hesitar, envolveu Julia em um abraço apertado. — Tá tudo bem, Ju. Você pode confiar na gente.

Logo, as outras meninas se juntaram, criando um círculo ao redor de Julia, oferecendo o conforto e apoio que ela tanto precisava.

— A gente só quer o seu bem, Jú — disse Flávia, com um sorriso gentil. — E se você tá feliz com a Luiza, é isso que importa.

O clima começou a se acalmar, e as meninas, percebendo o peso que Julia carregava, começaram a brincar para aliviar a tensão.

— Mas, sério... nossa pequena e inocente Julia gosta de sexo bruto? — Jade comentou com um sorriso provocador.

— Acho que nossa menina não é mais tão inocente assim! — Flávia acrescentou, piscando para Julia, que, apesar das lágrimas, deu um sorriso tímido.

— E quem diria que você gosta dessas coisas, hein? — Lorrane brincou, rindo. — A virgem que gosta de uma pegada mais forte!

Julia riu entre lágrimas, sentindo o alívio de finalmente ter compartilhado sua verdade. As meninas riram junto, mas o carinho e a compreensão estavam claros em cada gesto, mostrando que, apesar das dificuldades, a amizade delas era inabalável.

 As meninas riram junto, mas o carinho e a compreensão estavam claros em cada gesto, mostrando que, apesar das dificuldades, a amizade delas era inabalável

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𝙴𝚗𝚝𝚛𝚎 𝙱𝚊𝚛𝚛𝚊𝚜 𝚎 𝚋𝚊𝚛𝚎𝚜 | Júlia Soares.Onde histórias criam vida. Descubra agora