PRISON BREAK|•EM BUSCA DA VERDADE L.L

Fracasso

Michael estava deitado, tentando ao máximo se manter imóvel enquanto a dor latejava em suas costas. O calor da queimadura ainda pulsava em sua pele, e ele sabia que aquilo complicaria tudo. Mas, no silêncio da cela, enquanto Elena cuidava dele, sua mente começou a vagar, levando-o de volta a um momento específico, um detalhe que ele jamais poderia esquecer.

Flashback - Ala Psiquiátrica

Era um lugar que exalava inquietação, com paredes cinzentas e olhares vazios por toda parte. O som dos gritos e das conversas sem sentido ecoava pelos corredores. Naquele dia, ele estava de volta à ala psiquiátrica, caminhando em direção a uma das celas. Ele precisava falar com Haywire.

Haywire, o prisioneiro que Michael sabia ser tanto uma ameaça quanto um recurso essencial, estava sentado no chão, rabiscando freneticamente com um pedaço de giz de cera. Sua mente fragmentada parecia operando em uma frequência completamente diferente, mas havia algo naquele homem que Michael não podia ignorar: sua obsessão por padrões e detalhes.

"Haywire," Michael chamou, aproximando-se com cautela.

Os olhos de Haywire se levantaram lentamente, a expressão selvagem, mas sua atenção logo se voltou para as tatuagens de Michael, que sempre despertavam sua fascinação.

"Você," Haywire murmurou, com um sorriso maníaco surgindo em seu rosto. "Seus padrões... eu nunca consigo parar de pensar neles."

Michael engoliu em seco. Ele sabia que precisava da ajuda de Haywire, mesmo que confiar nele fosse um risco. "Eu preciso que você desenhe isso pra mim," disse Michael, levantando a camisa e expondo a parte das costas onde a tatuagem do túnel estava. "Você consegue?"

Haywire ficou em silêncio por alguns segundos, como se estivesse absorvendo cada linha e curva. Seus dedos tremiam de antecipação, e ele murmurava para si mesmo, uma mistura de matemática e devaneios sobre padrões impossíveis.

"Eu consigo desenhar," ele respondeu, sem tirar os olhos das costas de Michael. "Mas... por quê? Por que eu desenharia algo tão perfeito... para você?"

Michael sabia que precisava ser convincente. "Porque você consegue ver o que ninguém mais vê. Preciso da sua ajuda. Você pode recriar isso melhor do que qualquer outra pessoa."

Haywire sorriu novamente, dessa vez um pouco mais controlado, mas ainda com um brilho perigoso nos olhos. "Eu posso desenhar, sim. Mas não é só um desenho... é mais do que isso. Muito mais."

Michael estendeu a folha de papel que tinha em mãos, esperando que Haywire aceitasse. E, para sua surpresa, ele o fez. Com uma precisão assustadora, Haywire começou a desenhar, os dedos segurando o giz de cera com a intensidade de um artista obcecado.

A cada traço que ele fazia, Michael observava com atenção. Haywire estava recriando a tatuagem, incluindo os detalhes essenciais do túnel, os caminhos escondidos, tudo o que ele precisaria para a fuga. Michael sabia que aquele era o plano de saída, e precisava dele intacto.

"Isso... isso não é só um desenho," Haywire repetiu, como se estivesse em um transe. "É um mapa para algo mais. Algo que só nós dois podemos entender."

Fim do Flashback

De volta ao presente, Michael abriu os olhos, sentindo o peso daquela lembrança. Ele sabia que Haywire tinha desenhado a tatuagem com uma precisão assustadora, mas agora, parte dela estava destruída pela queimadura. O pensamento de perder uma peça tão vital do quebra-cabeça o assombrava.

"Haywire," ele murmurou, as palavras escapando de seus lábios sem que ele percebesse. Elena, que estava sentada ao seu lado, o olhou com uma mistura de curiosidade e preocupação.