plano perfeito..

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O dia estava abafado, em uma daquelas tardes de verão em Chicago onde o ar parecia pesar no peito. Michael Scofield estava sentado em sua mesa, cercado por papéis e projetos, mas sua mente estava longe dali. Ele não ouvia mais os sons da cidade que passavam pelas grandes janelas do escritório. A única coisa que ele conseguia ouvir era a contagem regressiva em sua cabeça — o tempo que restava até que seu irmão, Lincoln Burrows, fosse executado na cadeira elétrica.

O brilho frio da tela da televisão ao fundo anunciava a última atualização do caso de Lincoln. Uma imagem dele, algemado, cabeça baixa, passou rapidamente. As palavras "execução programada" apareceram logo depois. O corpo de Michael ficou tenso. Era real. Estava acontecendo. A justiça havia falhado.

Michael sabia que Lincoln era inocente. Cada fibra de seu ser gritava essa verdade, mas o sistema, corrompido e implacável, não se importava com a verdade. As evidências contra Lincoln tinham sido plantadas, e ele não tinha tempo para provar o contrário. Michael sentia a impotência corroendo seu interior, como ácido. A vida de seu irmão estava se esvaindo diante de seus olhos, e ele não podia esperar mais.

Foi nesse momento, enquanto encarava as plantas da prisão de Fox River sobre sua mesa, que Elena Hayes, sua namorada, entrou no escritório. O silêncio pairava no ar, tenso, quase palpável. Ela sabia o quanto Lincoln significava para Michael. Lincoln sempre fora uma espécie de irmão mais velho para ela também, alguém que a acolheu como parte da família quando ela e Michael começaram a namorar há exatamente 4 anos atrás.

Elena se aproximou lentamente, como se tivesse medo de quebrar a bolha que envolvia Michael.  "Você não pode continuar assim, Michael. Precisamos encontrar uma saída... de outro jeito".

Os olhos de Michael, que estavam fixos nas plantas da prisão, finalmente se ergueram para encontrar os dela. Sua mandíbula estava tensa, os olhos refletiam a luta interna entre o desespero e a frieza que ele tentava manter.
"Eu já encontrei a saída," ele disse, com a voz baixa, quase inaudível, como se estivesse compartilhando um segredo perigoso. "Eu vou tirá-lo de lá, Lena."

O coração de Elena bateu mais rápido ao ouvir isso. Ela se sentou na cadeira ao lado, sentindo que algo muito maior estava para acontecer. "Como você... como planeja fazer isso?" Ela mal conseguia processar a ideia. Michael era brilhante, meticuloso, mas isso parecia impossível. Fox River era uma prisão de segurança máxima.

Michael não disse nada por alguns segundos. Ele estendeu a mão e puxou os papéis da mesa, revelando o que parecia ser um mapa intrincado de Fox River. Não era um mapa qualquer. Era uma planta detalhada de cada corredor, de cada tubo de ventilação, de cada ponto cego de câmeras. Mas o que a deixou mais surpresa foi quando ele começou a tirar a camisa, revelando algo ainda mais extraordinário. No corpo dele, as linhas de tinta formavam um padrão intrincado, uma obra de arte disfarçada — o mapa da prisão.

"Meu corpo é o plano," Michael murmurou. "Tatuei o layout da prisão aqui. As rotas de fuga, os segredos escondidos nos símbolos... tudo que precisamos está aqui."

Elena ficou boquiaberta, uma mistura de admiração e choque preenchendo seus pensamentos. "Você... fez isso com seu corpo?" Ela tocou a pele dele suavemente, os dedos traçando as linhas de tinta, entendendo a profundidade da decisão de Michael. Ele estava disposto a se sacrificar de corpo e alma para salvar o irmão.

"Eu não tenho escolha. Ele vai morrer, Lena," Michael sussurrou, sua voz se quebrando ligeiramente. "Não posso deixá-lo morrer por algo que não fez. Eles o pegaram, montaram toda essa farsa, e agora vão matá-lo. O único jeito de salvá-lo é de dentro. Eu preciso ser preso."

Elena sentiu o peso dessas palavras. Michael já tinha se decidido. Ele não estava apenas considerando; ele estava indo para a prisão. E a dor que ela viu nos olhos dele a fez perceber o quanto isso significava. Havia mais do que justiça envolvida — era sobre laços de sangue, amor e um senso profundo de dever.

Ela respirou fundo. Seu coração acelerava com a ideia de perder Michael, mas também sabia que não havia como dissuadi-lo. "Então, se você vai fazer isso... eu vou com você."

Michael a olhou, surpreso. "Lena, eu não posso pedir que faça isso. Eu não quero te colocar em perigo."

"Você não precisa pedir," ela disse com firmeza, segurando a mão dele. "Lincoln é importante para mim também. Se há uma chance de salvar ele, eu não vou ficar de fora. Você não vai fazer isso sozinho." Ela sabia que Fox River não era apenas uma prisão; era uma armadilha. E Michael precisaria de toda a ajuda que pudesse ter.

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Dias depois.

O banco estava calmo, o sol refletia nas janelas de vidro enquanto Michael e Elena entravam juntos. A atmosfera tranquila contrastava com o caos prestes a se desenrolar. Eles não estavam lá para roubar dinheiro, mas sim para garantir que fossem presos. Esse era o plano. E ambos sabiam que, uma vez dentro de Fox River, não haveria volta.

Ao se aproximar do caixa, Michael entregou um bilhete que dizia: "Isso é um assalto." Os olhos da caixa se arregalaram de medo, mas Michael e Elena permaneceram tranquilos. Eles não queriam roubar dinheiro — só queriam ser presos. A polícia foi chamada rapidamente, e logo os dois estavam sendo detidos.

Durante o julgamento, Michael e Elena não ofereceram defesa. Michael, engenheiro civil respeitado, alegou que estava desesperado. A mesma história foi contada por Elena, uma arquiteta de grande talento. Seus rostos calmos e controlados intrigaram o juiz, mas, sem resistência, eles foram condenados a 5 anos de prisão em Fox River — exatamente como planejado.

Na corte, o julgamento foi rápido. Michael e Elena foram condenados assalto à mão armada. Michael mal reagiu à sentença, e Elena manteve seu olhar fixo no chão, lutando contra o medo que crescia em seu peito.

Quando o furgão os levou para a prisão, a realidade de sua situação começou a pesar. Michael olhava pela janela, vendo os portões altos e as paredes de concreto que se aproximavam. Fox River parecia uma fortaleza impenetrável. Ao seu lado, Elena segurava a mão dele com força, os dedos entrelaçados, sentindo o suor frio em sua palma.

"Estamos prontos para isso?" ela perguntou, a voz saindo mais frágil do que pretendia.

Michael apertou sua mão de volta, sem desviar o olhar das torres de vigilância. "Não temos escolha."

O furgão parou. Os portões se abriram com um rangido metálico, e o futuro incerto que aguardava os dois estava logo à frente. Cada passo dado em direção à entrada da prisão era uma batida a menos no relógio que marcava o destino de Lincoln.

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Continua...

PRISON BREAK|•EM BUSCA DA VERDADE L.LOnde histórias criam vida. Descubra agora