Deidade

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"Eu lhe ofereço meu corpo e minha alma em devoção, bela divindade
Eu lhe ofereço meu corpo e minha alma em devoção, bela divindade
Eu lhe ofereço meu corpo e minha alma em devoção, bela divindade".

Ouvia-se incontáveis vozes recitando uma espécie de mantra em adoração à figura em evidência no centro do grande salão.

- O que significa isso? - a garota ainda em choque perguntou.

- São os adoradores do deus da beleza divina - respondeu calmamente - Seja bem-vinda ao Culto do Paraíso Eterno.

A garota disse ainda supresa.
- Espere... mas eles são... Humanos!! - após conviver tanto tempo em meio a demônios no castelo infinito ela havia adquirido a percepção de distinguir um demônio de um ser humano.

- Exatamente senhora...

- Mas por quê? Como é possível?! Eles não sabem que aquele homem é um demônio perigoso?! - olhava estatelada para todas as pessoas de joelhos dobrados no chão reverenciando dedicadamente o superior dois.

- Isso é o mais incrível... eles sabem!

Ela arregalou os olhos sem conseguir falar nada dada a informação.

- Vamos chegar mais perto - a serva segurou a mão da nova hóspede e a levou para mais próximo da adoração, mas ainda mantendo uma distância segura, então soltou a mão dela.

- Não posso acreditar... - sussurrou.

- Todos eles amam o mestre Douma - falava enquanto sorria orgulhosa de seu senhor - esses humanos vem aqui especialmente para venerá-lo, eles são seus fiéis seguidores.

- Inacreditável... eles deveriam temê-lo, porém o adoram!

- Entendo sua incredulidade, afinal é algo único.

- É mais do que isso, é loucura...

- Por favor, cuidado senhora, pode chamar atenção desnecessária, humanos podem ser cruéis - a serva observa em volta checando se ninguém ouviu o comentário, temendo uma revolta.

A garota humana suspirou compreendendo a situação.
- De fato, humanos podem ser... enfim, o fanatismo pode ser extremamente cruel... - falou mais baixo.

- Exato... mas lhe asseguro que eles acreditam verdadeiramente na divindade do mestre Douma.

- Mas por que?! Não consigo entender.

- Tem sido assim a séculos, desde antes dele se tornar um demônio. Inicialmente o cultuavam pela beleza de seus olhos peculiares, também acreditavam que ele ouvia a voz de Deus, que ele era o escolhido. E quando se tornou um oni, suas habilidades, sua força, poder, beleza, tornaram-se excepcionas, tudo que ele era e fazia na visão dos humanos não podia ser deste mundo, logo eles associaram todos aqueles "dons"  a uma confirmação de que mestre Douma era de fato uma entidade divina, "só um deus seria capaz de fazer tais feitos". Ele era o mais forte e isso foi motivo o bastante para ser venerado através dos anos.

Enquanto a serva explicava a garota ouvia dividindo a atenção entre a voz da outra, a visão a sua frente e o próprios pensamentos, toda aquela devoção a fazia se perguntar como aquelas pessoas podiam ser tão cegas.

Muzan - UltraviolênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora